SAÚDE | Conquista ocupa segundo lugar na doação de múltiplos órgãos;

No mês em que o Brasil comemora o Dia Nacional da Doação de Órgãos e relembra a importância do Setembro Verde — mês de incentivo à doação de órgãos —, a população baiana tem mostrado que não foge à luta, principalmente quando a batalha resulta em salvar vidas.

Dados do Sistema Estadual de Transplantes, da Secretaria da Saúde da Bahia (Sesab), mostram que o número de doadores de múltiplos órgãos aumentou mais de 58% no período de julho a agosto de 2023, saltando de 12 para 19 doadores.

Nos oito primeiros meses do ano, a Bahia totalizou 106 doadores de múltiplos órgãos. De acordo com o ranking de hospitais com maior número de doadores em agosto, o Hospital Geral Clériston Andrade (Feira de Santana) ocupa o topo, com seis doadores, seguido do Hospital Geral de Vitória da Conquista, com três doadores e do Hospital Geral do Estado (Salvador), com dois doadores

“Tivemos um aumento expressivo de doadores e temos uma tendência de crescimento nesse mês de setembro, que é o mês que intensificamos a campanha de conscientização da população sobre a importância da doação de órgãos. Nos primeiros oito meses de 2023, registramos uma redução da negativa familiar para cerca de 60%. A taxa ainda é alta, mas, quando comparada aos cerca de 70% de 2022, é uma diminuição considerável”, analisa o médico e coordenador do Sistema Estadual de Transplantes, Eraldo Moura.

E as boas notícias não param por aí, já que, nas próximas semanas, a Bahia vai retomar a realização do transplante de coração após quase dois anos de suspensão do serviço. A interrupção foi feita para que uma reestruturação do sistema pudesse ser realizada, e acabou sendo impactada pela pandemia da Covid-19. Atualmente, a Bahia realiza quatro tipos de procedimentos: os transplantes de córnea, rim, fígado e medula.

Secretária da Saúde do Estado, Roberta Santana destaca que, em breve, as cirurgias serão retomadas no Hospital Ana Nery (HAN), em Salvador. “O ambulatório pré e pós-transplante cardíaco nós já vínhamos fazendo no HAN e, agora, retomaremos o transplante cardíaco em Salvador e estamos trabalhando para ampliar para o interior. Estamos no processo de avaliação dos pacientes para a elaboração da chamada lista. Os pacientes estão sendo examinados por uma junta médica e, após essa etapa, eles entram na lista para aguardarem a realização do transplante. Já estamos bem adiantados e, nas próximas semanas, o transplante de coração voltará a ser feito na Bahia, levando saúde de excelência para quem mais precisa através do Sistema Único de Saúde”, comemora.

Ana Nery se prepara para retomada

Coordenador do Programa de Insuficiência Cardíaca Avançada do Hospital Ana Nery e diretor da unidade, Luiz Carlos Santana destaca que o HAN já está com tudo pronto para retomada do serviço. “A equipe médica está pronta e qualificada. É natural que a unidade precise reforçar essa equipe com mais profissionais, mas isso será feito gradualmente”, completa.

Hoje, 15 pacientes que estão sendo acompanhados pelo Ambulatório de Insuficiência Cardíaca do Ana Nery e podem ter indicação para transplante cardíaco.

Atualmente, a Bahia conta com uma rede com 23 centros transplantadores, sendo que sete oferecem atendimento pelo SUS. Desses, três são unidades públicas: o Hospital Geral Roberto Santos, o HAN e o Hospital Universitário Professor Edgard Santos. Além deles, integram a rede os hospitais filantrópicos Martagão Gesteira, em Salvador, e Dom Pedro de Alcântara, em Feira de Santana, e os privados IBR, de Vitória da Conquista, e Hospital Português, na capital.

Procedimento garantido

Mesmo durante o período em que a Bahia ficou sem realizar o transplante cardíaco, a população continuou sendo assistida e tendo o procedimento assegurado através do Tratamento Fora do Domicílio, o TFD.

“O TFD é realizado não só por transplante, mas para qualquer situação de saúde em que o estado não tem aquele tratamento. Então, quando o estado não dispõe do tratamento, ele encaminha para outra Federação. No caso dos transplantes, para estados como Pernambuco, São Paulo, Ceará e Distrito Federal. Nesse processo de ir para outro estado, o paciente vai sendo integralmente custeado pelo Estado de origem, no caso nosso a Bahia”, explica o coordenador do Sistema.

Mais de R$ 9,2 milhões em investimentos

Foram investidos, nos últimos anos, mais de R$ 9,2 milhões em campanhas de sensibilização da sociedade, cursos e treinamentos para a preparação de profissionais de saúde, além de incentivo financeiro para instituições filantrópicas e privadas que realizam transplantes no Estado.

“Estamos adotando diversas estratégias para alavancar o número de transplantes e doações de órgãos na Bahia e isso tem surtido resultado. Apostamos na informação como peça chave. É preciso conscientizar a população sobre a importância da doação de órgãos, sobre a chance de salvar vidas que temos em nossas mãos. O Brasil possui o maior sistema público de transplantes de órgãos do mundo. Somente de janeiro a junho de 2023 foram mais de 1,9 mil doadores efetivados, sendo um sistema reconhecido por ser eficiente, justo e igualitário. E a Bahia trabalha para seguir o mesmo caminho”, pondera a secretária Roberta Santana.

Ranking de hospitais com maior número de doadores em agosto:

Hospital Geral Clériston Andrade (Feira de Santana) – 06 doadores

Hospital Geral de Vitória da Conquista – 03 doadores

Hospital Geral do Estado (Salvador) – 02 doadores

Total de Doadores = 19


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