DOR | Pais de mulher morta por coronavírus assistiram enterro a 20 metros de distância

O casal de
aposentados Ataliba
e Nair fez questão de
acompanhar o
sepultamento do
corpo da lha
caçula, a técnica de
enfermagem e de
laboratório Adelita
Ribeiro, na tarde
deste sábado (4), em
Goianápolis, a 32
quilômetros de
Goiânia.

Não houve despedidas. Tudo foi assustadoramente rápido em razão das circunstâncias. Por estarem no grupo de risco para o Covid-19, os pais assistiram a ação dos coveiros a 20 metros de distância em absoluto silêncio tomados por uma tristeza profunda.

Adelita nasceu em Itapaci (GO), onde os
pais ainda vivem, mas se mudou jovem
para Goiânia para dar continuidade aos
estudos. Fez o curso de Técnica em
Enfermagem e trabalhava nas redes
privada e pública.

O único irmão, mais
velho do que ela, vive em Portugal e
não pode estar ao lado dos pais neste
momento. Ataliba e Nair, logo após o
sepultamento, voltaram para Goiânia
para cumprir o período de isolamento
na casa onde a lha morava sozinha, no
Setor Universitário.

De acordo com a prima de Adelita,
Maria Claudia Miranda Silva, a pessoa
que teve de tomar todas as
providências para o sepultamento, o
enterro ocorreu em Goianápolis porque
lá reside uma familiar que já possui
jazigo no cemitério local.

Em razão da
urgência, a família achou mais viável
levar o corpo da jovem para a cidade da
região metropolitana de Goiânia.
A técnica de enfermagem trabalhou
pela última vez na unidade do
Hemolabor, no Hospital do Coração, no
Setor Oeste no dia 27 de março, sexta-feira.

Seu turno, conforme a rede de saúde, era de 12 por 36, mas ela não teve condições de reassumir a função no turno seguinte por não estar se sentindo bem. Na segunda-feira, 30, ela chegou a ir ao trabalho, mas teve uma queda de pressão e foi internada no próprio hospital, onde acabou
morrendo neste sábado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Colegas contaminados 

Conforme o Hemolabor, logo que tomou
conhecimento da possibilidade de que
a funcionária tinha contraído o
coronavírus todo o grupo que trabalhou
com Adelita foi afastado. Os cinco
colegas da técnica de enfermagem
foram submetidos ao teste para o
Covid-19 e em três deles o resultado foi
positivo. Todos estão isolados e
assintomáticos, sendo acompanhados
pelo Hemolabor.

Adelita também estava assintomática
para o Covid-19. Hoje, como as
autoridades de saúde já definiram pela
contaminação comunitária, é
impossível saber onde e quando ela
contraiu o vírus. O Hemolabor informou
que logo que soube do teste positivo
informou a UPA Novo Mundo, onde
Adelita também trabalhava. A Secretaria
Municipal de Saúde de Goiânia (SMS)
explicou que todos os profissionais da
UPA Novo Mundo estão sendo
acompanhados. “Até o momento
apenas um apresentou sintomas”, informou a assessoria da SMS. | O Popular


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