CONQUISTA | Câmara aprova Moção de Aplauso ao ex-prefeito Guilherme Menezes pela parceria musical com Carlinhos Brown

A vereadora Nildma Ribeiro (PC do B) teve aprovada, por unanimidade, uma Moção de Aplauso ao ex-prefeito de Vitória da Conquista Guilherme Menezes, pela composição da Canção ”ABOTA”, lançada dia 5 deste mês, em parceria com o músico baiano Carlinhos Brown.

A justificativa apresentada pela parlamentar para a Moção de Aplauso ao coautor da composição – que contou inclusive com vereadores da bancada de situação, remete aos episódios após a morte de George Floyd nos Estados Unidos, um jovem negro covardemente sufocado por um policial branco americano.

O fato motivou uma onda de protestos pelo mundo contra o racismo nas ultimas semanas, fazendo surgir a música ” ABOTA ”, composição de Guilherme Menezes, que apesar de ter formação em medicina e da carreira politica sempre foi compositor, em parceria com o renomado músico baiano Carlinhos Brown.

Além de inserir referências ao episódio de Mineápolis, como uma das ultimas palavras de Floyd, Brown compôs um arranjo que confere força suficiente, onde faz a música esquentar o debate sobre o racismo através da arte.

                   

O clipe de lançamento (veja acima) mescla cenas do cantor no estúdio, imagens dos escravos nas senzalas brasileiras e cenas dos protestos recentes nas cidades norte-americanas, em um ritmo que lembra rodas de capoeira.

Além disso, Carlinhos Brown devolve à música baiana um excelente compositor que interrompeu a carreira artística para adentrar na politica. “E para homenagear esse compositor que ressurge com a autoria de lindas canções, em especial, dessa música tão importante e necessária que aponta
para o combate ao racismo que é ” ABOTA ” é que dedicamos esta moção de aplauso”, enfatiza a vereadora.

SAIU NA MÍDIA
Carlinhos Brown lança “A bota”, música com seu novo parceiro”

A canção “A bota”, lançada por Carlinhos Brown, se encaixa tão perfeitamente no infortúnio do afro-americano morto dias atrás por um policial branco. Pode ser interpretada como uma reação criativa inspirada no caso que incendiou os Estados Unidos e provocou reações no mundo inteiro. Mas só os últimos versos foram acrescentados por Brown, depois da morte de George Floyd, à composição do seu novo parceiro. 


Além de inserir referências ao episódio de Minneapolis, como algumas das últimas palavras de Floyd, Brown compôs um arranjo que confere força suficiente para a música esquentar ainda mais o debate sobre racismo pelo caminho da arte. O clipe de lançamento mescla cenas do cantor no estúdio, imagens de escravos em senzalas brasileiras e cenas dos protestos recentes nas cidades norte-americanas, num ritmo sincopado que lembra rodas de capoeira. 


De quebra, Carlinhos Brown devolve à música baiana, um compositor que, numa dessas encruzilhadas da vida, interrompeu a carreira artística para entrar na política. Guilherme Menezes era mais um cabeludo dos anos 1960, rebelde à sua maneira ensimesmada, quando resolveu deixar sua Iguai para tentar a sorte no eixo Rio-Sampa. 


Fez o mesmo caminho de outros baianos daquela época. Andando pelas ruas de São Paulo, observando o vai-e-vem frenético das pessoas no Centro, converteu em música o que bem poderia ser uma crônica de cotidiano sobre as múltiplas personagens que cruzam o conhecido Viaduto do Chá. 


“Viaduto do Chá” é uma das canções reunidas no disco Velhas Histórias, produzido e organizado por um amigo e também músico. Nagib Barroso, amigo de infância e parceiro de Luiz Caldas, foi sequestrado por Guilherme da música para a política. 


Por timidez ou obra do acaso, Guilherme voltou do sul sem ainda alcançar o sucesso de outros compositores da sua geração. Embrenhou-se no interior de Conquista como professor e foi colecionando mais imagens e personagens nas suas vivências. Formou-se médico e só aos 49 anos encarou as urnas pela primeira vez. E na política, assim como na música, conservou uma timidez ensimesmada como marca. “É o jeito dele”, atesta Nagib.


No disco já disponível em todas as plataformas digitais, há outras composições com a mesma verve do compositor-observador de pessoas e lugares, tradutor de raciocínios complexos em versos aparentemente simples. 


Em “Zé Pulú”, interpretada no disco por Xangai, conta a história de um doido que reage violentamente à violência de um coronel, quando essas figuras mandavam e desmandavam no Sertão da Ressaca, região onde está Vitória da Conquista. “Aquilo não é música de prefeito, é composição de compositor de verdade”, comentou Elomar, quando ouviu “Zé Pulú”.


“Velhas histórias” foi produzido quase às escondidas, com a ajuda da esposa Josete Menezes, cúmplice de Nagib no projeto. Secretário de Cultura no último dos quatro mandatos de Guilherme como prefeito da terceira maior cidade baiana, Nagib terminou congelando a própria carreira de cantor e compositor quando foi trabalhar na Prefeitura. 


Apesar da concentração quase absoluta nos quatro mandatos de prefeito e dois de deputado estadual e federal, Guilherme continuou compondo solitariamente e sem divulgar. “O artista quando mostra sua arte, é por vaidade, quando esconde, também”, atiçava Nagib, diante da resistência de Guilherme em dar vazão ao compositor.


Depois de encerrar a carreira política, Guilherme Menezes se reencontra com a música, ao lado de Nagib Barroso, que o aproximou de Carlinhos Brown e Luiz Caldas. Luiz se encantou com a poesia de Menezes, admirador e conhecedor da obra do poeta Manoel de Barros e incluiu “A chave” no seu próximo disco.


Antes disso, no calor de uma semana em que duas mortes de negros, Floyd em Minneapolis e o menino Miguel, no Recife, Brown, com “A bota”, abre esse baú, de onde certamente sairão muitas obras de um compositor de 77 anos que a Bahia ainda não conheceu. | Secom/Gov Bahia

Veja o clip oficial no canal de Brown: https://youtu.be/tXwfEp_RgZ4


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