ARTIGO | Filosofia e política (Padre Carlos)*

Todo político sem causa definida, seja em que campo ideológico se encontre  é um mercenário da política em potencial: usa o poder para enriquecer ou para ficar no poder. A falta no parlamento de um projeto filosófico é tão grave quanto a presença de maus políticos que usam os seus mandatos para fins pessoais.

Maquiavel disse certa vez que: “ Aos amigos os favores, aos inimigos a lei.” É dentro desta dinâmica que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) vem adotando  ao reconhecer assinaturas eletrônicas para formalizar a criação de partidos políticos.

A decisão pode ter impacto na criação do Aliança pelo Brasil, novo partido do presidente Jair Bolsonaro, que pretende agilizar o processo de obtenção de registro do partido por meio de certificados digitais. Se conseguir,  será  a nona legenda pela qual passou ao longo de sua carreira. Política é coisa séria e os homens do poder, deveriam ter um comportamento ético diante da função que exerce além de ser referencia de seriedade com as coisas pública.

Quando foi criada a reforma partidária no final da década de setenta, havia no Brasil um clima filosófico que empolgavam os debates políticos: capitalismo, socialismo, comunismo, liberalismo, desenvolvimentismo, nacionalismo, oferecendo bases filosóficas que justificavam as causas das lutas dos políticos.

Hoje, vivemos em um mundo globalizado, onde essas filosofias perderam força diante das necessidades imediatas das massas e a crise de utopias que polariza a Nação sem deixar espaço para outras vias que não seja maniqueísta e bipolar, deixando outras correntes e vertentes de pensamento, sem bandeiras claras no horizonte filosófico e político.

No vazio filosófico, surgem três propostas que passam a nortear nossas ações, e o nossos comportamento político. A “filosofia do conformismo”, justificando aqueles que assistem sem reação nem alternativa a passividade do povo, sem resposta e reação popular ao aumento dos impostos, a perda de direitos trabalhista e reforma da previdência sob nenhuma manifestação popular, sem pressão das pessoas nas ruas, sem “panelaço” da classe média.

Por esta filosofia, o caminho seguido nos últimos anos seria de passividade e não caberia à política controlar o rumo social.

A “filosofia da resistência” é praticada por aqueles que defendem e lutam contra as propostas neoliberais e a perda de direitos trabalhistas e o fim das políticas sociais, esta luta se dá em torno da defesa da própria existência da classe trabalhadora como agente político.

Esta proposta, só poderá concretizar-se com uma grande unidade, frente de esquerda com programas bem definidos e que seja perene. Essa frente, composta por partidos políticos com identificação de esquerda e democrata e movimentos populares será de fundamental importância para contrapor o projeto de ultra direita em curso no país.

O papel do sindicalismo terá uma importância fundamental, haja vista todos esses retrocessos que estamos vivenciando, e deverão piorar. Será um refúgio aos (as) trabalhadores (as), um grande abrigo em defesa da classe trabalhadora. Portanto, não restará outro instrumento de insurgimento social, exceto a grande unidade de todos os movimentos sociais.

A “filosofia da desconstrução”. Nesta corrente de pensamento, podemos constatar uma estratégia de sucateamento das estatais brasileiras em curso, que tem como objetivo desacreditar essas empresas e entregá-las ao setor privado.

Trata-se de um processo criminoso e fraudulento que, na prática, transfere o patrimônio dos brasileiros ao capital especulativo. 

Além desta política entreguista, dois outros pontos são decisivos neste projeto, o primeiro diz respeito a redução dos direitos trabalhistas e o segundo, está relacionado ao fim dos programas sociais e a implantação de um estado sem grandes políticas que lembrem o Estado de Bem Social da social democracia.

Quando falamos da nossa pobreza de pensamento, estamos falando também da falta de grandes estadistas defendendo suas ideias. Estes homens deixaram seu legado para que outros dessem  continuidade ao projeto que agora não era mais seu e sim um projeto de Nação. 

Assim, presenciamos na história, Getúlio preparando o terreno para Juscelino e seu desenvolvimentismo, descortinando nova fase para aquele país aparentemente condenado a resignar-se como um grande produtor agropecuário.

A política significa, antes de tudo, o fomento e o aumento da vitalidade nacional mediante IDÉIAS, FILOSOFIAS E programas QUE POSSAM CRIAR SONHOS E PROJETOS UTÓPICOS. Este é o grande combustível que moveu e movem as ações humanas. O “sucesso” não é tudo. Mais importante é a atuação do grande líder que permanece com seu exemplo e ideias lembrado para sempre.

SOBRE O AUTOR E O CONTEÚDO POSTADO
* (Padre Carlos Roberto Pereira, de Vitória da Conquista, Bahia, escreve semanalmente para esta coluna)

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