SUDOESTE | Multidão toma as ruas de Guanambi em protesto e pede justiça após morte de mãe e filha

Multidão toma as ruas de Guanambi em protesto contra morte de mãe e filha na cidade — Foto: Camila Ávila/Arquivo Pessoal

Um grupo fez um protesto nesse sábado (18), em Guanambi, no sudoeste da Bahia, para pedir justiça pela morte de Alcione Malheiros, de 42 anos, e da filha dela, Ana Júlia Teixeira, de 16. Mãe e filha foram encontradas mortas em um riacho da cidade. O suspeito do crime está preso.

O ato deste sábado, contou com amigos e familiares da vítima, além de demais moradores de Guanambi. O público fez uma caminhada com cartazes pedindo justiça, com a palavra luto e reforçando a importância do debate sobre o machismo.

O grupo ainda pediu a implantação de uma delegacia especializada de atendimento à mulher. O g1 entrou em contato com a Polícia Civil para saber se há projetos para uma delegacia especializada na cidade e aguarda retorno.

Os manifestantes lotaram as ruas de Guanambi e foram à delegacia da cidade. Na unidade policial, eles colocaram os cartazes que levavam.

Delegado afastado

O ato deste sábado na frente da delegacia foi uma forma de protesto conta o delegado Rhudson Barcelos, que iniciou as investigações das mortes de mãe e filha, mas que deixou o caso após conceder uma entrevista coletiva à imprensa local e afirmar que as roupas das vítimas teriam chamado a atenção do suspeito.

“Pelo que ficou subentendido e a gente apurou até o momento, não houve premeditação. Ele não tinha a intenção de praticar o estupro específico com as vítimas. Foi uma questão de coincidência, quando ele saiu do trabalho, (…) se deparou com as duas, com aquelas roupas de malhação, de caminhada, obviamente chamando atenção. Ele disse que daí começou a ter desejo sexual e as seguiu. Passou por elas, estacionou e ficou esperando”, disse na ocasião.

As falas do delegado repercutiram negativamente nas redes sociais e geraram um protesto feito por mulheres na frente da delegacia na cidade na noite de terça-feira (14).

Rhudson esteve à frente das investigações desde o início do caso, inclusive coordenou a ação que resultou na prisão do suspeito, Marco Aurélio da Silva, de 36 anos. Ele participou das oitivas ao suspeito e a testemunhas. No entanto, deixou o caso após as falas polêmicas.

A Polícia Civil disse que a mudança ocorreu por causa de uma decisão administrativa, “que ocorre sempre que julgado pertinente”.

Ainda segundo a polícia, qualquer inquérito pode passar de um plantonista, caso de Rhudson Barcelos, para o titular. O inquérito do caso passou a ser coordenado pelo titular da Delegacia Territorial de Guanambi, Giancarlo Giovane Soares.

O crime

Mãe e filha foram encontradas com marcas de pedradas. Ele faziam uma caminhada pela região quando foram atacadas.

“As vítimas foram executadas com tijolo, que ele achou dentro da mata”, informou o delegado Rhudson Barcelos.

Mãe e filha foram identificadas como Alcione Malheiros Teixeira Ribeiro, de 42 anos, e Ana Julia Teixeira Fernandes, de 16. A mulher era técnica de enfermagem e trabalhava no Hospital Geral de Guanambi. Ela deixa o marido e um filho de 21 anos. Já a adolescente, era estudante de uma escola estadual.

As vítimas foram achadas mortas no domingo (12) em um riacho, às margens da BR-030, na área rural da cidade, após a Polícia Militar receber uma denúncia de uma motocicleta abandonada na região.

Prisão do suspeito

Marco Aurélio da Silva, de 36 anos, foi preso na segunda-feira (13), após ser identificado como proprietário da motocicleta abandonada na rodovia. Ele estava em um imóvel em construção, acompanhando do filho, um adolescente de 16 anos.

Após cometer o crime, Marco Aurélio teria deixado a moto no local. De acordo com a Polícia Civil, inicialmente, ele negou ser o dono do veículo, porém, em seguida afirmou que seria o responsável, mas que ela teria sido roubada no sábado (11), e que não registrou a ocorrência na delegacia por estar chovendo naquele dia. A polícia afirma que ele tentava criar um álibi.

Diante da inconsistência das afirmações, o homem foi conduzido, juntamente com o filho, até a delegacia. No local, Marco Aurélio negou a autoria do crime, porém, com as evidências de marcas de arranhões causadas, segundo a polícia, pela fuga dele no matagal, e em decorrência das inconsistências na sua defesa, ele confessou o crime e contou detalhes.

O delegado que investiga o caso, Rhudson Barcelos, informou que os corpos passaram por necropsia e alguns detalhes do caso já puderam ser obtidos. “As vítimas foram executadas com um tijolo, que ele achou dentro da mata”, informou.

O delegado informou também que o suspeito teria retirado as roupas das vítimas, mas elas não foram estupradas. Disse ainda que o homem estava sob o efeito de drogas. Marco Aurélio foi autuado em flagrante pelo crime de duplo homicídio.

Segundo o coordenador da 22ª Coordenadoria Regional de Polícia do Interior (Coorpin), delegado Clécio Magalhães, há evidências de que o suspeito tentou violentar as vítimas, mas que não chegou a realizar o ato. Ainda segundo o coordenador, o suspeito teria afirmado que matou mãe e filha por medo de ser denunciado.

A prefeitura de Guanambi emitiu nota de pesar por causa da morte de mãe e filha, além disso manifestou “pesar e consternação pelo lamentável episódio”.


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