SAÚDE | Conquista tem crescimento de vagas em farmácias de manipulação

Nem todos os setores podem se orgulhar de bons números no que diz respeito à solidez de mercado e empregabilidade nos últimos anos, sobretudo pela instabilidade financeira e uma crise sanitária que levou diversos empresários à falência, mas o da farmácia de manipulação vem apresentando saldos positivos desde 2016.

A Bahia é o estado nordestino que mais concentra o número de estabelecimentos na região. Por aqui, estão instaladas 164 das 523 farmácias de manipulação. A maior parte delas estão nas cidades de Salvador (49), Vitória da Conquista (14) e Feira de Santana (12).

De acordo com dados de um levantamento realizado pela Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais (Anfarmag) em parceria com o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), de 2016 a 2021, o setor magistral cresceu 15%, com índices positivos todos os anos.

Durante esse período, foram abertos em todo o Brasil,1.095 estabelecimentos. Uma unidade é capaz de empregar de 10 a 100 funcionários, dependendo do seu porte.

“Muito provavelmente, o que explica esse crescimento, é porque esse tipo de estabelecimento de saúde vem beneficiando a sociedade porque senão, não teria esse número tão sustentável. E o que está por trás disso? Cada vez mais, com os avanços tecnológicos na área da saúde, da medicina e conhecimento, a conclusão é de que cada ser é único e, por isso, precisa ter uma abordagem única, tanto em termo de tratamento, como de manutenção de saúde”, comenta Marco Fiaschetti, farmacêutico e diretor executivo da Anfarmag.

Os maiores crescimentos foram registrados nas regiões Norte e Nordeste. Nesta última, em seis anos, 321 negócios abriram suas portas, o que representa um crescimento de 38,7%. Descontando as baixas, ou seja, o número de lojas fechadas, esse índice ainda é otimista: 29,3%.

“Nos últimos anos, o mercado de saúde, em geral, tem migrado, ou melhor, expandido as suas estruturas para as regiões Norte e Nordeste, isso tem acontecido nas capitais e em algumas cidades do interior. Isso traz, naturalmente, uma necessidade da cadeia de suporte, nas estruturas de atendimento a esse crescimento da área da saúde. Certamente, esses números do mercado magistral também passam por essas mudanças”, diz o presidente regional da Anfarmag, responsável pela Bahia e Sergipe, Rosalvo Lima.

Em 2021, em todo o país, 3.587 profissionais foram admitidos. Esse número foi o maior em seis anos. O que representa um crescimento admissional de 6,1%, comparado ao saldo de 2020. No Nordeste,1.334 postos foram criados. A região fica atrás apenas do Sudeste, que empregou 1.408. Mas se levar em consideração dados dos últimos cinco anos, os estados nordestinos juntos foram os que mais empregaram no país, com 42,2% no total de contratações.

Em 2021, havia cerca de 63 mil pessoas empregadas no setor. Hoje, os estados que mais empregam são São Paulo (35,9%), Minas Gerais (13,2%), Rio de Janeiro (9,4%) e Paraná (6,4%). Nesse ranking, a Bahia aparece em sétimo lugar, representando 3,5% dessa fatia. Mas no quesito crescimento total no número de empregos entre 2016 e 2021, a Bahia está no primeiro lugar. O estado cresceu 56,4% em contratações em cinco anos.

No entanto, lembra Lima, nas regiões Norte e Nordeste, onde o mercado está em crescimento, é mais desafiador manter profissionais talentosos. Isso ocorre porque as farmácias nessas áreas precisam treinar seus próprios profissionais para atender à crescente demanda.

A manipulação de medicamentos, diz o presidente regional, requer uma qualificação especial devido à natureza complexa e altamente especializada do processo. A escassez de profissionais qualificados representa um desafio, uma vez que muitos farmacêuticos competentes são disputados também pelas grandes indústrias na Bahia.

Em 2000, Reijane Alves dos Santos, que trabalhava desde a adolescência como babá, entrou em contato com os recursos humanos de uma farmácia de manipulação após sua prima ser chamada para ocupar uma vaga de agente de higienização e recusar a proposta. “Uma pessoa que trabalhava como agente de higienização iria sair do cargo para ocupar o de técnica de laboratório porque a farmácia estava crescendo. Liguei e disse que estava interessada na vaga”, conta.

A farmácia em questão tinha uma política: treinar os próprios funcionários para ocupar cargos que exigiam maior qualificação. O mesmo aconteceu com Reijane. Seis meses depois de ser chamada para trabalhar na limpeza, ela foi promovida para o cargo de técnica de laboratório.

“Para mim foi um acontecimento inesperado porque nunca me imaginei assim. Nunca pensei em fazer faculdade, porque toda a minha família trabalhava em casas, a minha mãe era empregada doméstica, então, na minha visão, eu deveria seguir os passos dela. Quando entrei aqui encontrei pessoas que me incentivaram a continuar estudando”.


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