Dona Maria é apontada como a maior traficante da Bahia. (Foto: Alberto Maraux/AScom SSP-BA/Divulgação)
Presa no Conjunto Penal de Juazeiro (CPJ), a mulher apontada pela polícia como a maior traficante da Bahia cumprirá pena no regime semiaberto. A defesa deve requerer transferência para cumprimento da pena em Conquista.
Nesse tipo de cumprimento de pena, a pessoa tem o direito de trabalhar e fazer cursos fora da prisão durante o dia, mas deve retornar à unidade penitenciária à noite. A Lei de Execução Penal prevê que o condenado vá para o regime aberto com as mesmas condições: cumprir um sexto da pena e ter bom comportamento.
Jasiane Silva Teixeira, a “Dona Maria”, de 30 anos, está no CPJ desde quarta-feira (2), quando deixou o Centro de Operações Especiais (COE), em Salvador (BA), para onde foi levada após ser capturada, no último dia 25 de setembro, no Interior de São Paulo. A defesa não se manifestou sobre a mudança de domicílio de Jasiane.
Dona Maria foi condenada por participar da morte de um agente penitenciário em Jequié, no sudoeste baiano, um dos locais onde atuava. Ela cumpre a pena no regime semiaberto, que permite que o preso saia da cadeia para trabalhar ou fazer cursos, durante o dia, e retorne à unidade prisional à noite. O advogado de Dona Maria, Valmiro Marinho, não informou se ela vai usar o benefício das saídas. Ela está no módulo feminino do CPJ, onde ficará custodiada em cela individual.
Vida pregressa
Foragida há cerca de quatro anos, Dona Maria comprava cocaína pura na Bolívia, Peru, Venezuela e Colômbia e redistribuía na Bahia e em outros estados, segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA). A informação foi divulgada na última segunda-feira (30), durante coletiva realizada na sede da Polícia Civil (PC) baiana, em Salvador.
Envolvida também com dezenas de homicídios, roubos, corrupção de menores, falsidade ideológica, entre outros delitos, ela atuava junto com o marido Bruno de Jesus Camilo, o ‘Pezão’, desde 2008, quando ambos foram presos por tráfico de drogas, porte ilegal de arma de fogo.
Beneficiada com medida judicial que lhe garantiu liberdade provisória em 2009, Jasiane participou da execução de um agente penitenciário do Presídio de Jequié (extremo Sul da Bahia) a pedido do seu marido. No ano seguinte, Pezão também ganhou liberdade provisória e foi morar na cidade de Santa Cruz Cabrália (também no extremo Sul baiano) com Dona Maria.
De acordo com a SSP-BA, a dupla permaneceu praticando tráfico de drogas e, durante diligências, em 2014, Pezão entrou em confronto com a polícia e acabou morrendo. Jasiane conseguiu fugir de Santa Cruz de Cabrália, assumiu a liderança da quadrilha e, em homenagem ao ex-companheiro, batizou o grupo criminoso de ‘Bonde do Neguinho’. Ela nega tudo.
Baralho do Crime
Procurada pelas equipes da Polícia Civil (PC) de Vitória da Conquista (no Sudoeste baiano, sua cidade-natal), Dona Maria entrou no Baralho do Crime da SSP-BA em 2017. “Fizemos a inclusão, pois ela mudava frequentemente de cidade e Estado. Com a ampla divulgação da ferramenta na mídia, muitas denúncias chegaram, comprovando que ela transitava por São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais“, contou o diretor do Departamento de Polícia do Interior (Depin), delegado Flávio Góis.
Capturada no Interior de São Paulo, Dona Maria namorava um integrante do PCC (facção criminosa de São Paulo) e ordenava as movimentações da quadrilha na Bahia, segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP). No ano passado (20 de outubro), policiais civis de Vitória da Conquista interceptaram um avião que transportava cocaína pura. Segundo a polícia, a aeronave pertencia à traficante e era utilizada em voos internacionais para comércio de entorpecentes.