O Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) de Vitória da Conquista, sob a administração da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma), destaca-se como referência na Bahia. Único entre os três centros do estado atualmente aberto para receber animais, é também um dos poucos mantidos por uma prefeitura no país. Situado na Serra do Periperi, o Cetas já acolheu mais de 70 mil animais, devolvendo mais de 55 mil deles à natureza.

Os animais chegam à unidade por meio de apreensões realizadas por órgãos responsáveis, como a Polícia Rodoviária Federal, Polícia Civil e Polícia Militar, ou através de resgates solicitados pela população ao Corpo de Bombeiros, Guarda Municipal ou Cetas. Há também casos de transferência entre órgãos, como o Inema, e entregas voluntárias.

Grupo Gama da Guarda Municipal

Devido ao estado debilitado em que muitos chegam, apenas a equipe da Semma e pesquisadores têm acesso ao espaço, visando preservar a integridade dos animais. Funcionando como um hospital veterinário especializado em fauna silvestre, o Cetas presta os cuidados necessários, visto que esses animais são mais susceptíveis a doenças.

Após chegarem à unidade com machucados, traumas e estresse, os animais passam por triagem, recebendo cuidados veterinários e alimentação adequada. Os pássaros são encaminhados a um viveiro conhecido como “avoadeira”, onde podem voar e exercitar a musculatura.

“Nosso objetivo é a reintrodução dos animais em seu habitat, por isso, desenvolvemos juntos com a nossa equipe estratégias que envolvem muita pesquisa sobre cada uma das espécies que chegam aqui. Nosso trabalho acontece diariamente, de domingo a domingo. A reabilitação das aves, que chegam o tempo todo, conta com coleta de DNA para identificação do sexo e também com o implante de penas, que é realizado com as penas coletadas de animais que não resistem aos ferimentos”, explicou a médica veterinária Rosana Ladeia.

Dependendo da evolução de seu quadro clínico, os animais são devolvidos à natureza após a equipe da unidade identificar áreas apropriadas para soltura e realizar o transporte adequado, garantindo seu retorno ao habitat natural. Mais de 76% dos animais resgatados são reintegrados dessa forma.

Além da equipe técnica especializada, o Cetas conta com a parceria dos cursos de Biologia da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb), que auxiliam com pesquisas e estágios. O professor doutor do curso de Biologia da Ufba, Ricardo Fraga, avalia que o engajamento dos estudantes nas iniciativas promovidas pelo Cetas, especialmente nos projetos de reintrodução de animais silvestres, desempenha um papel crucial no enriquecimento da formação acadêmica dos futuros biólogos e biólogas.

“A participação ativa nessas atividades de campo e pesquisa proporciona uma experiência prática incomparável, permitindo a aplicação e o aprimoramento dos conhecimentos teóricos adquiridos em sala de aula. Essa imersão direta não apenas facilita o desenvolvimento de habilidades técnicas essenciais, mas também proporciona uma compreensão mais profunda dos desafios reais enfrentados na preservação da biodiversidade”, avaliou Ricardo.

Colaborar com o Cetas e com a biodiversidade local é simples: não adquira animais silvestres como se fossem pets, evite o consumo de carne de caça e denuncie qualquer criação irregular de animais silvestres entrando em contato com o Cetas através do telefone (77) 3423-2247 ou do e-mail [email protected]. A equipe irá resgatar o animal e fornecer os cuidados necessários.