O conflito armado que resultou na morte a tiros da liderança indígena Pataxó Hã-hã-hãe Maria de Fátima Muniz, conhecida como Nega Pataxó, além de ter deixado outros cinco feridos, chamou atenção da polícia pela forma como foi articulado. Um grupo autointitulado “Invasão Zero” mobilizou centenas de fazendeiros na região de Potiraguá, no Sul da Bahia, através do WhatsApp. Divididos em vários carros, os ruralistas se dirigiram até a área da Fazenda Inhuma, que havia sido ocupada pelos indígenas. Veja abaixo, em quatro tópicos e com ilustrações, como aconteceu o ataque.
Chegada dos indígenas no sábado
Fazendeiros se mobilizam por mensagens
Cerco e confronto
Indígena morre e outros são feridos
Segundo a Polícia Militar, um fazendeiro foi ferido com uma flechada no braço, mas está estável. O cacique Nailton Muniz foi atingido no rim e passou por cirurgia no Hospital Cristo Redentor, em Itapetinga. Ele foi transferido. Seu estado de saúde não foi divulgado.
‘Vamos intimar um a um’, diz delegado
A reportagem conversou com o delegado Roberto Junior, da Delegacia Regional de Polícia de Interior (Dirpin) da região Sudoeste/Sul da Bahia, que está à frente das investigações do caso.
— Através das redes sociais, esse grupo, Invasão Zero, organizou no WhatsApp um movimento para ir até a fazenda, a princípio para fazer uma negociação, que se transformou em ação de retomada e conflito. Mas, até o momento, nenhum líder desse grupo se apresentou para reivindicar ou esclarecer o que aconteceu. Nós temos dois integrantes que foram presos pela Polícia Militar e autuados em flagrante por homicídio e tentativas de homicídio. Além da indígena morta, outros cinco foram alvejados e levados para o hospital em Ilhéus — narra o delegado.
O policial afirma que os fazendeiros armados poderão responder por associação criminosa armada e que o trabalho, a partir de agora é de identificação e intimação de cada um.
— A partir de hoje estamos intimando suspeitos. Já identificamos que uma pistola abandonada no local pertence a um produtor rural da cidade, que já foi intimado. Vamos identificar essas pessoas e vamos intimar um a um — disse. — Além de termos instaurado inquéritos para apurar homicídio e tentativas de homicídio, estamos apurando também outros crimes, como o de associação criminosa por parte dos fazendeiros que estavam armados.