EDITORIAL | Em nome da política, vidas humanas menos importam

Imagem: arquivo

Nos últimos dias a região Sudoeste assistiu a uma disputa que envolveu a central de abastecimento da Juracy Magalhães, Prefeitura e Ministério Público estadual – este último, fiscal da lei e a quem compete fazer valer o direito. Tudo a favor de vidas humans, seja no quesito saúde, por se tratar de fornecimento de mercadorias alegadamente inservíveis ao consumo, por causa do seu perecimento; seja no quesito físico, aí envolvendo precariedade infraestrutural das instalações elétricas do conglomerado de boxes.

Isso tudo, diga-se passagem, atestado por laudos periciais que alicerçaram a decisão do MPe em recomendar a interdição do lugar. Agora é que entra o viés político em torno do caso, deixando claramente explícito que o maior interesse não residia em reabrir o Ceasa, mas medir força política e, assim, capitanear votos.

Nesse jogo de interesses, anteciparam a disputa política de 2024, envolvendo partidos de situação e oposição no mesmo ringue eleitoral. Vidas humans menos importaram quando, na esteira de decisões judiciais provisórias, festejaram a reabertura como valoroso capital político a ser explorado exaustivamente até as eleições.

A utilização do Ceasa como uma espécie de “cabo eleitoral” remonta anos. Desde 2011 para sermos mais exatos, quando a mídia contrária explorava cotidianamente as promessas do então gestor, Guilherme Menezes, que prometeu estrutura o espaço.

Não poucas vezes os comerciantes foram ao plenário da Câmara Municipal protestar pedindo o cumprimento das promessas. Quase nada mudou de lá para cá. sai Guilherme, entra Herzem, depois Sheila e a situação resta inalterada no Ceasa.

A despeito da imparcialidade do Judiciário, que ainda irá julgar o mérito da tutela provisória em primeira instância, temos que nos atentar aos perigos vaticinados por quem mais entende de segurança e suas nuances. Que não desmereçamos decisões, mas estejamos atentos aos próximos capítulos dessa novela que está longe do fim.


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