BAHIA | Profissionais de saúde relatam falta de EPIs; secretarias rebatem

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Na luta contra a disseminação do novo coronavírus, os Equipamentos de Proteção Individual, os chamados EPIs, têm papel de destaque.

Eles servem para proteger médicos e enfermeiros que trabalham nas unidades de saúde, local onde estão os casos mais graves da doença, e se não forem usados corretamente podem deixar esses profissionais vulneráveis. Em Conquista, há reclamações de que falta material. (LEIA AQUI).

Em nota ao Sudoeste Digital, no final da tarde desta quinta-feira, 19, a Secretaria Municipal de Saúde esclarece que já foi criado, por meio da Portaria 009/2020, o Centro de Operações de Emergência em Saúde Pública que tem a competência de monitorar, avaliar e implantar todas as estratégias e ações do Plano Municipal de Contingência para o Enfrentamento da Infecção Humana pelo Coronavírus que já está pronto e, inclusive, já vem sendo executado.

A SMS informa que os trabalhadores da saúde e pacientes sintomáticos notificados com suspeita não estão sem proteção. É importante destacar que na atual situação epidemiológica de hoje (19), em que ainda não há nenhum caso confirmado, os equipamentos de proteção individual disponíveis são suficientes e estão adequados à demanda, de acordo com as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde.

Segundo as entidades que representam essas categorias de trabalhadores, a regra é clara. Profissionais de saúde que lidam diretamente com pacientes com os sintomas da doença e que apresentam secreção precisam estar de máscara e luvas. Nos casos mais graves, avental, touca, óculos e bota podem ser necessários. Esse material vem, na maioria das vezes, da China. É aí que está o problema.

O vice-presidente do Conselho Regional de Medicina da Bahia (Cremeb), Júlio Braga, contou que houve um desabastecimento desses produtos no mundo todo provocado pela pandemia da Covid-19.

“A China é a principal produtora de máscaras no planeta, mas quando começou a epidemia eles não conseguiram produzir o suficiente e ainda compraram de outros países, por isso, os estoques estão todos vazios. Então, se ainda não faltou material, vai faltar. É uma questão de tempo”, afirmou.  

A produção de álcool gel acontece no Brasil, mas também está sobrecarregada. Como a demanda está maior que a oferta, a recomendação é usar os EPIs de maneira racional. “As máscaras não devem ser dadas para quem quiser. Elas devem ser usadas apenas por profissionais que lidam diretamente com os pacientes suspeitos da doença ou por esses pacientes que apresenta secreção”, afirmou.

Braga frisou que é necessário manter os ambientes higienizados e que médicos e enfermeiros lavem as mãos com frequência, principalmente, porque ao circular pelas unidades de saúde eles pegam em prontuários, corrimão, botão de elevador e uma série de superfícies onde o coronavírus pode estar. São 24.966 médicos trabalhando na Bahia.

Ana Rita de Luna, presidente do Sindicato dos Médicos do Estado da Bahia (Sindimed-BA), contou que 20% das pessoas infectadas com o novo coronavírus no mundo são profissionais de saúde. Ela também defendeu o uso mais comedido dos EPIs e que eles sejam entregues apenas a quem realmente precisa.

“É importante que os gestores das unidades de saúde, sejam elas públicas ou privadas, forneçam os materiais necessários. Médicos e outros profissionais de saúde são os mais expostos ao novo coronavírus, mas isso não impede o atendimento e não é preciso pânico. O uso de equipamentos como luvas, máscaras, gorros, capas e botas precisa acontecer de forma racional, conforme a atividade e a exposição”, afirmou.

Quando trocar as máscaras
As máscaras devem ser trocadas a cada 4h ou quando apresentarem umidade. No caso dos pacientes na emergência com quadro respiratório, o modelo simples resolve e deve ser usado também nas consultas médicas.

Nos casos em que não há queixas respiratórias, sendo uma dor abdominal ou algo parecido, o uso desse equipamento é desnecessário. Já os médicos devem usar máscaras e luvas ao atender pacientes com problemas respiratórios, e se estiverem gripados não podem trabalhar.

Para os enfermeiros os cuidados precisam ser redobrados. Segundo a presidente do Conselho Regional de Enfermagem da Bahia (Coren-BA), Maria Inez de Farias, enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem representam 70% do quadro de profissionais da saúde no estado, e eles estão reclamando que falta material.

“O que me preocupa mais é a questão de biossegurança desses profissionais. Estamos recebendo inúmeras denúncias de que esses equipamentos já estão em falta em algumas unidades. Acionamos os gestores dessas unidades sobre a necessidade de se garantir esses equipamentos, mas me parece que o mercado não está tendo disponibilidade para atender esses pedidos. As fábricas não estão atendendo a demanda e hoje se percebe que há uma insuficiência para esse material”, afirmou. 

Farias disse também que a quantidade de profissionais de enfermagem já estava defasada antes da pandemia e que, agora, a situação deve fica ainda mais complicada. A Bahia tem 132 mil trabalhadores desse tipo, sendo que 40% deles são enfermeiros e 60% técnicos e assistentes de enfermagem. Ela contou que a sobrecarga de trabalho deixa essas pessoas mais cansadas e vulneráveis ao vírus e que a falta de atenção de alguns deles na hora de retirar os equipamentos pode ser outro perigo.

“O próprio Ministério da Saúde informa como fazer o uso correto dos EPIs, como usar a máscara e cada um dos itens. A contaminação, muitas vezes, acontece na hora de retirar o equipamento. Existe uma técnica certa para retirar a máscara, a luva, uma sequência para não se contaminar. Primeiro, retira-se as luvas, depois o avental, óculos, máscara e, por fim, higieniza-se as mãos com álcool gel ou água e sabão. Essa falta de cuidado pode facilitar a contaminação”, disse.

Transmissão
A transmissão do novo coronavírus acontece através do contato com as gotículas e secreção de pessoas contaminadas, quando elas espirram ou tossem. A recomendação é cobrir boca e nariz quando for tossir ou espirrar, e lavar as mãos com frequência. Álcool gel 70% é um produto bastante usado, mas água e sabão também resolvem.

Sobre as queixas dos profissionais de saúde de falta de EPIs, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) informou, em nota, que reforçou o estoque de materiais como máscaras, álcool em gel e luvas. O órgão afirmou que recebeu, na quarta-feira (18), um novo lote com cerca de 150 mil máscaras e que está previsto para os próximos dias o recebimento de uma carga de álcool.

“Para assegurar as boas práticas de atendimento, em toda a rede municipal, os profissionais receberam treinamento específico para o acolhimento dos casos. De acordo com as recomendações do Ministério da Saúde, somente os trabalhadores que realizarem o atendimento direto dos pacientes com sintomas respiratórios devem fazer o uso das máscaras”, diz a nota.

A Secretaria Estadual da Saúde (Sesab) informou que também está garantindo EPIs para todos os profissionais da rede estadual. | Correio

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