ARTIGO ESPECIAL | Novo só o calendário (Jeremias Macário)*

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Jeremias Macário* – Logo mais as luzes e os shows encantadores do Natal da Cidade de Vitória da Conquista se desligam e se apagam, e entram os fogos do Ano Novo, que não tem nada de novo, a não ser o calendário que vai marcar os meses e os dias para o próximo chegar.

Nada muda, nada se transforma e tudo continua em seu lugar, como as paixões, os amores e as desilusões. Não é o ano que pode ser ruim ou bom, mas você que vai dar o tom e o seu toque especial para que sua vida seja diferente para melhor. Não adianta só pedir.

 Mais um final de correrias, de gastanças e consumismo exagerados. O alvo foram os presentes da cultura tupiniquim do Papai Noel do Polo Norte. Conquista se iluminou para receber seus moradores, namorados e visitantes que foram às praças e avenidas com suas famílias para festejar o Natal. 

O Espaço Glauber Rocha recebeu milhares para ouvir as lindas canções das bandas musicais, com artistas locais e de fora. Todos desejaram um Feliz Natal e Boas Festas. O show acabou.

NO SEU ESPÍRITO   

  As festas dos comes e bebes estão chegando ao fim, para dar entrada à ressaca das noites etílicas e das despesas. As doações vão minguar e as barrigas pobres voltam a roncar de fome. O novo não está dentro do ano, mas dentro do seu espírito, de suas ideias e do seu pensamento.

Os caras lá do Planalto serão os mesmos das falas exóticas e bizarras, atentando contra a nossa democracia através de suas atitudes autoritárias. Não é o ano que vai tirar o Brasil das profundezas das desigualdades sociais.

  Não peça mudanças para o ano que está a bater em sua porta. Ele não tem esse dom de transformação. O tempo prossegue com seus mistérios e seus enigmas. Siga seu caminho correto, reforçando seus princípios de bom caráter, para desvendá-los, ou tome cuidado para não ser por ele (o tempo) devorado. As mortes, as tragédias e as catástrofes vão acontecer, e somente a consciência humana ambientalista pode mudar algum rumo do aquecimento global.

  Não é o ano que vai reverter o retrocesso político e melhorar o nível da nossa combalida educação. Os corredores dos hospitais vão continuar no mesmo vale de lágrimas por falta de atendimento médico. Os bandidos vão estar lá na esquina e no asfalto de armas na mão. Os militares atirando para abater, inclusive cidadãos inocentes, e mais gente vai rogar por justiça, sem ser escutado.

É o ano de mais eleições municipais para você carimbar sua cidadania democrática, seu direito de escolher, como prega os chavões da mídia e dos políticos, correndo como loucos atrás dos votos, não importando os meios empregados. O corrupto vai continuar roubando e dizendo para os investigadores que é apenas inocente. Que nada fez.

  Não é o ano que vai ter a magia de mudar a mentalidade comodista e individualista do brasileiro. Só o senso de coletividade é que pode mudar a cara do ano, e não ele que vai acalmar as águas turbulentas com seu santo cajado. O milagre está dentro de cada um, sendo mais unido e com mais tolerância e menos ódio. Nada adianta fazer doações e ser solidário de campanhas maquinais de final de ano.

Resultado de imagem para jeremias macario   Não adianta programar um monte de metas, ou fazer uma extensa lista de planos para realizar, se seu espírito não tiver a força de vontade para dizer que o novo é você, e não o ano. O calendário passa depressa como o ponteiro do relógio, tocando o “tic, tac, tic, tac” no compasso do tempo, que é cruel e não para. Ele não dá a chance do recomeço.

 Sem essa de que existe ano novo. É uma pura ilusão. As perguntas vão continuar sem respostas. O fundamentalismo radical vai engrossar o caldo, se as pessoas não respeitarem as escolas dos outros.

Seu calendário pode ser seu carrasco, e não o ano, que nada tem a ver com isso. A saída é o conhecimento e o saber que podem fazer com que seu ano seja bom. Nada é novo. Tudo se copia. Seja você mesmo e tente acertar mais ainda as arestas.   

*Jeremias Macário é jornalista, escritor e compositor


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