VIOLÊNCIA | Crise no sistema prisional agrava violência na Bahia

Operação aconteceu na cadeia de Jequié Crédito: Hildazio Santana/ Seap

Jequié (Da sucursal Sudoeste Digital)* – Diante da crise no sistema prisional baiano, o governo Jerônimo Rodrigues (PT) exonerou, nesta terça-feira (7), dois diretores de unidades prisionais: Joneuma Silva Neres, de Eunápolis, e Elton Deolinho Rocha, de Jequié. Além das exonerações, a gestão estadual realizou a transferência de seis internos do Conjunto Penal de Jequié para outras unidades e apreendeu materiais ilícitos no local.

O município de Jequié enfrenta uma onda de violência. Entre sexta-feira (4) e domingo (6), oito homicídios foram registrados, incluindo dois casos chocantes: os corpos de Maria Clara Silva Lago, de 16 anos, e Abraão Almeida da Conceição, de 19 anos, foram encontrados despidos e carbonizados dentro de uma casa.

Embora as autoridades estaduais não tenham confirmado relação direta entre os assassinatos e a recente transferência de detentos, a Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização (Seap) informou que os internos transferidos são suspeitos de influenciar organizações criminosas envolvidas em homicídios e tráfico de drogas na região. O governador Jerônimo Rodrigues admitiu, nesta terça, a possível ligação entre detentos de Jequié e crimes fora da prisão.

“Há um serviço de inteligência para transferir aqueles presos que emitem mais riscos a uma comunidade prisional ou até mesmo à comunidade externa, como é o caso Jequié, que volta e meia a gente vê ou sabe que há uma intervenção de dentro dos presídios para fora”, declarou.

A cidade tem sido palco de disputas entre as facções criminosas Bonde do Maluco e Comando Vermelho. Segundo Jerônimo Rodrigues, os traficantes utilizam câmeras de monitoramento instaladas nas ruas para vigiar ações em áreas estratégicas da cidade. Para a oposição, a gestão petista tem sido “negligente” com a questão da segurança pública.

“O que aconteceu em Jequié neste final de semana é mais uma evidência de que o governo do PT na Bahia não tem mais forças para enfrentar a criminalidade e deixa a população vivendo debaixo de um ambiente de terror”, afirmou o deputado estadual Sandro Régis (União Brasil).

Lotação nos presídios

A lotação nos presídios é um problema crítico no estado. O Conjunto Penal de Jequié, com capacidade para 336 detentos, abriga atualmente 544 presos, um excedente de 208. Em Eunápolis, são 617 detentos para uma capacidade de 537, ultrapassando em 80 o limite.

Em entrevista à imprensa nesta terça, o secretário de Segurança Pública, Marcelo Werner, argumentou que as exonerações fazem parte de uma estratégia de “fortalecimento” das unidades prisionais. “Estaremos sempre à disposição para fortalecer, porque a gente sabe que esse valor integrado é de suma importância, não só para evitar fugas, mas também para fazer o isolamento desses líderes de facções”, falou.

No Conjunto Penal de Eunápolis, administrado pela empresa privada Reviver Administração Prisional Privada LTDA, 16 detentos fugiram há quase um mês, no dia 12 de dezembro, após um resgate violento realizado por homens armados. Até agora, nenhum dos fugitivos foi recapturado.

Entre 2021 e maio de 2024, o governo da Bahia gastou R$ 239,1 milhões com a Reviver, responsável pela administração de mais três presídios no estado. | *com informações do Correio.

 


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