VIGIAR E PUNIR | Aluno que comentou em publicação racista também é expulso de faculdade na Bahia

O aluno que comentou e riu na publicação racista em uma rede social também foi expulso do Centro Universitário Nobre, em Feira de Santana. A informação foi confirmada pela assessoria da instituição nesta quinta-feira (22).

“Abrimos o processo e o mesmo não faz mais parte da IES. Ambos não são mais nossos alunos”, declarou assessoria.

Na postagem original, que repercutiu na última terça (20), uma aluna usou seu perfil no Twitter para fazer comentários racistas sobre colegas de faculdade e foi respondido pelo rapaz.

No tweet, a jovem comentou: “Odeio Lula porque ele inventou o Fies e colocou um monte de desgraça na minha faculdade”. Logo em seguida é respondida pelo aluno: “KKKKKKKKK um monte ** *****”, e a aluna, questionou: “pobre ou preto?”.

As mensagens viralizaram, gerando indignação entre alunos e professores da faculdade particular, e chegaram até a direção da instituição.

Protestos

Desde a terça-feira (20), quando o caso se tornou público, um grupo de estudantes organizaram manifestações na faculdade para pressionar por atitudes punitivas.

“As manifestações foram pacíficas e completamente focadas no problema do racismo. Nos organizamos via WhatsApp para que as 17h da tarde para ficarmos na frente da instituição para que todos pudessem ver que ninguém ali aceita ou passaria pano pra um ato racista”, disse um dos organizadores da manifestação.

Após a manifestação da tarde, reunidos dentro da instituição, o pró-reitor Gustavo Checcucci informou aos estudantes sobre a saída da aluna que protagonizou o episódio de racismo.

“A gente teve conhecimento hoje pela manhã deste fato. O conselho se reuniu pela manhã e pela tarde para discutir sobre o que estava acontecendo. Já foram tomadas as devidas providências e a aluna não faz mais parte da instituição”, disse sob aplausos de centenas de alunos. Vídeos mostram o momento em que a plateia comemora a punição.

Em nota, publicada nas redes sociais da faculdade, a Unifan diz que “repudia toda forma de preconceito e violência contra o próximo, sendo que, nesta terça-feira, tomou conhecimento de postagens realizadas por um de nossos discentes, em sua rede social, que não condizem com os valores e políticas de nossa Instituição”. O texto diz ainda que o caso será apurado para que sejam tomadas as medidas administrativas e legais cabíveis.

Repercussão jurídica

A Comissão de Igualdade Racial da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/Ba), subseção Feira de Santana, também se manifestou em repúdio “aos atos de racismo e preconceito de classe socioeconômica”.

“No ano em que a Lei de Cotas (Lei 12.711/2012) completa 10 anos, é triste e repugnante nos depararmos com atitudes como essa. Cumpre lembrar que as políticas afirmativas de acesso à educação superior (Lei de Cotas, Prouni e Fies) são um importante instrumento de reparação da desigualdade que nasceu com a colonização do Brasil. A estrutura econômica da sociedade brasileira é racialmente construída, e o acesso à educação superior é uma das formas de transformar essa estrutura”, declarou em nota.

A comissão ainda lembrou que racismo é crime, punível com reclusão de um a três anos e multa. “É um crime sério e violento que pode levar a outros crimes, como agressão física e homicídio, e políticas eugenistas que nos matam todos os dias. Reforçamos, por fim, a importância da adoção de práticas antirracistas por parte de todas as instituições da sociedade, principalmente as entidades de ensino”, concluiu.


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