Teste: Volkswagen Virtus Highline 200 TSI, mania de grandeza

A versão sedã do Polo agora tem nome próprio e muito (mas muito) espaço para passageiros e bagagem. Uma pena o Virtus ser exagerado até no preço.

O histórico da Volkswagen no segmento de sedãs intermediários – entre os compactos e os médios – é dúbio. A geração anterior do Polo brasileiro (lançada em 2002 e extinta em 2014) ganhou fama de ótimo carro, mas nunca vendeu tanto quanto o esperado.
No caso do sedã, uma das razões foi o fato de que ele tinha os mesmos 246 cm entre os eixos do hatch. Ou seja: custava quase tanto quanto um sedã médio, mas oferecia menos espaço, apesar do refinamento e da fartura de equipamentos.
Ainda que a duras penas, a Volkswagen parece ter aprendido a lição.
Para começar, adotou uma estratégia diferente da Fiat ao esticar o seu hatch. Em vez de manter o entre-eixos e adaptar portas traseiras, teto e porta-malas, engenheiros e designers alemães e brasileiros se valeram da modularidade da plataforma MQB e alteraram também o entre-eixos (de 256 cm para 265 cm).
Com 448 cm de comprimento, 175 cm de largura e 147 cm de altura, o Virtus impressiona pelo porte quando comparado a rivais veteranos, como Hyundai HB20S (423 x 168 x 147 cm) e Prisma (428 x 170 x 147 cm), e novos como o recém-lançado Fiat Cronos (436 x 172 x 151 cm).
O teste foi feito com a versão topo de linha, Highline, de R$ 79.990. Com o preço oficial, vem à tona o primeiro ponto fraco: ele revela um valor R$ 10.800 mais alto do que o Polo Highline – e ambos têm basicamente o mesmo conteúdo.
Na versão Comfortline, a diferença cai para ainda salgados R$ 8.300 e para aceitáveis R$ 5.000 na configuração de entrada, 1.6 com câmbio manual. O Cronos, por seu lado, terá diferenças de preços menores – cerca de R$ 4 mil a mais que o hatch.
Se você se encantou pelo Virtus das fotos, vale o aviso: completo, com pintura metálica, painel digital, rodas aro 17, couro, tela de 8 polegadas e outros itens menores, o preço chega a R$ 87.040.
Versão Preço
Virtus 1.6 manual R$ 59.990
Virtus Comfortline 1.0 automático R$ 73.490
Virtus Highline 1.0 automático R$ 79.990
As versões Highline e Comfortline (R$ 73.490) são equipados com o motor 1.0 TSI de três cilindros, numa configuração um pouco diferente da que equipa Up! e Golf por aqui – são 128 cavalos com etanol, contra 125 cv do Golf e 105 cv do Up!. O câmbio é sempre automático de seis marchas.
Motor 1.0 TSI do Virtus é mais potente que o do Up! e Golf (Christian Castanho/Quatro Rodas)
Com medidas generosas, o Virtus é um carro de presença. E, especialmente na versão Highline completa, o interior também é de encher os olhos. Assim como no Polo, o acabamento tem materiais simples, mas construção elogiável.
No centro do painel do Virtus, tela incorporada e suporte para celular  (Christian Castanho/Quatro Rodas)
O motorista tem a seu dispor volante, banco e retrovisores com grande amplitude e facilidade de ajuste, o que permite o uso compartilhado por pessoas de estaturas bem diferentes. Mas conforto de verdade tem quem viaja no banco traseiro.
Couro é opcional nos dois modelos (Christian Castanho/Quatro Rodas)
Ainda que os dianteiros estejam totalmente recuados, as pernas não são espremidas. O espaço para cabeça e na altura dos ombros e cotovelos também é bom. Melhor que isso, só se o assoalho fosse plano na região central, como no Honda City – que também briga entre os sedãs compactos e que acaba de receber um facelift.
Espaço interno traseiro é um dos pontos fortes do Virtus (Christian Castanho/Quatro Rodas)
O porta-malas, com 521 litros, está entre os maiores do segmento. Bastante ampla, a boca do compartimento facilita a acomodação de objetos volumosos. Se estiver equipado com a prancha (opcional), que permite a elevação do fundo, melhor ainda.
Porta-malas tem 521 litros, assoalho móvel (opcional) e porta-objetos laterais (Christian Castanho/Quatro Rodas)
Ao volante, a sensação de solidez estrutural típica dos VW se repete. A novidade é a maciez da suspensão, já notada no Polo, muito embora a melhor distribuição de massa do sedã tenha atenuado a forte tendência de saídas de frente.
Ar-condicionado é digital e de duas zonas (Christian Castanho/Quatro Rodas)
O motor 1.0 TSI, com até 128 cv e 20,4 mkgf a 2.000 rpm, é bem adequado para o porte do carro. Os números de pista corroboram: sempre com gasolina, o Virtus acelerou de 0 a 100 km/h em 10,1 s, mais rápido que o Polo com o mesmo conjunto mecânico (10,6 s).
As retomadas também foram levemente mais rápidas, enquanto o consumo diminuiu – o rodoviário foi de 17,6 km/l, bem melhor que os 14,3 km/l do hatch.
Perfil lembra o Jetta de nova geração (Christian Castanho/Quatro Rodas)
Nas frenagens, os discos sólidos no eixo traseiro (Cronos, Etios, Prisma e HB20 possuem tambores) garantiram marcas ótimas na frenagem de 120 km/h a 0 (60,6 m), mas apenas medianas em velocidades mais baixas (18,7 m a partir de 60 km/h e 28,7 m a partir dos 80 km/h).
Feitas as apresentações dos mais novos sedãs compactos, fica a pergunta: qual das versões topo de linha é a melhor, Cronos Precision 1.8 ou Virtus Highline 1.0 TSI?

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