Dados de uma pesquisa realizada em 2020 pelo The Good Food Institute Brasil (GIF), junto ao Ibope, indicam que metade dos brasileiros reduziu o consumo de carnes nos últimos 12 meses. Este é um reflexo não apenas da melhoria da percepção sobre a importância dos cuidados com a saúde e o organismo, mas também pelo respeito aos animais e a preocupação com o futuro do planeta.
Campanhas como a do Greenpeace Brasil, apontam para a criação de modelos de produção mais responsáveis e transparentes como uma possível solução para o desaceleramento dos efeitos do aquecimento global. “A produção de carne é responsável pela emissão de gases poluentes.
Por isso, precisamos refletir sobre os limites dessa produção para a preservação de nossas florestas, o incentivo à agricultura familiar e a manutenção do clima global”, afirma em manifesto. A ONG recomenda a redução de 50% no consumo de carne e derivados até 2050 e defende que “a mudança começa no consumo individual”.
Outro fator que interfere nesses dados são os preços das carnes nos supermercados. Depois de um aumento de quase 18% em 2020, segundo o IBGE, a carne bovina continua registrando alta nos estabelecimentos comerciais, por causa de problemas climáticos e custos.
Este pode ser um estímulo para aderir a novas alternativas de alimentação, a exemplo do “plant-based” ou, simplesmente, dieta à base de alimentos vegetais integrais.
“Uma alimentação adequada à base de vegetais integrais traz benefícios à saúde e auxilia na prevenção e tratamento de diversas doenças, como diabetes, pressão alta, obesidade, dislipidemia e câncer”, afirma a nutricionista Catarina Ikuta, professora do curso de Nutrição da Rede UniFTC. De acordo com a especialista, “desde que a alimentação seja nutricionalmente adequada, com fontes vegetais de proteína, ferro e cálcio, pode ser adotada em todas as fases da vida”, explica.
O conceito não deve ser confundido com o veganismo ou vegetarianismo, pois há vertentes do plant-based que consomem alimentos de origem animal (ovos, mel e laticínios), e há, ainda, os que eventualmente ingerem carne, mas em quantidade bastante reduzida. Ele está mais alinhado a um novo movimento denominado Flexitarianismo, que ganhou força mundialmente durante a pandemia, como mostrou a Pesquisa Global Sobre Hábitos Alimentares na Pandemia encomendada pela Herbalife Nutrition e conduzida pela One Poll.
O estudo foi realizado em 30 países, com um total de 28 mil indivíduos, entre eles 1.000 brasileiros, entre 22 de setembro e 6 de outubro e concluiu que, globalmente, 41% das pessoas fizeram uma grande mudança em sua dieta. Entre as novas medidas alimentares adotadas pela população, estão o aumento no consumo de frutas e verduras (51%), a ingestão de mais alimentos à base de plantas (43%) e o esforço para comer menos carne (43%).
No caso específico dos brasileiros, o aumento no consumo de frutas e verduras foi de 50%. Além disso, 45% contaram que estão ingerindo mais alimentos à base de plantas e 46% se esforçando para comer menos carne. A intenção de incorporar mais alimentos plant-based na dieta apareceu para 70% dos entrevistados, embora muitos deles ainda não saibam por onde começar.
O nutrólogo Washington Luiz de Jesus, docente do curso de Medicina da Rede UniFTC, destaca a importância de um acompanhamento adequado, visando evitar uma carência de nutrientes no organismo.
“O Flexitarianismo é uma alternativa saudável, desde que se tenha cuidado com a procedência e o processamento dos alimentos ingeridos”, afirma. “Uma pessoa que decide adotar esse estilo de vida, deve ter sempre que possível a orientação de um profissional da área de nutrologia ou nutrição. O cuidado mais importante é ter uma ingestão alimentar o mais completa possível do ponto de vista dos nutrientes”, completa.
O médico alerta que é preciso, no entanto, ter cuidado com as substituições. “Como se trata de uma opção seletiva, não comer carnes, por exemplo, vai requerer uma recomposição alimentar que supra as necessidades de proteínas, aminoácidos e vitaminas que os alimentos de origem animal podem conferir”, explica.
“Na atualidade, a indústria alimentícia dispõe de um número bastante expressivo de substitutos alimentares. Um profissional pode ser importante para orientar o uso adequado desses produtos, muitos deles enriquecidos, e que devem ser disponibilizados de acordo com as necessidades de cada pessoa”, conclui.
Dia Mundial Sem Carne
20 de março de 1985 foi a primeira vez que o Dia Mundial Sem Carne foi celebrado, nos Estados Unidos, através da ONG Farm. Atualmente, é comemorada no mundo todo, com ações de conscientização sobre os efeitos do consumo de carne e dos benefícios de uma dieta livre de animais. | com informações da Ascom/UniFTC.