Depois de enviar um caminhão com 20 toneladas de alimentos, 800 brinquedos, 1.100 panetones e alguns móveis, na tarde de terça-feira (28) de Paraisópolis, na zona Sul, rumo a Itambé, cidade baiana atingida pelas fortes chuvas dos últimos dias, moradores da maior favela do país continuam com novas campanhas de arrecadação.
Os itens foram arrecadados por lideranças de Paraisópolis e pelo G10 Favelas, grupo que reúne as maiores comunidades do país. Depois, foram reunidos na quadra do bairro, cujos moradores se engajaram na campanha – Paraisópolis tem forte presença de migrantes da Bahia.
“Passamos carros de som nas ruas, avisando que a vizinhança poderia mandar ajuda para os parentes [na Bahia]. Em Paraisópolis, 83% são nordestinos e 53% são baianos, a maioria justamente da região afetada pelas enchentes”, diz Gilson Rodrigues, líder comunitário e presidente do G10 Favelas – e nascido em Itambé, onde está agora para coordenar a ajuda.
No município do sul da Bahia, recebe a maior parte das doações, 80 casas desabaram e existem 600 desabrigados, segundo Rodrigues. “Caiu casa de um irmão, uma prima, uma amiga…”, ele conta. “A foto da capa do [jornal] O Globo de ontem [uma casa aos escombros] é onde morei na adolescência”, ele diz.
No momento, não chove na região. A água dos rios recuou, mas a medição ainda oscila ao longo do dia. “Nosso maior medo, agora, é o rompimento de barragens que ficam no entorno da cidade”, diz Rodrigues.
O G10 Favelas tem ainda um avião à disposição, cedido pela Americanas.com, com capacidade para levar mais 40 toneladas de doações às cidades afetadas. Tinha previsão de voar amanhã (30), mas o grupo ainda precisa reunir os alimentos e outros itens.
A aliança de comunidades conseguiu ainda 400 cartões vale-cesta-básica, doados pela Sodexo, para os municípios baianos. As informações para doação estão no site do G10 Favelas. | Postado originalmente em: VEJA SP