SINJORBA | Correio quer “esquecer” perdas de 17% acumuladas entre 2019 e 2022

Em comunicado ao Sindicato no dia 20 de junho, o jornal Correio anunciou que não tem mais como avançar em sua proposta de 4% de reajuste salarial para os seus jornalistas contratados. Nem sequer considerou a contraproposta apresentada pelo Sinjorba no dia 15, mantendo sua proposição de uma semana antes. Na prática, disse aos seus trabalhadores para eles esquecerem 17% de perdas acumuladas nos três anos compreendidos entre maio de 2019 e abril de 2022.

No período citado, a inflação acumulada, medida pelo INPC-IBGE, foi de 23,98%. Mas, os jornalistas do Correio, maior jornal do Estado, receberam apenas 6% de reajuste (veja tabela abaixo). Considerando um salário de R$ 3 mil por mês, isso representa uma perda anual de mais de R$ 7 mil. Se considerarmos os efeitos da Lei 14020/20 (originalmente MP 936), a perda acumulada é ainda maior.

Para relembrar, entre abril e dezembro de 2020, todos os jornalistas do Correio tiveram seu salário reduzido em 25% e foram colocados em home office, assumindo os gastos com energia, internet e manutenção de seus equipamentos pessoais (celular e computador) usados para produzir o material do jornal. A legislação trazia também a proporcional redução de jornada. O problema é que a redução no “relógio de ponto” não se refletiu no serviço, que era o mesmo, mas, naquele período, para ser feito em uma jornada menor.

A posição do Correio nas negociações foi como um golpe nos jornalistas. Isso porque, nos momentos difíceis da pandemia de covid-19 e, mesmo já em 2022, quando a crise sanitária já havia arrefecido, o jornal pediu compreensão aos seus empregados para as dificuldades que argumentou estar enfrentando. Mesmo sem ter acesso aos detalhes dos números de seu balanço, os trabalhadores aceitaram um reajuste menor (ver tabela novamente), na perspectiva de que seus enormes prejuízos fossem amenizados no futuro. Se enganaram.

Na segunda (26), em assembleia, os jornalistas decidiram rejeitar mais uma vez a oferta da empresa, manter o estado de mobilização e aguardar que haja sensibilidade e avanços pelo lado patronal. Com apenas um voto contrário, os trabalhadores definiram um calendário de ações para chamar a atenção dos dirigentes do jornal e da sociedade para os prejuízos que estão assumindo há três anos. O Sinjorba, por sua vez, vai continuar insistindo junto ao jornal na necessidade de se avançar para uma proposta que permita a assinatura do acordo.

Sacrifício

“Os donos do negócio sempre pedem compreensão aos seus empregados na hora das dificuldades, mas sempre esquecem desse sacrifício passado quando a situação econômica melhora”, diz o presidente do Sindicato, Moacy Neves. Para ele, por três anos os jornalistas se sacrificaram e chegou a hora de o Correio dar sua cota de esforço, o que seria uma demonstração de uma relação de trabalho verdadeiramente saudável com seus empregados.

Moacy diz que em janeiro de 2021 a empresa pagou 32,5% do salário a título de PLR aos empregados e em junho de 2022 concedeu R$ 1.500,00 de abono como adicional para fechar o acordo salarial. Mas, segundo ele, somados, os dois valores, ainda assim fica uma enorme distância do que os trabalhadores vêm perdendo nesse período.

Ele diz que a atual proposta do Correio, de incluir um abono de 25% do salário, é a manutenção da política de negar a reposição das perdas e apresentar como compensação um ganho pontual. “O valor é bem recebido, mas não resolve, pois o trabalhador fica com o prejuízo para todo seu histórico laboral, enquanto for funcionário da empresa”, finaliza. | Sinjorba.


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