ROLETA RUSSA – Uma “brincadeira mortal” imposta aos passageiros do transporte público

Por pouco não tivemos um domingo sangrento em Vitória da Conquista. E não estamos falando nas recorrentes chacinas do tráfico de drogas, mas de uma droga de tráfico… Tráfico de influência, que expõe cotidianamente milhares de pessoas ao perigo, ao permitirem à Viação Vitória uma série de desmandos. E, domingo, aconteceu mais um desses.

Ao abrirmos a reportagem, um misto de impotência e de medo no assalta: “Ônibus da Viação Vitória sem freios põe em risco patrimônios e vidas”. Eis aí a razão dessa roleta russa no transporte coletivo, onde arma mais perigosa talvez nem seja um veículo desgovernado, mas uma certa caneta a quem o prefeito tanto se vangloria de ostentar em suas mãos.

A arma está nas mãos da cumplicidade. Roleta Russa. É o que o prefeito Herzem Gusmão vem praticando à custa de vidas alheias. E o pior, com a vida  do povo que ele representa, ou diz representar. Existe aí a figura jurídica da prevaricação, ao faltar ao cumprimento do dever por interesse ou má-fé. Dolo Eventual ou Culpa Consciente?

O último acidente, falta de freios no Bairro Alto Maron, parte elevada da cidade, é mais um de uma série e revela que todos correm riscos, mesmo aqueles que não andam de ônibus. Uma tragédia anunciada, que bem poderia ser evitada, mas nada se tem feito para coibir esses atos criminosos contra a vida humana.

E a munição da arma para este macabro esporte do prefeito tem sido a Viação Vitória, uma das empresas de transporte público de Vitória da Conquista. Vidas dentro e fora dos ônibus dessa empresa são usadas tal qual personagens descartáveis de “jogos mortais” praticados pelo Executivo.

Dono da concessão pública, ou revestido da personalidade pública denominada de PODER CONCEDENTE, é responsabilidade intransferível do prefeito agir em favor do interesse da coletividade. Na contramão ele busca toda sorte de argumentos públicos para manter a empresa em circulação.

Talentoso em desculpas e divagações, tem incorrido em uma espécie sofisticada de “desonestidade intelectual” ou com “mentiras cognitivas” para justificar suas omissões.  Traduzindo os termos científicos, são elaborados subterfúgios responsabilizando sempre alguém ou até mesmo o judiciário.

Barra de direção quebrada, janelas que caem, carros que se incendiam, rodas que se soltam, pontas de eixo que quebram não são suficientes para o prefeito agir. Sem contar as desobediências da letra A à Z do contrato de concessão atropeladas pela Viação Vitória.

Funcionários em condições sub-humanas de trabalho a bordo desses decadentes ônibus. Famílias que passam dificuldades para manter a dieta da família porque os funcionários dessa empresa trabalham sem receber seus direitos e salários.

Por outro lado vimos o mesmo prefeito dedicado e ávido  em banir a Viação Cidade Verde, que é o oposto de tudo. Um prefeito desejoso em licitar o sistema de transporte público por completo, ao contrário de agir sobre a clandestinidade que assola a cidade e destrói o mesmo transporte público que ele vislumbra licitar. São mais de 600 clandestinos atuando no transporte de passageiros, entre vans e carros de passeio.

A soma de tudo é intrigante O que a Viação Vitória faz para gozar de tanta complacência que a Viação Cidade Verde não faz? A mesma pergunta cabe aos clandestinos que circulam livremente. Enfim, quem autoriza esta roleta russa assume o risco de matar.

O QUE DIZ A PREFEITURA

“A Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista, por meio da Secretaria de Mobilidade Urbana, esclarece que, na manhã desse domingo (15), foi informada que um veículo da Viação Vitória havia quebrado na Avenida São Geraldo, próximo à Avenida Presidente Vargas. A equipe da Coordenação de Trânsito chegou rapidamente ao local e isolou o perímetro. Enquanto os funcionários da Viação Vitória trabalhavam no reparo do ônibus, o veículo desceu a avenida e se chocou com um carro de passeio e, em seguida, com outro ônibus da mesma empresa. A Secretaria informa ainda que adotou todas as medidas devidas, como a imediata notificação e autuação da Viação Vitória.”


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