REVIRAVOLTA | Padrasto de Danilo não tem culpa em crime, diz polícia

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A conclusão do inquérito que apurou a morte do menino Danilo de Sousa Silva, de 7 anos, inocentou o padrasto dele, Reginaldo Lima Santos, de 33 anos, da acusação de participação no crime. A força-tarefa que conduziu os trabalhos envolveu 30 policiais civis e peritos criminais.

O delegado titular da Delegacia Especializada em Investigação de Homicídios, Rilmo Braga, afirmou que apenas Hian Alves de Oliveira (imagem acima), de 18 anos, praticou o crime. A motivação apresentada pelo suspeito para a prática foram ciúmes da pessoa a quem ele chama de pai, mas se trata de um líder religioso do bairro que o acolheu há cerca de três meses. Entre as justificativas, segundo o delegado, Hian disse que queria se vingar de Reginaldo (abaixo, ao centro) por este estar muito próximo ao acolhedor dele.

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Rilmo Braga afirmou na tarde de nessa segunda-feira (10) que laudos periciais, depoimentos de testemunhas e a confissão do próprio Hian fecham a apuração das circunstâncias da morte do menino, cujo corpo foi localizado no último dia 27. Hian teria afirmado que praticou o crime porque sabia que o padrasto seria o primeiro a ser apontado como autor da morte.

Ainda de acordo com Braga, pelos relatos, Hian reclamou de que seu acolhedor ajudou financeiramente a família de Reginaldo e de que a amizade entre o pai e o padrasto de Danilo era “exacerbada”. O delegado disse que o suspeito afirmou ter planejado o crime por cinco dias e que estudou a rotina da criança.

No dia do crime, chamou Danilo para buscar uma pipa que havia caído na região de mata onde foi encontrado morto seis dias após ter desaparecido. “Inclusive esta pipa foi encontrada e periciada. Ela estava no local onde o corpo foi localizado”, disse Braga.

Os delegados também reforçaram que os dois afirmaram que tinham inimizade entre eles. Ainda segundo as investigações, Hian apresentou várias versões. Os investigadores concluíram que apenas ele tinha informações que só poderiam ser apresentadas por quem realmente esteve no local do crime.

Os delegados ainda apontaram que depois que Hian indicou onde estava a vara usada no crime foi possível comprovar a autoria. De acordo com Rilmo, Reginaldo sequer sabia que um objeto teria sido usado no crime.

O delegado informou que a perícia constatou que o ferimento na nádega da criança foi provocado pela vara. Hian teria asfixiado o menino e, para confirmar se ele ainda estava vivo, usou o objeto para empurrar a criança.

Este local apresentou lesão compatível com o objeto. Não houve crime sexual e o ferimento na nádega foi causado por algum animal, provavelmente um urubu, segundo explicou o delegado com informações das perícias realizadas. Hian foi indiciado pelos crimes de ocultação de cadáver e homicídio duplamente qualificado, com as qualificadoras de traição e motivo fútil.

Defesa

Advogado de defesa de Hian, Gilles Gomes disse que o cliente sustenta sua inocência neste caso, mas entende que a Polícia Civil está fazendo seu trabalho. Gomes afirma que este é um inquérito frágil e que se sustenta em um depoimento de um adolescente de 13 anos. “Além disso, Hian foi ouvido sete vezes sem a presença do advogado. Quando pedimos para que fosse ouvido novamente, o pedido foi negado.”

Gilles Gomes informou que Hian foi informado no início da tarde desta segunda-feira sobre o indiciamento, mas continua a negar a participação ou autoria do crime. Além disso, Gomes diz que se surpreendeu com a conclusão do inquérito, já que outra reprodução simulada do crime estava prevista para esta terça-feira (10). Agora ele diz que vai aguardar o posicionamento do Ministério Público sobre a apresentação da denúncia à justiça para novos passos da defesa.

O Crime

Danilo desapareceu no dia 21 de julho quando saiu para ir à casa da avó. O corpo da criança foi encontrado uma semana depois, dia 27, a 100 metros da casa onde morava, no Parque Santa Rita, em Goiânia. O menino foi morto afogado na lama.

Polícia havia apontado dois autores de morte

No dia 31 de julho, quando foi anunciada a prisão dos suspeitos Reginaldo Lima Santos e Hian Alves de Oliveira, a Polícia Civil chegou a afirmar diversos pontos que apontavam a participação de Reginaldo, mas este negou a todo momento e dizia ser vítima de emboscadas e armações.

O delegado que conduziu o caso, Ernane Cazer, detalhou, no entanto, situações em que uma testemunha teria visto Hian chamando Danilo para buscar uma pipa no dia do desaparecimento, em 21 de julho, e que Reginaldo os estaria esperando.

A participação de Reginaldo, segundo a apuração inicial que levou à prisão dele, seria de que ele queria dar uma lição no garoto pelo mau comportamento, em justificativa também apresentada pelo vizinho da família. Hian teria afirmado que havia sido contratado para ajudar na prática do crime em troca de uma motocicleta. Posteriormente, a apuração identificou uma forte rixa entre Reginaldo e Hian e que, por este motivo, era impossível que eles tivessem em acordo para a prática de um crime.

O secretário de segurança pública, Rodney Miranda, participou da entrevista coletiva para a imprensa no dia da prisão dos suspeitos e, depois de dizer que estava tomando conhecimento sobre as investigações naquele momento, afirmou que a prática do crime por dois adultos era injustificada, justamente pela impossibilidade de reação por parte da criança. Ele ainda disse que o conforto, especialmente para a família, era de que a justiça estava sendo feita com a prisão dos suspeitos.

Rilmo Braga diz que a prisão de Reginaldo era importante por diversos motivos. Além das indicações de testemunhas, o delegado destacou falas dele sobre não suportar mais os filhos da esposa, além de uma tentativa de feminicídio praticada por ele e suspeitas de crimes sexuais no passado.

O delegado reforçou que, com este histórico, aliado ao fato de não ter emprego ou residência fixa, precisava de garantias de que o mesmo permaneceria por perto para colaborar com as investigações. Além disso, entende que certamente Reginaldo seria vítima de agressões por parte de pessoas que estavam indignadas com a morte da criança.

O delegado Rilmo Braga, durante a entrevista de coletiva sobre a conclusão do inquérito, destacou que Hian afirmou que planejou o crime como forma de vingança contra Reginaldo, que estava mantendo uma relação muito próxima do líder da comunidade, que é pastor e tem como prática, ajudar as pessoas que moram na região com cestas básicas e até dinheiro.

Reginaldo permanecia preso até a noite desta segunda-feira (10) e deve ser solto após  o Ministério Público de Goiás tomar conhecimento sobre a conclusão do inquérito e entender que ele deve ser colocado em liberdade. Rilmo Braga explicou que a soltura não é imediata porque depende de decisão judicial, já que a prisão preventiva foi determinada pela Justiça. | O Popular.


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