Ao construirmos este editorial, com igual cuidado que sempre norteou a nossa posição em favor do transporte público de qualidade, pretendemos mostrar que a ausência do ônibus coletivo se transforma em lúdica e
valiosa lição. Vamos aos sólidos argumentos que alicerçam o título acima.
A maior das lições:
“Que vanzeiros a serviço do transporte clandestino não são uma ‘benção que deveria ser recebida com suco e gelo como se repetiu por reiteradas vezes em rádios e blogs”;
“Que as linhas desassistidas pela finalizada Viação Vitória não foram acudidas pelos vanzeiros”;
“Que os vanzeiros clandestinos, inegavelmente, não garantem os direitos sociais daqueles que menos podem”;
“Que os vanzeiros clandestinos não têm compromisso com o bem público, que é o transporte para todos”;
“Que os vanzeiros são um “modal excludente”, escolhendo onde, como e quando operar e quem transportar”
A Vitória da Conquista universitária, de empreendedores e politizada, testou a amarga teoria do “valor agregado” dos vanzeiros, como alguns defendiam e, no momento, experimentam e assistem a falência do transporte público, que verdadeiramente contribui com a economia local.
Metade da extensão territorial urbana da terceira maior cidade da Bahia (atrás apenas de Salvador e Feira de Santana) ficou 100% sem ônibus por dias e algumas localidades ainda continuam sem esse serviço, com outras parcialmente atendidas.
A exclusão social se instalou e se expande a largos passos, atingindo estudantes sem meia-passagem, idosos e pessoas com deficiência, sem as gratuidades. A esses últimos, única e temerária escolha:
“paga-se a passagem no clandestino e não se compra o essencial medicamento”.
Mesmo diante do esforço hercúleo da Viação Cidade Verde em tentar acudir parcialmente as linhas desassistidas, está longe a solução.
Mais dramático é saber da real possibilidade de que tudo poderá piorar ainda mais com um apagão geral no transporte público.
Especialistas no assunto afirmam que, a continuar essa devastadora clandestinidade que assola o transporte público, com mais de 600 veículos, a Viação Cidade Verde – que dá um certo tom de ordem – de que ainda existe transporte público na cidade, poderá sucumbir como a Viação Vitória ou abandonar, antes disso, a cidade de Vitória da Conquista.
É público que o governo municipal, em vão, tentou atrair empresas para substituir a Viação Vitória. Mas a pergunta que não quer calar: Quem investiria milhões em um cenário caótico como esse?
POR ORA, O QUE TEMOS É A VIAÇÃO CIDADE VERDE
O que se vê nos grupões de whatsapp, comum em nossa cidade, é que alguns insistem no mesmo erro, criticando algo necessário. Porém as críticas, salvo engano, estão na direção equivocada. Criticam neste caso o efeito (ausência de ônibus) e não as causas (vans clandestinas) motivo da ausência.
Criticar a ausência de ônibus ou a empresa de ônibus só é explicável se o interesse for político.
REFLEXÕES:
“PESSOAS RECLAMAM DOS HORÁRIOS DOS ÔNIBUS”
“ RECLAMAM DA QUALIDADE DOS ÔNIBUS”
” RECLAMAM DA FREQUÊNCIA DOS ÔNIBUS”
” RECLAMAM DA TARIFA DO ÔNIBUS”
Na relação causa e efeito, os resultados (ausência do ônibus) estão perdidos no tempo e no espaço.
Nossos meios de comunicação, políticos e a própria população precisam fazem a pergunta:
“Quais os eventos evidentes que movimentaram as causas antecessoras dos efeitos que tanto reclamamos? A falta do ônibus? A tarifa elevada?
Nesse caso, entenda-se por efeitos a ausência do ônibus e por causas, a clandestinidade.
O que nos motivou a escrever este editorial foi justamente os reclames que nos chegam, de moradores de algumas regiões. Apenas uma deles como exemplo:
PRADOSO E BAIXÃO:
Fomos pesquisar. Por lá circulam cerca de 15 clandestinos contra um ônibus. O que ocorre nessa relação causa e efeito?
Os que podem pagar pelo passagem, pensando economizar alguns centavos, viajam de vans e encaminham seus filhos estudantes, pais, parentes idosos ou deficientes para os ônibus. Só que estas pessoas que dão preferência aos clandestinidade prejudicam a região em se tratando do necessário transporte público.
Na relação causa e efeito as pessoas, erroneamente, culpam o ônibus, insistindo em não enxergar que o culpado pela exclusão social em sua região é a clandestinidade sustentada pela própria população.
Finalizando, quem menos pode pagar, pagará a fatura que banca a clandestinidade Os pasageiros.
Na mesma penúria os empresários, que geram empregos e pagam impostos, arcarão com um vale-transporte mais caro do que deveria, por conta da clandestinidade que retira do sistema os passageiros que ajudariam a manter esse mesmo sistema.
Enfim, a grande lição :
A CLANDESTINIDADE VAI IMPOR, NA RELAÇÃO CAUSA E EFEITO, A PASSAGEM MAIS CARA QUE CONQUISTA JÁ EXPERIMENTOU.