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A denunciada “indústria de multas” que se instalou em Vitória da Conquista tem provocado a evasão da clientela de lojas do centro comercial para os shoppings, que além de possuírem estacionamento próprio, não possuem câmeras de monitoramento da Prefeitura nas redondezas.
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“Não tem espaço sequer para parada para, por exemplo, embarcar ou desembarcar um cliente, uma pessoa idosa que precisa ir ao banco ou clínica”, conta o motorista Carlos Roberto Pires. “Em menos de 10 segundos de parada já tem multa pronta pra você receber em casa. Isso é ruim para a cidade, que oprime as pessoas”.
A queixa é geral e vai desde pessoas que circulam diariamente pelas ruas centrais até os comerciantes, que reclamam da passividade da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) diante da situação. “Primeiro reduziram as vagas, agora é tolerância zero”, diz um comerciante, que prefere não se identificar.
“A CDL ignora os nossos problemas, porque perdendo clientela, seremos obrigados a demitir e, com isso, a economia conquistense vai sofrer um abalo sem precedentes, principalmente com a proximidade das festas de final de ano”, continua. “Vamos nos mobilizar por conta própria e pressionar os vereadores a rever essa situação”, concluiu.
Um leitor do site chama a atenção para outro problema que cresce na sombra da impunidade, oculto aos “olhos das câmeras de vigilância” e da “falta de ação da Prefeitura”. Diz o leitor:
” (…) Mas o clandestino vanzeiro pode se apropriar de quarteirões inteiros para fazer só espaço público extenso de seu ilegal negócio. Sem recolher nenhum imposto em âmbito municipal, estadual ou federal. Sequer cumprem a legislação trabalhista e, de quebra, quebram um bem público que é o transporte público.
Concorrência predatória que faz a tarifa subir mais do que devia, com ele o vale-transporte do lojista que gera empregos e paga impostos e em uma ciranda – ou espiral – o governo precisa multar para arrecadar e com a arrecadação da indústria da multa, que tira cliente do lojista, ele arruma recursos para sustentar a empresa Viação Rosa, justo porque o vanzeiros tiram receita dela e os cofres públicos precisam patrocinar o rombo dos clandestinos (…)“.
Outro lado
A Prefeitura mantém 22 câmaras de monitoramento de trânsito nos principais pontos da cidade. Em nota no site oficial da PMVC, publicada em junho, o secretário de Mobilidade Urbana, Jackson Yoshiura, destaca que a finalidade é acompanhar o trânsito da cidade e melhorar a fluidez.
“A instalação de câmeras no centro da cidade tem o objetivo de melhorar a fluidez e aumentar o alcance do órgão de trânsito”, reforçou. O monitoramento é ampliado para o Bairro Brasil, Avenida Olívia Flores e Avenida J. Pedral
A nota enfatiza que “através das câmeras, a equipe da Secretaria trabalha com mais tranquilidade e alcança uma cobertura com mais eficiência”. A agente de Fiscalização e assessora da Coordenação de Trânsito, Rayner Mendes rebate as críticas sobre a propalada “indústria de multas” distribuída por ruas e avenidas de Conquista.
“Mais do que autuar, a gente quer disciplinar os condutores no sentido de uma circulação segura. O videomonitoramento traz uma cidade com o trânsito mais organizado. Também proporciona mais tranquilidade porque a gente alcança mais áreas”, declarou.
As câmeras estão espalhadas pela área central da cidade e a quantidade de equipamentos deve aumentar nos próximos meses. Ainda segundo secretário de Mobilidade Urbana, “o monitoramento vai ser ampliado para o Bairro Brasil, Avenida Olívia Flores e Avenida J. Pedral.
A gente precisa se adequar ao crescimento da cidade para torná-la mais ágil garantindo o direito de ir e vir no menor tempo e maior segurança”, ressaltou. A fiscalização por meio de câmeras dentro da cidade está permitida desde 2015, através das resoluções 471 e 532 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran). A reportagem tenta contato com a CDL.