Outubro Rosa: sessão especial debate importância da prevenção ao câncer de mama

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Imagem: Divulgação/acervo

A rede pública de Itapetinga, no sudoeste da Bahia, receberá até o mês de novembro o seu primeiro mamógrafo, aparelho que realiza a mamografia. O exame é capaz de diagnosticar o câncer de mama logo no início. A novidade foi anunciada pelo secretário municipal de Saúde, Helder Serafim, durante sessão especial realizada pela Câmara de Vereadores nessa quarta-feira (20).
A sessão especial, proposta pelo vereador Jair Saloes (PMDB), teve como objetivo debater e alertar a sociedade sobre a prevenção do câncer de mama, tipo de câncer mais comum entre as mulheres, depois do câncer de pele não melanoma, e o que mais mata mulheres no mundo.
O evento contou com uma palestra ministrada pelo médico ginecologista e obstetra Rubens Pereira Moura, que explicou os principais objetivos da campanha Outubro Rosa, chamou a atenção para a importância do diagnóstico precoce e desmitificou algumas questões relacionadas à doença.
O ginecologista também comemorou a parceria firmada entre a Clínica Pró Vida e a Secretaria Municipal de Saúde para realização da campanha neste ano. Ele adiantou que no dia 8 de outubro, por exemplo, acontecerá um evento na Praça Dairy Valley. Além da realização de palestras, o projeto relacionado ao Outubro Rosa oferecerá mamografias gratuitas para pessoas carentes.
Ao justificar a sessão, Jair Saloes ressaltou a importância da prevenção ao câncer de mama, lembrando que esse cuidado com a saúde deve ser diário e não apenas no mês de outubro, quando acontece a campanha de conscientização no mundo.
A psicóloga Juliana Moura falou sobre o impacto da doença na saúde mental da paciente de câncer de mama. “Precisamos estar atentos ao que esta mulher está sentindo, pensando, demonstrando”, alertou. Também participaram da mesa solene a enfermeira Mariana Rodrigues e as pacientes Neusa de Oliveira e Valéria Messias, que contaram histórias de luta e superação.
Ascom

Apenas 1650 mamógrafos estão disponíveis

 no sistema público em todo o Brasil

Existem 3315 mamógrafos no país, e o relatório do Tribunal de Contas da União divulgou que o número é adequado em relação ao que preconizam organismos internacionais (se a distribuição fosse homogênea, o número adequado seria 1 mamógrafo para cada 240.000 habitantes). Acontece que, da população brasileira, 80% utilizam o SUS, e destes 3315 mamógrafos, apenas 1650 estão disponíveis no sistema público, sendo que 412 pertencem exclusivamente às UPSs (Unidades Públicas de Saúde). Além disso, sabe-se que a distribuição dos mamógrafos não é homogênea para servir adequadamente às necessidades da população.
Para o diretor médico do Instituto Oncoguia, o oncologista clínico Dr. Rafael Kaliks, além da questão do número de aparelhos, a  simples disponibilidade de mamógrafos no país não garante o impacto do exame na redução da mortalidade por câncer de mama. “Deve-se garantir, por exemplo, a qualidade do exame realizado. Um rastreamento mal feito dá a falsa sensação de segurança à paciente e ao sistema de saúde como um todo”, comenta. Também, para que a execução da mamografia de rastreamento traga benefício a uma mulher, um resultado anormal no exame deve ser seguida de investigação imediata (com exames adicionais) e tratamento apropriado em tempo hábil, entre 30 e 40 dias diante de um eventual diagnóstico de câncer. “Tal eficiência ainda não existe no Brasil”, destaca Dr. Kaliks.
Outra questão para reflexão nesse Dia Nacional da Mamografia, recorre sobre a “aderência” ao exame. De acordo com o INCA, 70% das brasileiras entre 50 e 69 anos têm acesso à mamografia – incluindo rede pública e privada. No entanto, dados da Pesquisa Avon/IPSOS – Percepções sobre o Câncer de Mama – revelam que apenas 20% das mulheres brasileiras fazem a mamografia ao menos a cada dois anos. “O importante é garantir que ao menos 70% da população elegível faça o exame, caso contrário não se observará redução da mortalidade por câncer de mama graças a esta estratégia de rastreamento”, afirma Rafael Kaliks.  Para a presidente do ONCOGUIA, Luciana Holtz, além da questão da disponibilidade do mamógrafo, são inúmeras barreiras à aderência das brasileiras. “Há o medo pela dor durante o exame, há o medo da possibilidade da descoberta de um câncer (ainda há quem pense que é melhor não fazer para não saber). Há o medo de resultados errados, há o medo do estigma social do câncer”.
Holtz e Kaliks finalizam com um alerta sobre os chamados grupos de risco: pacientes com familiares próximos que tiveram câncer de mama e/ou ovário em idade precoce (antes dos 50 anos), devem ficar alertas e discutir a questão com seus respectivos médicos. Para estas pessoas com história familiar, o rastreamento DEVE ser iniciado mais precocemente, sob orientação idealmente de um mastologista ou ginecologista com experiência em câncer de mama. “Tais mulheres podem ter uma indicação formal de fazer rastreamento com ressonância nuclear magnética, se confirmado que elas de fato pertencem a um grupo de risco elevado. Para pacientes de alto risco, a ressonância  é recomendada mundialmente, como complemento à mamografia e ao exame das mamas por um profissional habilitado. Além desta estratégia mais agressiva de rastreamento, famílias com risco elevado deveriam ter à disposição orientação oncogenética. O oncogeneticista consegue mapear a família e calcular o risco de um câncer, ajudando a formular estratégias de prevenção de maneira individualizada”, afirma o oncologista. “Além de todos estes dados relativos ao rastreamento de pessoas supostamente saudáveis, quaisquer mulheres que notem alteração nas mamas devem buscar um mastologista imediatamente, não esperando pelo próximo exame anual”, finaliza Luciana.
Fonte: Oconguia

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