OPINIÃO DO LEITOR – Breves linhas sobre o (des)governo Herzem

Conquista vai completar 176 anos de emancipação política. Carregamos no nome de nossa cidade o massacre sobre os povos indígenas; já vivemos sob a égide do coronelismo e dos currais eleitorais; tivemos um Prefeito cassado, um Vereador assassinado, um Juiz destituído e centenas de perseguidos durante a Ditadura Civil Militar. Mesmo carregando estas marcas e memórias, o povo conquistense foi mais forte e conseguiu construir uma cidade pujante, destaque nacional em diversos aspectos e de uma conscientização e participação política impar.
 Estamos entrando no terceiro mês do governo Herzem, mas parece que o novo Prefeito ainda não se deu conta de que o Gabinete não é um programa de rádio, e que a Prefeitura não é de sua propriedade. Nesse pequeno lapso temporal o (des)governo municipal já vivenciou diversas crises políticas, com alterações de secretariados e revogações de atos administrativos. Aliás, uma promessa de campanha era a redução de secretarias e de cargos comissionados, algo que não aconteceu. Além disso, a distribuição de cargos para amigos e parentes de seu grupo político já é feita sem qualquer pudor. O nepotismo cruzado já alcança mais de uma dezena…
Agora, ao ser questionado sobre a péssima qualidade da merenda escolar na cidade, o Prefeito já fala em “terceiriza-la, seguindo o exemplo de Salvador”. Sr. Prefeito: Conquista não é Salvador! E a quem serve a terceirização da merenda? Talvez a quem tenha financiado a campanha do peemedebista!
 É melhor eu ter cuidado com as palavras, porque senão posso ter o mesmo destino que os jornalistas Paulo Nunes e Frarley Nascimento que já estão sob a mira de um processo judicial movido pelo Sr. Gusmão. Isso mesmo, o radialista que sempre bradou pela liberdade de expressão está processando dois colegas que tem fiscalizados suas ações. Por sinal, os vereadores e o Ministério Público tem que fiscalizar de perto as ações deste (des)governo, que já aumentou de forma ilegal e imoral a tarifa de ônibus em 50 centavos. Em outros tempos teríamos manifestações, ruas fechadas e marchas por toda a cidade, mas parece que ainda estamos desnorteados com o Golpe e com todos os ataques que o Governo Federal tem impingido ao povo brasileiro.
 Herzem, afilhado do corrupto Geddel Vieira Lima, coaduna com tudo o que está acontecendo. E de um Prefeito que afirma que “a PEC 55 foi uma benção para o Brasil”, e que tem massacrado os servidores públicos, só se pode esperar o pior. E falando em pior, não há outra definição para as alterações no trânsito. Que o diga quem utiliza o transporte intermunicipal e tem que descer obrigatoriamente na rodoviária. Se Herzem utilizasse esse transporte talvez não teria tomado esta atitude. Mas o transporte que o Prefeito gosta são as vans, que financiaram sua campanha e que estão rodando de forma ainda ilegal e sob a conivência da prefeitura. Será que alguém vai mexer nesse vespeiro?
A sua última perversidade foi a retirada de dezenas de famílias de uma ocupação no Bairro Cidade Maravilhosa. Os tratores chegaram às 04hs da manhã de um sábado (18/03) e derrubaram os barracos, sem qualquer chance das famílias retirarem seus pertences.
 Herzem já tem sido chamado de “prefeito bumerangue”, por ter voltado atrás em diversas de suas medidas; mas uma hora ele vai aprender a fazer o errado da forma certa. Se a população não se organizar e começar a se movimentar a pancada vai ser ainda maior. As ruas e os Conselhos são nossos principais vias de luta. Vale lembrar que pelo calendário do município já era hora de se estar convocando o Orçamento Participativo, uma das ferramentas mais democráticas de nossa institucionalidade. Será que Herzem vai mais uma vez passar por cima do povo ou a coisa vai ser diferente? Só a história nos responderá…


Por Alexandre Xandó, militante da Consulta Popular


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