OPERAÇÃO VANZEIROS – Ligação de vereador com transporte clandestino deve ser alvo de investigação

Uma série de imagens que circulam nas redes sociais mostrando a ligação do vereador afastado, Rodrigo Moreira (PP) e outros políticos com integrantes do transporte clandestino, podem resultar na ampliação da investigação sobre esse serviço, que movimenta mais de 600 veículos em Conquista, entre vans e carros de passeio.

A ausência de fiscalização repressiva e facilidade com que veículos clonados circulam na cidade reforçam as suspeitas. Nenhum dos políticos citados nas imagens se posicionou até o omento. A reportagem do Sudoeste Digital aguarda retorno.

Mesmo diante de evidências concretas da prática criminosa no transporte irregular de passageiros, reforçada com condutores inabilitados, sem curso de formação específica para este fim e com veículos ilegais, a fiscalização da Prefeitura não age para coibir. 
As cifras obtidas pelos clandestinos, obviamente não declaradas e desconhecidas, vão desde a venda ilegal de linhas e itinerários até a ligação, em alguns casos, com milícias, como já comprovado pela própria polícia e pelo Conselho de Segurança, em relatório oficial.

Cada linha pode chegar até R$40 mil, mais luvas mensais entre R$1,5 mil e R$2 mil, rateadas entre supostos agentes públicos. Quem não participa do esquema, corre riscos pessoal e patrimonial. Dia 8 de agosto uma van e uma kombi foram destruídas pelo fogo, no Bairro Brasil. O resultado deve ser apresentado até o dia 9 deste mês.

Existem, ainda, denúncias relatadas em estudo técnico encomendado pela Prefeitura, ao qual o Sudoeste Digital teve acesso na íntegra, que revelam o lado marginal do transporte clandestino em Vitória da Conquista. 

De acordo com o relatório, “existe um grande número de veículos com placas de outros municípios e até mesmo de outros estados”. Ao verificar a procedência dos registros nos órgãos de trânsito, os técnicos detectaram que seriam “provavelmente clonados ou adulterados”.

Ainda na página 89 do mesmo documento, é ressaltado que “além do registro de grande número de veículos com várias restrições, sejam administrativas, judicial e falta de licenciamento, algumas placas não foram encontradas no registro do sistema do DETRAN e alguns veículos possuíam restrições de furto/roubo”
Foi o que ficou constatado, na prática, pela Polícia Rodoviária Federal, em julho deste ano, ao apreender uma van, com ocorrência de furto em São Paulo. O condutor não tinha habilitação adequada para conduzir esse tipo de veículo e efetuava transporte irregular de passageiros no momento da abordagem.
Apesar da equipe se posicionar em locais estratégicos, principalmente nos corredores de circulação dos clandestinos, foram registros oficialmente 469 veículos tipo van, micro e demais similares trafegando com passageiros.
“Esse resultado retrata um número médio de veículos em atividade suspeita, o que significa dizer que esse número pode ser ainda maior, considerando que o período de coleta foi de apenas três dias e nas três primeiras horas de pico matinal, das 6 às 9 horas”, destaca o relatório.
Fundamentada nos riscos que a atividade clandestina representa à população, a promotora Lucimeire Carvalho exigiu fiscalização de combate à clandestinidade. Nem mesmo a recomendação da promotora, que além de solicitar a suspensão de edital de licitação por detectar falta de estudos técnicos de viabilidade para o transporte alternativo, também sugeriu a apreensão de todos os veículos clandestinos foi levada em conta pelo município.
Sem repressão, o município perde mais de R$350 mil por ano, somente em impostos não recolhidos. Com a perda anual de R$7 milhões, por sua vez, as empresas de ônibus alegam impossibilidade de manter a frota e os mais de 1.200 empregos, além de não poder adquirir novos veículos. 

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