O POVO TEM QUE DANÇAR – Prefeitura prefere apostar num São João frio a defender o povo contra a greve na Vitória

Jussara Novaes (EDITORIAL) – A greve na Viação Vitória entrou em seu quarto dia sem que nenhuma solução fosse apresentada pela empresa aos seus mais de 500 funcionários, com salários atrasados desde abril. Para agravar a situação, a Prefeitura – gestora do transporte público, não se manifesta, o sindicato cruza os braços e a empresa mostra sinais de falência. 

Mas, por trás dessa greve, existe um viés subliminar que carece de pronta e imediata intervenção judicial para que o quadro não se torne ainda mais agudo e sem remédio. Com grande parte da frota parada, mantendo-se apenas os 30% previstos em lei (30 veículos em circulação), a Vitória agradece aos céus por essa “generosa greve” deflagrada pelo sindicato dos rodoviários. 
Primeiro, porque o real interesse não é o de defender a classe esmagada pelo arrocho, opressão e ameaças de punição aos insurgentes. Por trás disso tudo está o abandono das linhas economicamente inviáveis, que dão prejuízos aos cofres da empresa e, por conseguinte, economia de óleo diesel e não pagamento das horas extras.
Estranhamente a Prefeitura que, volto a dizer, é a responsável pelo transporte público, por meio da Secretaria de Mobilidade Urbana (Semob), não recorreu ao socorro da direção da Cidade verde para cobrir algumas linhas que foram suspensas pela greve da Vitória. Parte dos 40 mil usuários diários da Vitória, sem ônibus nesses dias de paralisação, realmente não significa nada para a Prefeitura.
E mais. Nos bastidores sombrios de acordos imorais, celebrados por quem deveria ser o escudo dos rodoviários e da população, está o evidente e repugnante desejo de prejudicar a Viação Cidade Verde, a despeito de essa empresa cumprir regiamente suas obrigações de outorga, fiscais e trabalhistas. 
Os ataques surgem de todos os lados contra a empresa, seja por ações judiciais indecorosas, como a patrocinada pelo ex-vereador Arlindo Rebouças e abraçada fervorosamente pela assessoria jurídica dos opositores, que pode resultar na saída da Cidade Verde de Conquista; ou pelas pressões da Prefeitura e do sindicato, que apenas querem ver o circo pegar fogo. 
Resultado de tudo isso? Rodoviários atravessando dias de incertezas, sem dinheiro para as despesas básicas em casa, com um “São João” desanimado e alguns com sinais de depressão; comércio de “braços cruzados” com os esvaziamento de clientes que dependem de ônibus nas linhas desassistidas e o transporte público em processo letárgico. 
Pela ampla divulgação das festas juninas que a Prefeitura faz, a despeito das insossas atrações, o que podemos deduzir é que essa gestão quer mesmo é ver o povo dançar. Tanto faz no quentão do Glauber Rocha ou no frio do Terminal. Ainda bem que o “São João” passa. Infelizmente o mesmo não se pode dizer da crise no transporte em Conquista.

COMPARTILHAR