O policial militar João Wagner Madureira, suspeito de matar a jovem Fernanda Santos Pereira, de 23 anos, a tiros, na cidade de Ilhéus, no sul da Bahia, foi preso nesta quinta-feira (18). Segundo a Polícia Civil, o conflito que motivou o crime foi a disputa pela chave de um apartamento.
A prisão de João Wagner Madureira aconteceu três dias após ele se apresentar na delegacia de Ilhéus. O crime ocorreu uma semana antes, no último dia 11, em um posto de combustíveis do município.
De acordo com o delegado Helder Carvalhal, titular do Núcleo de Homicídios, inicialmente o homem foi ouvido e liberado, já que o prazo para prisão em flagrante havia encerrado. O suspeito alegou disparo acidental.
Depois, o mandado de prisão foi cumprido por equipes do Núcleo de Homicídios de Ilhéus e da 7ª Coordenadoria Regional de Polícia do Interior (7ª Coorpin), com o apoio da 69ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM).
“O mandado de prisão foi solicitado sob sigilo, com o objetivo de preservar o inquérito policial, onde reunimos todos os elementos probatórios que comprovaram a materialidade e a autoria”, informou Carvalhal.
Diante do caso, a Polícia Militar informou que o suspeito foi afastado das atividades enquanto o caso estiver em investigação.
De acordo com o delegado, o principal indicativo para motivação do crime é de ato fútil.
À TV Santa Cruz, afiliada da TV Bahia na região, ele esclareceu que o soldado foi ao posto de combustíveis recuperar a chave do apartamento de uma tia. Fernanda teria pegado a chave por achar que a mulher havia lhe roubado uma caixa de som.
Novas imagens das câmeras de segurança mostram o momento que o PM chega ao local, à paisana, e procura pela vítima. Os dois discutem verbalmente e ele começa as agressões até que saca a arma, imobiliza a jovem e atira contra ela.
“Nós verificamos que não há um disparo acidental. O que nós percebemos, de acordo com as imagens, depoimentos colhidos, testemunhas ouvidas… Houve o acionamento do gatilho da arma e, por essa razão, a Polícia Civil entende que houve a prática de um crime de homicídio”.
Em nota enviada à imprensa anteriormente, os advogados do suspeito disseram que o homem não conhecia a vítima, que estaria “descontrolada” no momento do confronto. [Veja a íntegra da nota ao final do texto]
A jovem chegou a ser socorrida pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para o Hospital Costa do Cacau, mas não resistiu aos ferimentos. O corpo dela foi sepultado na tarde de sexta (12), no cemitério da cidade. | G1
Veja abaixo a íntegra da nota da defesa do policial:
É com profundo pesar que comunicamos a todos sobre o trágico incidente envolvendo o policial militar João Wagner Madureira, conhecido como Cenoura, lotado na 69ª CIPM, na madrugada desta quinta-feira(11/01).
No calor de uma discussão, o PM se envolveu em um incidente fatal que resultou na perda de uma vida. O policial sempre dedicou sua carreira à defesa da sociedade e, em especial, à proteção das mulheres atendendo e prestando socorro em diversos casos de agressão a mulher. O ocorrido é inquestionavelmente repugnante, e estamos cientes da gravidade dos fatos.
João Wagner está comprometido em se apresentar voluntariamente às autoridades competentes e cooperar plenamente com as investigações em curso. Entendemos que essa tragédia em questão não apaga sua história em defesa da sociedade enquanto policial militar, mas compreendemos a responsabilidade de responder judicialmente por seus atos. Como deve sempre ser, independente de quem seja.
É importante esclarecer que, embora as acusações de feminicídio estejam presentes na cobertura midiática, afirmamos categoricamente que o policial militar não conhecia a vítima e que o ato não foi motivado por violência doméstica, familiar, menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
O vídeo que circula nas redes sociais mostra o momento em que João Wagner Madureira aparece com uma arma em punho apontada para o chão. As imagens não divulgadas irão provar que a arma não tinha a intenção de intimidar a vítima, mas sim afastar pessoas alteradas na localidade. Quanto ao disparo ocorrido, esse se deu de forma acidental, quando a vítima e o policial entraram em vias de fato, momento em que a vítima tenta segurar a arma do policial, acabando por acionar a tecla do gatilho de forma involuntária como mostra as imagens divulgadas e que resultou na fatalidade que lamentamos profundamente.
João Wagner Madureira reconhece a gravidade do ocorrido e está preparado para responder perante a justiça dos homens e a justiça divina. Neste momento difícil, expressamos nossas sinceras condolências à família enlutada.
Nosso compromisso é com a verdade e a justiça, e confiamos no devido processo legal para esclarecer os detalhes deste trágico episódio.