MOBILIDADE | Usuários do transporte coletivo avaliam positivamente faixa exclusiva para ônibus

A cada dia, aproximadamente 90 mil pessoas utilizam o transporte coletivo em Vitória da Conquista. Desse total, cerca de 14 mil passam pela Rua Siqueira Campos, uma das vias mais movimentadas da cidade. Desde segunda-feira (21), quem trafega pela rua se depara com uma novidade: o funcionamento, ainda em fase experimental, de uma faixa do lado de uso exclusivo dos ônibus que operam no transporte coletivo urbano. O período de experiência vai até 10 de abril.

Os cones colocados pela Secretaria de Mobilidade Urbana (Semob) na linha central da via, assim como as placas espalhadas pelos 880 metros que vão da Praça Crésio Dantas Alves (Praça da Escola Normal) até a esquina com a Rua Coronel Gugé, indicam que os condutores de carro, motos e outros veículos que não sejam ônibus do transporte público só podem circular na faixa esquerda da Siqueira Campos.

Para a implantação da faixa exclusiva, 62 vagas de estacionamento foram removidas da rua.

A novidade têm provocado reações diversas entre as pessoas que circulam pela Siqueira Campos, mas, para as pessoas que andam de ônibus a tendência é aprovar a medida, considerando a possibilidade de que os percursos durem menos tempo.

A estudante Kayla Evangelista, 20 anos, entra e sai todos os dias dos ônibus coletivos, pois frequenta as aulas no campus da Universidade Federal da Bahia (Ufba). Ela passa pela Siqueira Campos quando retorna para casa, geralmente no horário de pico entre as 18h e as 18h30. “Estou chegando bastante tarde, principalmente quando saio às seis, seis e meia, por aí”, conta Kayla. Com a faixa exclusiva, ela espera chegar em casa mais cedo. “Vai melhorar muito”, afirma.

A possibilidade de que as faixas exclusivas sejam ampliadas para outras vias, permitindo que também a ida à faculdade transcorra de forma mais rápida, também a empolgam. “A minha expectativa é por um melhor tráfego para a gente chegar à faculdade mais rápido. Geralmente, nos horários de pico, é bem difícil chegar cedo. Aí, a gente acaba tendo que sair de casa mais cedo, para pegar o ônibus mais cedo. A implantação da faixa exclusiva vai ser muito melhor e mais fácil para a vida dos estudantes que pegam ônibus”, avalia.

A operadora de loja Clara Emanoela Santos, de 24 anos, também depende do transporte coletivo, mas para trabalhar. Embora seja usuária do transporte coletivo, ela demonstra uma preocupação com que o trânsito possa fluir com maior agilidade não apenas para quem, como ela, usa os ônibus diariamente, mas também para os condutores de veículos particulares.

“O passageiro vai chegar mais rápido, vai ter menos fluxo de carros”, diz Clara, ao mencionar o que espera da implantação das faixas exclusivas. Nas etapas posteriores à atual fase de experimento, ela espera por um tráfego estabilizado. “Que futuramente as coisas se normalizem”, espera. “E que fique bom para os dois lados”, completa.

Outro que conhece bem o trânsito em Vitória da Conquista, e que garante esperar por melhorias a partir da implantação das faixas exclusivas, é o aposentado José Carlos de Souza, de 71 anos. Nesta terça-feira (22), por exemplo, ele, que mora na avenida Frei Benjamin, foi à Estação Herzem Gusmão para tomar um ônibus até o Centro Municipal de Atenção Especializada (Cemae). Com a iniciativa da Prefeitura, ele espera por melhorias futuras. “Sou a favor, porque essa faixa vai dar mais agilidade aos coletivos. E, geralmente, quem pega o coletivo, tem pressa. Agora, que se faça uma coisa que agrade o povo. Mas eu, particularmente, sou a favor”, reforça José Carlos.

Alan Jéferson Marques, de 24 anos, percorre diariamente o trajeto entre a Estação Herzem Gusmão e a Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb), onde estuda. Quando as aulas terminam, ele costuma demorar mais do que gostaria para voltar para casa. Avalia que a faixa exclusiva vai atenuar esse detalhe. “Acredito que, para quem precisa do transporte público todos os dias, vai acabar acelerando o processo, porque vai diminuir o tempo utilizado no trânsito. Da Uesb para o trânsito, costuma demorar de trinta a quarenta minutos”, relata o estudante.

“Acredito que, com um tempo menor no trânsito, as pessoas vão poder se programar melhor para fazer suas atividades no dia a dia, gastando menos tempo também. É uma qualidade de vida melhor para o usuário”, acrescenta Alan Jéferson.

Nara Alves, de 50 anos, que trabalha numa clínica de hemodiálise e passa pela Siqueira Campos diariamente quando retorna do trabalho para casa já experimentou os benefícios da faixa exclusiva. “Percebi que a viagem ficou mais rápida. Porque, com o fluxo de carros ali, que é muito, a gente sempre demora mais para chegar em casa. E agora, como vai ser só para ônibus, ficou muito bom mesmo”, analisa Nara. “Tenho chegado em casa mais cedo e estou gostando muito. Achei que foi uma mudança muito boa para nós, como usuários do ônibus”, conclui.

As estudantes Sandy e Deise Xavier, também estão habituadas a trafegar todos os dias pela Siqueira Campos e por outras vias da cidade. As duas moram no bairro Brasil e estudam no extremo oposto da área urbana: Sandy, na UniFTC, e Deise, na Uesb. “Gasto 30 minutos até a faculdade”, conta Sandy. “Se fosse de carro, ou se o trânsito diminuísse, seria mais rápido. Mas aí, com essa implantação da via pública só para os ônibus, seria muito interessante. Diminuiria muito o tempo, né?”, imagina a estudante. “Seria muita vantagem”.

Como a Uesb é mais distante, Deise passa em média uma hora por dia no ônibus. “Ou às vezes mais, dependendo do horário. Diminui o tempo quando é de noite, quando eu volto”, relata. A novidade na Siqueira Campos e a posterior ampliação são notícias que a agradam. “Tendo essa via exclusiva só para os ônibus, ajudaria bastante, porque o tempo no trajeto seria bem menor”, diz Deise.

Outras informações

De acordo com o decreto assinado pela prefeita Sheila Lemos e publicado no Diário Oficial do Município no dia 18 de março, também poderão circular pela faixa exclusiva de ônibus os veículos destinados a socorro de incêndio e salvamento, de polícia, de fiscalização e operação de trânsito e ambulâncias, conforme os termos do artigo 29 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB).

Veículos prestadores de serviços de utilidade pública, quando em atendimento na via, podem parar e estacionar no local em que for feita a prestação de serviço, desde que devidamente sinalizados e identificados na forma estabelecida pelo Contran. A Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana também deverá ser previamente informada sobre os atendimentos que ocorrerem na faixa exclusiva de ônibus.

Outros veículos só poderão utilizar a faixa no momento em que fizerem conversão em cruzamentos nos locais sinalizados para tal, bem como para a entrada ou a saída de lotes lindeiros adjacentes (aqueles que estão situados ao longo de vias urbanas e rurais e com elas se limitam).


COMPARTILHAR