A causa é sempre mais importante do que a bandeira. Pelo menos é assim que acontece nas democracias maduras. Se algo é importante para o conjunto da sociedade, não tem sentido você torcer contra, somente porque a ideia não partiu de alguém que faz parte do grupo político que você simpatiza.
Vejam, por exemplo, o caso daqueles que hoje torcem para que a inflação dispare e para que a economia saia do controle, somente para atingir a imagem do Presidente da República.
Quem pensa dessa forma, não tem sensibilidade suficiente para perceber o grau de sofrimento que a realização desse desejo destrutivo traria para milhões de brasileiros, principalmente para aqueles mais necessitados.
É neste ponto que o cidadão egoísta, movido pela cegueira ideológica, contribui, sem saber, para o atraso da própria sociedade em que vive. Prefere perder a razão, desde que ganhe a discussão.
Vejamos agora um exemplo com viés ideológico oposto. Recentemente o deputado federal Daniel Almeida, do PC do B da Bahia, ocupou a tribuna da Câmara dos Deputados para denunciar um caso de descumprimento de contrato pela Via Bahia, empresa que administra o trecho baiano da BR-116.
Todos nós sabemos que o deputado Daniel Almeida faz parte da base de apoio daquele que talvez seja o pior governo estadual que a Bahia já teve em toda a sua história. O estado ocupa as últimas posições em indicadores como educação e segurança púbica e estamos piorando a cada ano que passa.
Por outro lado, a cobrança feita por ele em relação à Via Bahia é uma causa de interesse público. Sendo assim, não é justo deixá-lo sozinho com essa demanda.
Em seu pronunciamento, o deputado citou a visita do então ministro Tarcísio de Freitas à Bahia, quando ele não só garantiu que tomaria providências em relação ao descumprimento do acordo pela empresa concessionária, como chegou a acenar com a possibilidade de cancelamento de contrato, caso as cláusulas não fossem cumpridas.
Dois anos se passaram, o ministro virou pré-candidato a governador de São Paulo, e nada foi feito em relação ao problema. Ficou só na conversa.
Há um mistério em relação à falta de posicionamento do Governo Federal no que diz respeito aos abusos da Via Bahia que não é de hoje. Desde a gestão de Dilma, quando as denúncias contra a empresa começaram a aparecer, que nenhuma providência é tomada.
Pelo visto há algum interesse oculto nos bastidores, para justificar essa inação. Algo que, estranhamente, permanece na atual gestão e que precisa ser esclarecido.
O deputado Daniel Almeida ressaltou ainda o prejuízo que a falta da duplicação do trecho baiano da BR-116, que estava prevista em contrato, está trazendo, não só para economia do estado, mas para a economia nacional.
Essa estrada faz uma ligação importante entre o nordeste e o sul do país. A lentidão no transporte das cargas que transitam por ela, aumenta o custo das mercadorias, prejudicando milhares de revendedores e consumidores em todas as regiões que ela serve.
O parlamentar chamou a atenção também para o grande número de acidentes que ocorrem na rodovia, principalmente nos trechos mais sinuosos, entre Vitória da Conquista e Jequié. Se a duplicação estivesse pronta, muitas vidas teriam sido salvas.
É diante de situações como essa, da falta de atitude do governo par enquadrar a Via Bahia, que percebemos a importância de uma oposição atuante no jogo político.
Essa demanda, longe de representar um ataque rasteiro à imagem do Governo Federal, como tem sido comum nos últimos tempos, representa uma cobrança legítima e de real interesse da sociedade.
Nas democracias saudáveis, o papel da oposição é justamente tirar a governança da zona de conforto, que poderia levá-la à procrastinação e ao desleixo.
Como dissemos no início, se somos realmente cidadãos que desejam o bem comum e o desenvolvimento da nossa região e do nosso país, em um momento como esse devemos descer as bandeiras ideológicas e colocar bem alto no mastro o interesse comum.
Nas eleições a gente volta a brigar de novo.
