JUSTIÇA – Cabral, Cunha, Garotinho: os políticos que foram parar atrás das grades em 2016

Cabral, Cunha e Garotinho: políticos do Rio passaram apuros com a Polícia federal em 2016
Cabral, Cunha e Garotinho: políticos do Rio passaram apuros com a Polícia federal em 2016

Foto: Pablo Jacob/André Coelho/Reprodução

Considerado turbulento por dez entre dez analistas, o ano de 2016 foi marcado pela prisão de figuras de alta relevância no cenário político nacional. Seja pelo âmbito da Operação Lava Jato, que está prestes a completar três anos de vida, seja por determinações judiciais que fogem de sua alçada.
Ex-ministro, ex-governadores, ex-senador, ex-deputado: uma variedade imensa de figuras imponentes de Brasília foi levada para trás das grades em 2016. Abaixo, listamos as prisões mais marcantes de políticos durante o ano que vai chegando ao fim.

Gim Argello, ex-senador (PTB-DF)

Gim Argello (PTB-DF) é levado pela Polícia Federal: favorecimento a empreiteiros
Gim Argello (PTB-DF) é levado pela Polícia Federal: favorecimento a empreiteiros Foto: Ailton Freitas

No dia 12 de abril, o ex-senador foi preso preventivamente pela Operação Vitória de Pirro, a 28ª fase da Lava Jato. A PF afirmou, à época, que havia indícios concretos de que ele solicitou vantagem indevida para evitar que empreiteiros fossem chamados para depor na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Petrobras, em 2014.
No dia 13 de outubro, Argello foi condenado a 19 anos de prisão, inicialmente, em regime fechado em ação da Operação Lava Jato pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e obstrução à investigação. O ex-senador foi absolvido do crime de organização criminosa.
Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda

Guido Mantega: abordagem da PF em hospital de São Paulo e revogação de prisão
Guido Mantega: abordagem da PF em hospital de São Paulo e revogação de prisão Foto: Givaldo Barbosa

No dia 22 de setembro, foi deflagrada a Operação Arquivo X, 34ª fase da Lava Jato. Nesta ocasião, a PF cumpriu mandado de prisão temporária do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega. Sem encontrá-lo em sua casa, Mantega foi abordado pela polícia no Hospital Albert Einstein, no Morumbi, Zona Sul de São Paulo.
A Operação Arquivo X investigava contratos da Petrobras para construção de duas plataformas e repasse financeiro em benefício do PT. Na tarde do mesmo, o juiz Sérgio Moro revogou a prisão de Mantega.
Antonio Palocci, ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil

Palocci é levado pela PF sob suspeita de favorecer a Odebrecht em contratos com poder público
Palocci é levado pela PF sob suspeita de favorecer a Odebrecht em contratos com poder público Foto: Pedro Kirilos

Quatro dias depois, veio à tona a Operação Omertà, que cumpriu mandado de prisão preventiva do ex-ministro da Fazenda de Lula e ex-Chefe da Casa Civil de Dilma, Antonio Palocci. A PF recolheu evidências de que Palocci atuou deliberadamente para garantir que o Grupo Odebrecht conseguisse contratos com o poder público. Em troca, o ex-ministro e seu grupo eram agraciados com propina. Ele está preso em Curitiba.
Eduardo Cunha, ex-deputado federal (PMDB-RJ)

Cunha é levado para Curitiba pela Polícia Federal: um ano difícil para o ex-deputado
Cunha é levado para Curitiba pela Polícia Federal: um ano difícil para o ex-deputado Foto: Geraldo Bubniak

No dia 19 de outubro, por decisão do juiz Sérgio Moro, o ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) foi preso pela PF em Brasília. Ele é acusado de receber propina de contrato de exploração de Petróleo no Benin, na África, e de usar contas na Suíça para lavar o dinheiro.
Cunha, que está preso em Curitiba, teve um ano de 2016 caótico. Afastado da presidência da Câmara dos Deputados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em maio, teve seu mandato cassado pelos colegas de Casa em setembro, por 450 votos a 10. Pouco mais de 30 dias depois, o ex-deputado viria a ser preso pela Polícia Federal e levado para a carceragem em Curitiba.
Anthony Garotinho, ex-governador do Rio

Garotinho foi preso pela PF, mas depois teve de ser levado ao Hospital Souza Aguiar para exames
Garotinho foi preso pela PF, mas depois teve de ser levado ao Hospital Souza Aguiar para exames Foto: Reprodução de TV

No dia 16 de novembro, o ex-governador do Rio e então secretário de Governo da cidade de Campos, Anthony Garotinho, foi preso pela Polícia Federal, em seu apartamento, no Flamengo, Zona Sul da capital. Garotinho é um dos investigados na Operação Chequinho, que apura o uso do programa social Cheque Cidadão para compra de votos na cidade em 2016.
Transferido para Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, após passar por uma bateria de exames no Hospital Souza Aguiar, ele foi liberado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para retornar ao hospital no dia seguinte de sua transferência. Após três dias de internação e um cateterismo, Garotinho foi para casa, onde permaneceu em regime de prisão domiciliar.

Transferência de Garotinho do hospital para Bangu foi marcada por empurra-empurra
Transferência de Garotinho do hospital para Bangu foi marcada por empurra-empurra Foto: Reprodução/Facebook

No dia 24 de novembro, o TSE revogou o mandado de prisão do ex-governador sob fiança de R$ 88mil, que foi paga por Garotinho. No entanto, foram impostas restrições: ele não pode ter contato com testemunhas do processo e determinaram que ele não poderá mudar de endereço e se ausentar da residência por mais de três dias sem avisar o juiz do caso.
Sérgio Cabral, ex-governador do Rio

Sérgio Cabral: suspeita de comandar esquema que desviou quase R$ 224 milhões em propina
Sérgio Cabral: suspeita de comandar esquema que desviou quase R$ 224 milhões em propina Foto: Reprodução

No dia seguinte da prisão de Garotinho, outro ex-governador do Rio foi detido, agora pela Operação Calicute. Sérgio Cabral foi levado pela Polícia Federal de sua casa, no Leblon, na manhã do dia 17 de novembro, suspeito de comandar um esquema que desviou dos cofres públicos cerca de R$ 224 milhões em propina.
Os investigadores concluíram que o ex-governador saqueou o estado com atos de corrupção envolvendo as empreiteiras Andrade Gutierrez e Carioca Engenharia, contratadas para executar grandes obras no estado – como a reforma do Maracanã, a construção do Arco Metropolitano e as obras do PAC para urbanizar favelas.
No dia 6 de dezembro, a advogada Adriana Ancelmo, mulher de Cabral, se entregou na sede da 7ª Vara Federal Criminal, no Rio, após mandado de prisão preventiva expedido pelo juiz Marcelo Bretas.

Adriana Ancelmo, mulher de Cabral, é acusada de se beneficiar do esquema comandado pelo marido
Adriana Ancelmo, mulher de Cabral, é acusada de se beneficiar do esquema comandado pelo marido Foto: Reprodução

Adriana é suspeita de lavagem de dinheiro e de ser beneficiária do esquema criminoso do grupo ligado ao marido. Ela foi alvo de mandado de condução coercitiva no mesmo dia em que o marido foi preso e chegou a ter a prisão temporária pedida pelo MPF, mas, na ocasião o pedido foi negado por Bretas, para quem que a eventual participação dela no esquema não justificaria a medida.
De Bangu, onde estava detido até o dia 10 de dezembro, Cabral foi transferido para Curitiba. A decisão do juiz Marcelo Bretas se fundamentou na denúncia de que o ex-governador estava recebendo visitas de amigos e familiares sem que eles estejam cadastrados na Secretaria Estadual de Administração Penitenciária (Seap). No dia 17, o ex-governador retornou a Bangu.

Cabral é transferido de Bangu para Curitiba; ele está na carceragem da PF no Paraná
Cabral é transferido de Bangu para Curitiba; ele está na carceragem da PF no Paraná Foto: Geraldo Bubniak

No dia 16 de dezembro, Cabral e Adriana Ancelmo se tornaram pela primeira vez réus na Operação Lava Jato. Sérgio Moro aceitou a denúncia do Ministério Público Federal em que o casal responde por por corrupção passiva, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e organização criminosa. Os dois teriam envolvimento no pagamento de vantagens indevidas a partir do contrato da Petrobras com o Consórcio Terraplanagem Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), formado pelas empresas Andrade Gutierrez, Odebrecht e Queiroz Galvão.
Ao aceitar a denúncia, Moro citou que Cabral e a mulher fizeram compras de roupas, cintos, relógios e móveis de alto valor. Em uma oportunidade, de acordo com o juiz, o ex-governador e a ex-primeira dama gastaram R$ 37,7 mil.

Leia mais: http://extra.globo.com/noticias/brasil/cabral-cunha-garotinho-os-politicos-que-foram-parar-atras-das-grades-em-2016-20660648.html#ixzz4TP4qgXvi


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