O prefeito de Jussiape, Éder Jakes (PSD), afirmou na sessão que marcou o retorno às atividades da Câmara que o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de Jussiape não acompanha o mesmo nível de gratificação salarial que os professores do município recebem. Éder questionou ainda os educadores que se graduaram, e não transmitem o saber aos alunos em Jussiape.
[A APLB e os vereadores] “não cobram o porquê de o Ideb de Jussiape não acompanhar o mesmo nível de gratificação salarial que eles recebem. De que basta fazer graduação, aperfeiçoar e não transmitir para o alunado de Jussiape tudo isso?”, questionou o prefeito. As informações são do site Jussiup.com.br
A respeito do ensino remoto, Éder disse que a APLB e os vereadores “que falaram com eloquência da questão da aula on-line não cobram dos mesmos professores, e cobram quinquênio, e cobram as graduações, que são de direito e de direito nós vamos pagar”.
“Professor, um educador, não tem que transmitir o saber?”, provocou.
“A mesma APLB que entulha a Prefeitura de processos não cobra dos educadores a transmissão do conhecimento aos alunos, haja vista o Ideb de Jussiape. Quantos alunos aqui [de Jussiape] foram aprovados na prova do Enem? Conta-se nos dedos”, disse.
“O ano passado [os professores] ficaram em casa, e não vi ninguém agradecer a ninguém por ter ficado em casa. O que eu vi foi uma geração se desvirtuar. Pais ficam desesperados com crianças que se dedicam quase oito horas únicas e exclusivamente ao celular. Mente vazia, território do demônio”, pontuou.
“O ambiente escolar, em uma escala que eu vou dizer aqui, é o menor ambiente de proporcionalidade para se contaminar. Todos os professores frequentam a feira livre: lá tem aglomeração. Todos vão ao culto, seja ele evangélico ou católico: tem aglomeração. A maioria, em suma, independente da bandeira político-partidária assumida, aqui, na época da eleição, participaram dos mais diversos movimentos políticos: não vi essa preocupação, aqui, de nenhum com contaminação pelo Covid-19 [sic]”.
“O que eu vi foram várias mães mandando mensagens, seja para minha esposa, seja para mim, seja para secretários, dizendo o quanto importante e quão felizes elas estão com o comprometimento dos professores de Jussiape neste momento difícil que elas estão passando em manter a mente desses meninos ocupadas”, informou.
“Um aparelho que foi criado para aproximar pessoas, hoje é um aparelho que desvirtua o ser humano daquilo que ele tem de melhor, que é a sua sociabilidade”, destacou.
“Imagina essa geração que ficou um ano inteiro perdida se ficasse agora, de novo, sem as aulas”, tornou a questionar.
“Em casa, nem sempre todo o professor vai ter um ambiente adequado e internet adequada. Às vezes, ele está dando aula e o filho chega e pergunta uma coisa. Alguém chega e bate na porta, e ele se vê obrigado a atender e isso tira a atenção do aluno”, justifica o prefeito ao defender a permanência dos professores na escola mesmo no período mais crítico em que o país atravessa na pandemia.
“Então, cobra as didáticas dos professores de Jussiape para que façam valer realmente aquilo que a educação manda: o transmitir o conhecimento para que o aluno supere o seu mestre e, no futuro, a gente possa ter aqui mais cidadãos e cidadãs cada vez melhor, lutando por um município cada vez melhor, e sem perseguição que é coisa que absurdamente nós não fazemos”, completou. | Imagem: Will Assunção/JUP
A APLB (Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia) Núcleo de Jussiape emitiu uma nota de repúdio após a fala do prefeito de Jussiape, Éder Jakes (PSD), sobre os professores da rede municipal de ensino.
Leia a íntegra da nota:
“Numa demonstração de total incompreensão sobre administração e educação, o prefeito proferiu na Câmara de Vereadores discurso na tentativa atacar a APLB Sindicato responsabilizando-a ao que lhe é de responsabilidade e dever como gestor público. Tentando tirar sua responsabilidade de gestor e da sua incompetente e desestruturada Secretaria de Educação e jogar no ‘colo dos professores’ a responsabilidade e culpa pelos baixos índices no Ideb de seu município.
Os reflexos da educação e, daí por diante os do Ideb, surgem por causa de ações de um trabalho conjunto e estruturado, coisa que sua SEC precisa! Dizer que estamos ‘entulhando’ a prefeitura de processos é no mínimo ser desrespeitoso: primeiro, com os servidores que por essa via estão reivindicando seus direitos desrespeitados; e, segundo, a esta entidade que exerce sua função enquanto representante desta categoria. Meça suas palavras, antes!
O Professor, nesta equipe, é apenas um membro de toda esta engrenagem. Estão habilitados e capacitados e requerem, portanto, uma estrutura direcional e organizacional competente para geri-los. Colocar culpa na didática destes é, no mínimo, desrespeitá-los! Exigimos respeito!
Não podemos enquanto entidade e enquanto educadores, aceitar uma falácia desta! Diante isto, repudiamos as falas do gestor Eder Jaques ao responsabilizar-nos de algo que é da sua competência e responsabilidade. Exigimos respeito!”