INCLUSÃO | Xandó cobra cumprimento da lei que garante intérprete de Libras na Câmara

Na Sessão Ordinária desta quarta-feira, 08, da Câmara Municipal de Vitória da Conquista, o vereador Alexandre Xandó (PT) dispensou os microfones da tribuna e contou com a contribuição de um intérprete de Libras para direcionar o seu discurso à comunidade surda. Ele denunciou a Casa por descumprir lei que exige intérprete de Libras em atividades oficiais.

Ao fazer parte da fala apenas na língua de sinais, o parlamentar chamou a atenção para o fato de essa comunidade se sentir excluída do debate da Câmara, já que as atividades legislativas não contam com intérprete. “A comunidade surda exige respeito”, disse.

Xandó ressaltou que quer o diálogo com esse segmento e não apenas para debater acessibilidade, mas também outras questões como a situação de postos de saúde e escolas. O edil explicou que provocou o Ministério Público para que a Câmara responda e solucione o problema.

Transcrição do discurso do vereador Alexandre Xandó proferido em Libras

Olá, bom dia a todos e todas, em especial à comunidade surda de Vitória da Conquista, da Bahia e do Brasil. Eu sou Alexandre Xandó, um jovem de apenas 32 anos que me candidatei pela primeira vez em 2020 e fui eleito o segundo vereador mais votado de nossa cidade, a terceira maior cidade da Bahia. Algo que sempre me deixou incomodado, na Câmara de Vereadores de nossa cidade, é a ausência de intérprete de Libras durante as sessões e atividades da Câmara. Cidades muito menores, com orçamentos muito menores, a exemplo da nossa querida vizinha Barra do Choça, possuem interprete de Libras durante as sessões das Câmaras de Vereadores. Indignado com essa situação, o primeiro ato do meu mandato foi protocolar um ofício no dia 2 de janeiro de 2021, requerendo ao presidente da Câmara que cumprisse a legislação.

Passados alguns dias já como vereador, descobri que existe uma lei municipal aprovada por esta própria Câmara que estabelece que “todos os eventos públicos oficiais, realizados no Município de Vitória da Conquista e distritos, deverão contar com a participação de um intérprete de Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS)”. E isso me deixou ainda mais indignado, pois a Câmara, que cria a lei, é a primeira a descumprir a própria lei.

Hoje, faço essa primeira parte do discurso somente em Libras, justamente para que os vereadores possam sentir o que vocês sentem todos os dias, que é enxergar alguém conversando em outra língua, mas não entender o que está se passando. Talvez com isso eles se sensibilizem um pouco.

Contudo, acredito que essa questão não seja resolvida somente por meio de sensibilização, mas sim através da luta. Por isso é que fiz uma denúncia no Ministério Público, para que este órgão tome as devidas providências, obrigando a Câmara de Vereadores a cumprir a lei que ela própria criou.

Agora, passo à segunda parte do meu discurso, em que irei falar e o querido amigo e intérprete Wemerson continuará interpretando, pois os vereadores também precisam escutar o nosso recado.


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