INCERTEZA – Rodoviários temem calote da Viação Vitória após comentários sobre falência

A deflagração de greve na Viação Vitória, pelo Sindicato dos Rodoviários, na tarde desta terça-feira (19), por atrasos salariais desde abril deste ano, deixou apreensivos os mais de 500 funcionários da empresa.

Sem avanço no acordo com o Ministério Público do Trabalho (MPT), após quebra de acordo firmado no final de maio deste ano, e com o caso indo parar na Justiça Federal, nenhuma hipótese é afastada, inclusive decretação de falência da empresa. A Vitória não se manifestou até o momento.

“A falência ou calote social já está sacramentado, pois deixaram que os funcionários trabalhassem sem salários e com duas ou mais férias sem receber e, com isso, elevando a soma nas mãos do patrão.

Não bastasse a tragédia social todos os funcionários ficarão sem seus FGTS e rescisões”, disse um especialista consultado pelo Sudoeste Digital.

PASSANDO NECESSIDADE

Sobre os salários atrasados, nenhuma perspectiva de recebimento e, o mais grave: comentários que citam a falência da empresa. “Estamos sabendo disso (falência) e é o que nos deixa ainda mais inseguros”, relatou um funcionário. “Pior que todos estão passando por necessidades, sem dinheiro para pagar as contas e com os nervos à flor da pele”.

            
A situação é tão grave que muitos motoristas e cobradores estão recorrendo a agiotas, financeiras e até a parentes e amigos para comprar o essencial para os filhos. “Como a gente pode trabalhar tranquilo, sem receber salários e com a responsabilidade de transportar centenas de pessoas todos os dias?”

Além dos salários e demais encargos trabalhistas, 
a Viação Vitória deve mais de R$30 milhões ao município, referente à outorga, além de R$500 mil em notificações, desde o ano passado.

Os comerciantes também estão preocupados com os rumos da greve. “Atravessamos uma paralisação dos caminhoneiros durante dez dias, com prejuízos que ainda não conseguimos reverter. Quando tudo parecia caminhar para a normalidade, com o estoque para o São João, temos a infelicidade de entrar em outra situação adversa com essa greve na Vitória. Está difícil”, queixou o comerciante Roberto Fernandes Dias, do ramo de confecções. 

BLOQUEIO

O sindicato informou, por meio do jurídico, que irá ajuizar uma ação até o final desta semana pedindo o bloqueio dos repasses que são feitos à Vitória para que sejam feitos os pagamentos de salários. A declaração foi dada pelo advogado Thalmus Rodrigues Azevedo.

Os ônibus da empresa foram recolhidos pelo sindicato e estão perfilados na Praça da Pedra, tradicional ponto de compra e venda de veículos usados, próximo ao ginásio de esportes “Raul Ferraz”. A Viação Vitória atende, diariamente, 40 mil usuários. Com a greve, a legislação assegura 30% da frota em funcionamento.

QUEBRA DE ACORDO

Em reunião na sede do MPT, que contou com a presença do Sindicato dos Rodoviários e Prefeitura de Conquista, no final de maio, a empresa se comprometeu, em ata, a honrar o pagamento de 40% do adiantamento salarial dia 5 deste mês. Sequer deu satisfação aos funcionários.

O percentual, referente a maio, deveria ter sido quitado no último dia 20 do mês passado. Até então, nada feito. O mesmo aconteceu no último dia 7, quando, também em acordo no MPT, deveria ter sido efetuado o pagamento do ticket alimentação de maio, igualmente em atraso.

Ficou acordado que o restante dos 60% do salário referente a maio deveria ser pago também nessa quinta, considerando ser este o 5º dia útil subsequente ao mês do salário vencido. A empresa nem pagou, nem se manifestou sobre a quebra de acordo.

No acordo, a procuradora deixou claro que, em caso de descumprimento do acordo por parte da empresa, esta teria que pagar a título de multa uma cesta básica, no valor de R$120,00, a cada um dos trabalhadores prejudicados por item descumprido.

NOTA DA PREFEITURA


“A Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista, por meio da Secretaria de Mobilidade Urbana (Semob), informa que o problema com o descumprimento das obrigações contratuais por parte da empresa Viação Vitória é recorrente, sendo que o município já adotou todas as medidas cabíveis, entre elas, o Processo Administrativo Disciplinar (PAD) de Caducidade. Sobre a diminuição do serviço em razão da presente greve, a Semob já está tomando as medidas administrativas”.


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