IMAGENS | Mulher morta a tiros por marido PM registrou boletim de ocorrência por ameaça em outubro

Erika relatou à época que Thiago havia discutido com ela por ciúmes após o casal sair de uma casa noturna e apontou arma para ela. Soldado negou crime à época. Neste domingo, ele deu 5 socos na esposa e atirou duas vezes nela.

No final de outubro, cerca de um mês antes de ser morta a tiros pelo marido, Erika Satelis Ferreira de Lima, a esposa do policial militar Thiago Cesar de Lima, registrou um boletim de ocorrência contra ele por ameaça, o acusando de apontar a arma para a cabeça dela.

No domingo (3) o soldado foi preso em flagrante pela Polícia Militar (PM) depois de dar cinco socos no rosto de Erika e disparar contra ela em Perus, na Zona Norte de São Paulo. Ele alegou que a esposa quis retirar a pistola Glock calibre .40 dele e, por este motivo, deu um tiro de advertência para o alto e depois atirou mais duas vezes nela.

A Polícia Civil o indiciou por feminicídio, o homicídio que envolve “violência doméstica e familiar e/ou menosprezo ou discriminação à condição de mulher”.

Em 30 de outubro, Erika registrou boletim de ocorrência por ameaça no contexto de violência doméstica. A vítima não quis, naquela ocasião, fazer representação criminal contra o soldado para que o caso fosse investigado nem pediu medida protetiva contra ele.

O registro policial foi feito na mesma delegacia que atualmente investiga o feminicídio dela: a 4ª DDM da capital. Segundo Erika relatou à época, Thiago havia discutido com ela por ciúmes após o casal sair de uma casa noturna.

Chegando à casa deles, os dois continuaram a discutir. Erika contou que Thiago ameaçou matá-la quando pegou a arma, apontou para sua cabeça e disse, segundo ela, disse que “não iria ver suas filhas crescerem”.
Em seguida, Erika chamou a Polícia Militar, que foi até a residência do casal e o levou até a Delegacia de Defesa da Mulher. Lá, Thiago confirmou a discussão, mas negou ter apontado a arma e ameaçado atirar na esposa.

Prisão
Nesta segunda-feira (4) o soldado passou por audiência de custódia e a Justiça converteu a prisão em flagrante dele em preventiva para que fique preso por tempo indeterminado até que seja julgado pelo crime. Thiago foi levado para o Presídio Romão Gomes, na Zona Norte. A reportagem não conseguiu localizar a defesa dele para comentar o assunto.

Segundo a delegada titular da 4ª DDM, Marina Cerqueira, o indiciado ficou em silêncio durante a maior parte do interrogatório.

A câmera de segurança de um imóvel na Rua Bananalzinho, em Perus, gravou o assassinato de Erika. As cenas, que circulam nas redes sociais, estão sob análise da polícia.
No vídeo é possível ver que Erika abre a porta da posição de motorista, dá a volta no veículo e abre a porta traseira. No banco de trás está Thiago. Ela tenta tirá-lo de lá, mas não consegue. Ambos saem do automóvel e começam a discutir do lado de fora.
Thiago aparece dando uma série de socos no rosto de Erika. Em seguida, ele atira nela. A mulher cambaleia e bate a cabeça no porta-malas, caindo no chão. O soldado entra no carro e acelera o veículo, mas depois retorna e a arrasta até o veículo. Enquanto isso, moradores saem de suas casas para saber o que aconteceu na rua. E acompanham toda a ação.
O PM levou a vítima até um hospital da região, o Pronto-Socorro de Taipas, onde a morte dela foi confirmada. Segundo o boletim de ocorrência do caso, ele confessou ter atirado na esposa após uma discussão. Alegou que ela havia tentado pegar sua arma e por isso disparou contra a esposa. Mas não é isso o que as imagens mostram.

A pistola do policial militar foi apreendida para perícia. A Corregedoria da PM foi acionada para apurar a conduta de Thiago. Ele também responderá criminalmente na Polícia Civil.
O velório e o enterro de Erika aconteceram na tarde desta segunda, no Cemitério Valle das Colinas, em Franco da Rocha, região metropolitana de São Paulo.


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