EXCLUSIVO | Conquista sobe mais de 60 posições no Ranking das 100 cidades após investimentos do Governo do Estado em saneamento básico

Visão panorâmica da cidade que teve a rede analisada pelo Instituto Trata Brasil - Foto: Eduardo Martins l Ag. A TARDE l 16.3.2014


SUDOESTE DIGITAL | Da redação – O município de Vitória da Conquista, sudoeste da Bahia, na 8ª posição da lista de Meio Ambiente, subiu mais de 60 posições entre os 100 avaliados no Ranking Connected Smart Cities (CSC), desenvolvido pela Urban Systems, que chega a sua 6ª edição.

De acordo com o estudo, o avanço tem como reflexo das alterações nos seguintes indicadores: aumento do atendimento urbano de esgoto (de 96% para 100%); aumento no tratamento do esgoto coletado (de 93,7% para 97,3%); aumento da cobertura do serviço de coleta de resíduos (de 66,1% para 95,4%) e monitoramento das áreas de risco

Com cerca de 350 mil habitantes, Vitória da Conquista tem 100% de sua população atendida pelo abastecimento de água e 97,3% das residências ocupadas da zona urbana com recolhimento de esgoto, muito acima do índice médio do país. É a cidade do Norte-Nordeste com a melhor cobertura saneamento básico, segundo o Instituto Trata Brasil.

Também é o município com melhor cobertura de saneamento do país em relação ao seu Produto Interno Bruto (o PIB per capita conquistense é de R$ 17.991, ou 59% dos R$ 30.407 nacional). Ou seja, é a cidade brasileira que mais fez pelo saneamento com menos dinheiro.

Esse resultado foi conquistado a partir do trabalho realizado nos últimos dez anos. Em 2008, o esgoto chegava a apenas 45% das residências da zona urbana. A unidade de tratamento, que se resumia a uma lagoa de decantação, ficava numa região próxima ao centro e era apelidada de “pinicão” pelos moradores do entorno por causa do mau cheiro.

Hoje, Vitória da Conquista tem a maior estação de tratamento de esgoto do Nordeste, com capacidade para tratar até 533 litros por segundo. Com um tratamento em três etapas, o esgoto purificado volta aos rios após a retirada de 91% da matéria orgânica.

O sistema é maior até do que os usados nas capitais nordestinas, que em sua maioria fazem apenas o tratamento primário do esgoto e o lançam no oceano por meio de emissários submarinos. Além da nova estação de tratamento, os recursos foram usados ampliar da rede pela cidade, que já chega a 800 quilômetros de tubulações.

Ao contrário de outras cidades com alta cobertura de esgotamento, contudo, a rede de Vitória da Conquista cresceu com investimentos 100% público, feito raro em um momento em que se discute um novo marco legal para o setor que permita a maior participação de empresas privadas.

Ao todo, foram aplicados pela cidade baiana R$ 120 milhões, sendo R$ 72 milhões do governo federal e R$ 48 milhões da Embasa, estatal de água e saneamento da Bahia. Os dados são de outubro de 2019.

Os avanços foram tão evidentes que até mesmo o prefeito Herzem Gusmão (MDB), adversário político do governador Rui Costa (PT), se rendeu ao empenho do governo estadual, sinalizando favoravelmente para a renovação da outorga com a Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa) por mais trinta anos.

SOBRE A PESQUISA –  O Ranking Connected Smart Cities analisa 70 indicadores em todas as cidades com  mais de 50 mil habitantes, em 11 eixos temáticos, identificando as cidades mais inteligentes em setores como: mobilidade, urbanismo, saúde, educação, economia, entre outros.

Segundo o estudo, apenas 18% das cidades entre as 100 melhores são cidades com mais de 500 mil habitantes. Essa baixa incidência é devido principalmente a dificuldade de oferecer serviços a população relativos ao abastecimento de água, coleta e tratamento de esgoto e coleta de resíduos sólidos em municípios maiores, mais espraiados e de urbanização antiga.

O recorte de Meio Ambiente do RankingConnected Smart Cities é composto por 16 indicadores, sendo 9 concebidos para o próprio eixo de meio ambiente, 4 para o eixo de energia e 3 para o eixo de mobilidade e acessibilidade, conforme apresentados na página anterior.

A nota máxima neste recorte é de 11 pontos, composto pelos seguintes pesos:

• 0,5 pontos para os indicadores concebidos para o eixo de mobilidade e acessibilidade e energia.

• 0,5 pontos para dois dos indicadores concebidos para o eixo de meio ambiente: monitoramento de área de riscos e porcentagem de resíduos plásticos recuperados.

• 1,0 ponto para os demais indicadores concebidos para o eixo de meio ambiente não mencionados no item anterior.

Diferentemente de pesquisas internacionais que avaliam partículas sólidas dispersas na atmosfera, qualidade do ar, área verde por habitante ou conforto térmico, por exemplo,o estudo do Ranking Connected Smart Cities prioriza em sua pesquisa indicadores de infraestrutura e acesso a serviços de
abastecimento de água, coleta e tratamento de esgoto e recuperação de resíduos sólidos.

“Se avaliarmos os estudos internacionais, ou portais de dados como World Bank, que consolidam informações diversas, como acesso a água e coleta de esgoto são questões solucionadas pelas cidades mais desenvolvidas, com acesso universal por parte da população”, intervém a coordenação da pesquisa. “Enquanto isso, no Brasil os índices médios de abastecimento de água (urbano) é de 83,6%,
de coleta de esgoto é de 53% e de perda de água na distribuição é de 38,45%”, conclui.


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