ENTREVISTA | Jonas Paulo: resgatar o protagonismo político e fortalecer o PT para 2026

SUDOESTE DIGITAL (Da redação) – Em passagem por Vitória da Conquista neste domingo (1º), o ex-presidente do PT da Bahia, Jonas Paulo, concedeu entrevista ao site Sudoeste Digital destacando a  sua candidatura à presidência estadual do partido, representando a corrente interna “Construindo um Novo Brasil” (CNB). Reconhecido no meio político nacional pela sua capacidade em unir e dialogar, Jonas busca, com apoio da CNB e da militância, o resgate do protagonismo político e o fortalecimento do partido para 2026

Com sua trajetória de militância desde a juventude, Jonas foi o único presidente estadual do PT eleito, reeleito e sucedido por um nome apoiado por ele. Durante sua gestão, o partido dobrou o número de parlamentares federais e estaduais e expandiu sua atuação para 416 municípios.

Além disso, é lembrado por sua atuação internacional na Reforma Agrária de Portugal e na luta pela independência de Angola. No Brasil, foi um dos fundadores da CUT e do PT, com base no interior baiano.

Ao lado de Jonas Paulo, Elen Coutinho representa a nova geração de dirigentes. Imagens/divulgação

PROTAGONISMO – Numa crítica ao partido na Bahia, Jonas chegou a dizer que o PT perdeu a capacidade de propor. Perguntado sobre o assunto, disse que há uma cessão de espaço em que as propostas venham do governo para o PT e não do PT para o governo.

“Ou seja, perdeu o protagonismo político, de liderar a coalizão, de propor política para o governo, dialogar com sua militância, de assistir os seus diretórios, de acompanhar as eleições pari passu nos locais”, elencou.

Sobre essa última observação, ele citou as eleições municipais em Tremedal, quando a candidata do partido, Mônica Ferraz, acabou derrotada nas urnas.

“Nós perdemos uma eleição nitidamente pela falta de acompanhamento, de presença junto à candidatura da companheira Mônica Ferraz. Isso aconteceu em diversos lugares, onde o partido se dissociou das suas bases, das suas instâncias locais e com isso vai perdendo força, vai perdendo vitalidade, vai perdendo protagonismo”.

Jonas prossegue, observando que tais fatores colocam em risco o próprio projeto político, notadamente as eleições em 2026. “Será uma eleição muito dura, tanto na Bahia, quanto no Brasil. Nós precisamos de um partido que impulsione uma liderança jovem, que o governador Jerônimo, que precisa ter um respaldo, uma estrutura de retaguarda forte, que proponha a política, que impulsione a militância, que coloque a militância na rua”.

MUDANÇA – Ele defende a congregação dos aliados, com o fortalecimento da aliança. “Uma inovação nas políticas do estado, que seja capaz de apresentar o futuro, a esperança, a fé da mudança da Bahia a partir das coisas que estão acontecendo, seja na área de energia, agricultura familiar, estradas, ferrovia, aeroportos, conectividade, da educação, da formação profissional, da saúde, da economia. Uma esperança de vida, de melhoras na vida das pessoas e esse é o papel do PT, de liderar a coalizão”,

Jonas lembrou que está sendo convocada à presidência estadual do partido, partindo para uma transição que ele chama de “geracional”, junto com Elen Coutinho, uma liderança jovem “que comigo vai fazer um mandato compartilhado para que possamos , de fato, não só unir a experiência, mas o conhecimento e as necessárias mudanças de paradigmas que ela traz para o debate do PT em relação às questões da mulher, do povo negro, da questão ecológica e afirmação da juventude”.

QUEM É ELEN COUTINHO? – Elen Coutinho, 35 anos, é economista formada pela UFBA e licenciada em Letras pela UNEB. Nascida e criada no subúrbio ferroviário de Salvador, iniciou sua militância na associação de moradores do bairro e, em seguida, no movimento estudantil, chegando à direção do DCE da UFBA. Filiou-se ao Partido dos Trabalhadores aos 18 anos e construiu sua trajetória nas lutas antirracista, feminista e em defesa dos direitos humanos.

É mãe de uma menina e desenvolveu militância acadêmica no combate ao trabalho escravo, com artigos publicados em livros e coletâneas. Foi integrante do grupo de pesquisa Geografar, da UFBA, e pesquisadora do CNPq em um projeto sobre saúde da população negra. Atuou como assessora do deputado estadual Marcelino Galo e da Comissão de Direitos Humanos e Segurança Pública da Assembleia Legislativa da Bahia.

No PT, foi secretária de Juventude e secretária de Formação Política na Bahia. Cumpre seu segundo mandato na Direção Nacional do partido. Desde 2020, é diretora da Fundação Perseu Abramo, responsável pela área de memória e preservação do acervo histórico da instituição. Em 2019, foi candidata à presidência estadual do PT na Bahia, tendo conquistado 40% dos votos no Congresso do partido, em oposição a Eden Valadares.

FORÇA DO NORDESTE – Perguntado se o seu retorno à presidência do partido significará um novo impulso ao PT, não apenas na Bahia, mas a nível nacional, foi enfático em dizer que se trata de um dirigente que coordena o partido do Nordeste e que tem uma preocupação muito grande com um papel estratégico que a região tem, em que a Bahia lidera.

“Então nós queremos dar experiência do Nordeste, onde PT deu certo, influenciar o Sul e influenciar o partido em todo o país. A partir da Bahia nós temos capacidade, força, audiência política, força política para contribuir para essa retomada do PT no Brasil, garantindo o papel do Nordeste como retaguarda estratégica do nosso projeto nacional liderado pelo presidente Lula.


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