ENEM 2018 | 8 formas de começar a redação

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A redação do Enem provoca pesadelos em muita gente. Ter que discorrer sobre um tema que só é revelado na hora da prova, defender seu ponto de vista e ainda por cima apresentar uma proposta de intervenção social que respeite os direitos humanos é mais trabalhoso do que a gente imagina.
Trabalhoso sim, mas não impossível. Com bastante leitura, foco e determinação dá para chegar lá sem passar nervoso.

Com a redação, o Enem quer analisar sua capacidade de organizar ideias no papel, respeitando as regras da língua portuguesa, além de avaliar se você é capaz de enxergar o tema em um contexto social mais complexo.
Por isso a forma de apresentar o texto é tão importante. É preciso prender a atenção do avaliador, prepará-lo para o que vem a seguir e arrasar logo nas primeiras linhas. Veja a seguir 8 formas de começar a redação do Enem e, na sequência, dicas de como fazer bonito na prova!

Como começar a redação do Enem

Imagine a cena: você está lá, sentado, com frio na barriga, esperando a autorização do fiscal de sala para abrir o caderno de provas e correr direto para o tema da redação do Enem.

O candidato que estudou atualidades provavelmente não vai ter dificuldade para discorrer sobre o tema pedido, mas na hora pode “dar um branco” e ficar difícil começar a desenvolver suas ideias. Não se preocupe, vamos ajudar a evitar essa situação desagradável.

Primeiro, duas dicas básicas:
  1. Leia o enunciado e textos motivadores com muita atenção. Esse é um detalhe que muita gente não leva em conta, por ansiedade ou pressa, e acaba se dando mal na prova. É preciso ler uma, duas, três, quatro vezes o enunciado da redação para ter plena certeza de que entendeu o que é pedido. Desenvolver um texto fora do tema é zero na certa.
  1. Atenção ao título. No Enem, o título da redação é opcional. Se for usá-lo, é preciso que a escolha reflita de alguma forma o que você expressa no texto. Você pode deixar para colocar o título depois da redação pronta – fica bem mais fácil!
Veja alguns exemplos de títulos nota 1.000:
  • “Redes sociais: o uso exige cautela” (texto de 2011 sobre viver em rede no século XXI)
  • “Por um basta na violência contra a mulher” (texto de 2015 sobre violência contra mulher)
  • “Braços abertos sobre a Guanabara” (texto de 2012 sobre a imigração para o Brasil no século XXI)
  • “O volante, o lobo do homem” (texto de 2013 sobre os efeitos da implantação da Lei Seca no Brasil)
Sentiu o clima? Pois bem. Resolvida a questão do título (que, lembramos mais uma vez, não é obrigatório), vem o mais importante: o desenvolvimento do texto. Vamos apresentar algumas formas de começar a redação do Enem para você se inspirar.
Antes de tudo, entenda que não há um modelo padrão para começar a redação. Tudo vai depender do seu texto geral:
Pode iniciar o texto de forma objetiva, direto ao ponto. Veja este exemplo nota 1.000 da prova de 2015, cujo tema era: “A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira”. Repare que a autora utilizou dados estatísticos concretos.
Forma 1: “A violência contra a mulher no Brasil tem apresentado aumentos significativos nas últimas décadas. De acordo com o Mapa da Violência de 2012, o número de mortes por essa causa aumentou em 230% no período de 1980 a 2010. Além da física, o balanço de 2014 relatou cerca de 48% de outros tipos de violência contra a mulher, dentre esses a psicológica. Nesse âmbito, pode-se analisar que essa problemática persiste por ter raízes históricas e ideológicas”.
Também dá para recorrer à estatística sem dados muito detalhados, desde que você tenha certeza da informação global. Veja este exemplo de 2013:
Forma 2: “O Brasil é um dos países com maior índice de mortes no trânsito. O fato de uma parcela significativa dessas mortes estarem ligadas ao consumo de bebidas alcoólicas é preocupante, e portanto exigiu medidas drásticas, mas necessárias”.
Pode fazer contexto histórico e situar o leitor em uma perspectiva de fatos que tenham relevância para a discussão.
Forma 3: “Historicamente, o papel feminino nas sociedades ocidentais foi subjugado aos interesses masculinos e tal paradigma só começou a ser contestado em meados do século XX, tendo a francesa Simone de Beauvoir como expoente. Conquanto tenham sido obtidos avanços no que se refere aos direitos civis, a violência contra a mulher é uma problemática persistente no Brasil, uma vez que ela se dá – na maioria das vezes – no ambiente doméstico. Essa situação dificulta as denúncias contra os agressores, pois muitas mulheres temem expor questões que acreditam ser de ordem particular”.
Neste texto, de 2013, o autor fez um super contexto histórico e mostrou que sabe o que está falando:
Forma 4: “Há fluxos migratórios, de pessoas, desde o paleolítico, no entanto, as suas causas foram alterando-se no decorrer dos tempos: na Antiguidade eram a seca ou a necessidade alimentar; na Idade Média, a religião e na Idade Moderna e Contemporânea, o trabalho. Sendo as guerras um fator comum em todos os períodos supramencionados. O Brasil é um dos países que mais recebeu e ainda recebe imigrantes, das mais diversas nacionalidades, desde o século XVI”.
Temos também um exemplo de 2014, sobre publicidade infantil. Aqui o autor emendou o contexto histórico com a problematização:
Forma 5: “Desde o fim da Guerra Fria, em 1985, e a consolidação do modelo econômico capitalista, cresce no mundo o consumismo desenfreado. Entretanto, as consequências dessa modernidade atingem o ser humano de maneira direta e indireta: através da dependência por compras e impactos ambientais causados por esse ato. Nesse sentido, por serem frágeis e incapazes de diferenciar impulso de necessidade, as crianças tornaram-se um alvo fácil dos atos publicitários”.
Pode começar com frases que expliquem o contexto ou citando autores de referência, como esta redação de 2014:
Forma 6: ‘O ornamento da vida está na forma como um país trata suas crianças’. A frase do sociólogo Gilberto Freyre deixa nítida a relação de cuidado que uma nação deve ter com as questões referentes à infância. Dessa forma, é válido analisar a maneira como o excesso de publicidade infantil pode contribuir negativamente para o desenvolvimento dos pequenos e do Brasil.
Esse formato merece um cuidado especial: o autor citado precisa ter relevância e a citação deve encaixar na ideia que você vai desenvolver a seguir. Evite citar frases aleatórias, de autores desconhecidos. Fuja, sobretudo, de citações que não tenham a ver com o tema que você vai desenvolver mais adiante.
Pode apresentar conflito logo no primeiro parágrafo, como este exemplo de 2011:
Forma 7: “A internet pode ser considerada uma das maiores conquistas do homem no século XXI, pois torna acessíveis informações de diversas áreas desde a política até a cultura de diferentes povos para toda a população. Além disso, pode ser vista como uma forma de socialização com indivíduos de diferentes lugares por meio dos sites de relacionamentos. Porém, sua utilização torna-se perniciosa quando ultrapassa os limites da vida pública e invade o meio privado de uma pessoa”.
Ou pode começar de forma mais livre, autoral – desde que sempre atento ao tema. Veja este exemplo nota 1.000 de 2012:
Forma 8: “Político. Econômico. Religioso. Esses são alguns dos motivos que já levaram à existência de muitos fluxos migratórios pelo mundo. Cidadãos da Somália que fugiam da guerra civil de seu país para territórios vizinhos. Mexicanos em busca do ‘sonho americano’ nos Estados Unidos. Calvinistas perseguidos na Europa na época da Contra-Reforma que de deslocaram para outros continentes. (…). Observando o quadro geral do movimento migratório para o Brasil no século XXI, percebe-se que uma das suas principais causas é a econômica”

Dicas de como fazer uma redação nota 1.000

Ao começar o texto, nunca repita o enunciado da questão – muita gente acha que repetir o enunciado é uma boa forma de iniciar a redação. É um erro que pode render pontos a menos. Por que você iria repetir um texto já pronto? Descarte essa ideia e foque no desenvolvimento de um conteúdo original, autoral e que respeite o formato pedido no Enem. Se o avaliador identificar cópia do texto motivador irá desconsiderar o número de linhas durante a correção.
Mostre que você domina o tema – recorrer a fatos históricos relevantes, que agreguem informação à redação, é uma boa. Citar nomes e datas precisas também pode ajudar. Não se esqueça de situar o problema no contexto atual e debater uma perspectiva futura. Se você não conhece o tema em profundidade, não force a barra nem tente “chutar” acontecimentos relacionados. Atente-se ao desenvolvimento do seu ponto de vista que, dependendo do enunciado, pode ser mais focado.
Depois, trabalhe a estrutura do texto no rascunho – agora que você já tem plena certeza do tema pedido, separe todas as ideias que irá trabalhar nele. Faça uma lista com tópicos e distribua-os entre a introdução, o desenvolvimento e a conclusão. Esquematizar sua linha de pensamento facilita o desenrolar do texto.
Fique atento aos direitos humanos – pontos de vista extremos, que desrespeitem os direitos humanos, vão render um zero bem redondo na sua prova de redação. Por mais que você discorde do enunciado do Enem, não pode cair nessa cilada. Estude bem o que dizem os direitos humanos e como aplicá-los aos temas da atualidade.
Respeite a estrutura da redação – a estrutura do texto argumentativo-dissertativo é bastante simples. É composta basicamente de introdução, desenvolvimento da ideia e conclusão – que é a sua proposta de intervenção social. Não há motivo para inventar moda e fugir desse modelo. Lembre-se de que, por mais maravilhoso que seja o texto, se estiver fora do que foi pedido a nota será zero.
Não tenha medo de ser simples – muita gente acha que uma boa redação é aquela cheia de palavras difíceis. Não é. Uma boa redação é a que consegue expressar com clareza e objetividade a sua intenção. Use palavras cujo significado você conhece bem!
Não tenha medo de ser criativo – está permitido ser criativo na redação do Enem, viu? Só não pode desrespeitar o formato e os critérios exigidos. Tenha cuidado para a criatividade não dificultar o entendimento do texto. O uso de palavras excessivamente informais, como gírias, pode diminuir a nota. Palavrões, xingamentos, desenhos e grafismos não são permitidos e rendem nota zero.
Cuidado ao transcrever a redação – antes passar o texto a limpo para a folha de redação, faça uma revisão cuidadosa. Repare na grafia das palavras, veja se a ideia está coerente e seguindo uma ordem lógica, repare se sua proposta não fere os direitos humanos. Os avaliadores do Enem até perdoam um errinho de grafia ou outro, mas questões mais sérias como concordância, pontuação e conjugação serão tratadas com maior seriedade.
Estude os temas da atualidade – sem isso sua redação não vai ter a consistência necessária para convencer os avaliadores. Conhecer o tema não é apenas ler uma ou duas notícias que você viu nas redes sociais. É preciso entrar no assunto de cabeça: conhecer pontos de vista diversos, propostas, políticas públicas e sua relação com os direitos humanos.
Entenda como seu texto será avaliado – a redação será analisada em cinco quesitos, cada um valendo 200 pontos:
  1. Domínio da norma culta da língua
  2. Compreensão da proposta da redação
  3. Seleção e organização dos argumentos
  4. Construção da argumentação
  5. Proposta de intervenção social
É importante gravar esses pontos na cabeça e não esquecer deles até a entrega do caderno de provas do primeiro dia do Enem. Eles servem para orientar o desenvolvimento de seu texto.
Fique atento ao tempo – além da redação, você terá que resolver outras questões, copiar tudo para o cartão-resposta e passar o rascunho a limpo. Ou seja, tem que pensar e agir rápido, sem perder o foco. Reserve no mínimo uma hora para sua redação! (Fonte consultada: Guia da Carreira)

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