O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) continua em primeiro lugar nas intenções de voto entre os beneficiados pelo Auxílio Brasil, tendo ampliado sua vantagem sobre Jair Bolsonaro (PL) nesse grupo de eleitores, segundo pesquisa mais recente do Datafolha.
No primeiro levantamento feito após o primeiro turno foi constatada melhora na avaliação da atual gestão em relação à pesquisa anterior à votação, mas essa tendência não se confirmou nesta segunda rodada.
A parcela dos eleitores entrevistados que afirmaram que irão votar em Lula subiu de 56% para 62%, na comparação entre o levantamento realizado na quinta (13) e sexta-feira (14) e a pesquisa da semana anterior. Considerando apenas votos válidos, sem os brancos e nulos, a intenção de votos no petista passou de 60% para 65% em uma semana no eleitorado beneficiado pelo auxílio.
As variações estão acima da margem de erro, que nessa questão, para esse público, é de até quatro pontos percentuais. Afirmaram que irão votar no presidente Bolsonaro 33% dos entrevistados, ante 37% na pesquisa anterior -uma queda de 40% para 35% considerando apenas votos válidos. O nível de confiança é de 95%.
São considerados nesse público pessoas que disseram receber ou morar com algum beneficiário do Auxílio Brasil. Eles representam 27% dos eleitores entrevistados.
O Auxílio Brasil recebeu reajuste para R$ 600 dois meses antes da eleição e teve seu alcance ampliado às vésperas do segundo turno. Nesta semana, a Caixa iniciou a contratação do empréstimo consignado para esses beneficiários. Neste mês, o calendário de pagamento foi antecipado e será de 11 a 25 de outubro, antes do segundo turno.
Entre os eleitores de famílias beneficiadas pelo auxílio, 59% responderam que “com certeza” votarão em Lula, ante 55% uma semana antes. Para Bolsonaro, o percentual de certeza passou de 36% para 32%.
O levantamento mostrou um quadro estável na disputa, quando se consideram todos os entrevistados, beneficiados ou não pelo programa. Lula segue à frente com 49% dos votos totais, ante 44% do atual ocupante do Planalto.
O ex-presidente tem 22 pontos de vantagem sobre Bolsonaro entre os eleitores com renda familiar mensal de até dois salários mínimos, grupo que também inclui os beneficiados pelo auxílio. O petista marca nesse grupo 58% de intenções de voto, ante 54% na semana passada, e o rival registra 36% (eram 37%).
AVALIAÇÃO DO GOVERNO
Ainda de acordo com o Datafolha, 29% dos eleitores que recebem o benefício, ou moram com alguém que é beneficiário, consideram o atual governo ótimo ou bom, ante 31% na semana passada e 27% no último levantamento antes do primeiro turno.
São 44% os que consideram a gestão de Bolsonaro ruim ou péssima -eram 41% na última pesquisa. Já os que a classificam como regular somam 26% (eram 28% uma semana antes).
Todas as variações estão dentro da margem de erro para essa questão entre esse público, que é de até cinco pontos percentuais para baixo ou para cima.
Entre os que não recebem o auxílio, a aprovação passou de 39% para 41%, enquanto a reprovação oscilou de 40% para 38%.
REJEIÇÃO
A rejeição a Bolsonaro está em 59% entre os beneficiados pelo programa e em 44% entre os demais eleitores entrevistados. Rejeitam Lula 31% e 47%, respectivamente.
Para 53% dos beneficiados, sua vida ficará melhor com a eleição de Lula. Fazem a mesma afirmação em relação a Bolsonaro 22%.
Entre os que recebem o Auxílio Brasil, 20% dizem confiar sempre no que o presidente diz -na última pesquisa a taxa era de 24%. Antes do primeiro turno, eram 18%.
Segundo o levantamento, 55% dos beneficiários dizem que nunca confiam nas falas de Bolsonaro, um aumento de seis pontos percentuais na comparação com a rodada anterior (49%) e uma estabilidade em relação ao resultado de uma semana antes (56%).
Nesta segunda rodada de entrevistas para o segundo turno, o instituto ouviu 2.898 pessoas em 180 cidades, na quinta (13) e na sexta-feira (14), em levantamento encomendado pela Folha de S.Paulo e pela TV Globo registrado no TSE com o número BR-01682/2022.
O reajuste do valor do benefício foi uma das principais apostas de Jair Bolsonaro nesta eleição. De 19 a 30 de setembro, a renda foi paga a 20,65 milhões de famílias, 450 mil a mais do que em agosto, quando 20,2 milhões tiveram direito. Segundo o Ministério da Cidadania, o Auxílio Brasil é pago a 21,1 milhões de famílias em outubro, após a inclusão de 480 mil novos beneficiários.
No primeiro turno, contudo, a expansão do programa não conseguiu reverter a tendência de votos no PT entre os mais pobres.