A fiscalização realizada pelas Forças Armadas no processo de votação organizado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não encontrou nenhuma irregularidade nas eleições durante o primeiro turno. De acordo com a coluna de Malu Gaspar, do jornal O Globo, as conclusões do trabalho não foram apresentadas ao público, mas foram descritas ao presidente Jair Bolsonaro pelo Ministério da Defesa.
Segundo a publicação, o presidente não autorizou a divulgação dos resultados, segundo relatos feitos por três generais (dois do alto comando) a fontes da equipe.
De acordo com o relato de uma delas, ao ser informado das conclusões do trabalho – que avaliou uma amostra de ao menos 385 boletins de urna e um projeto-piloto com uso da biometria para testar 58 aparelhos – Bolsonaro disse que os militares deveriam se esforçar mais, porque as informações não batiam com o que ele próprio soube a respeito do assunto.
Bolsonaro tem repetidamente lançado suspeitas de fraudes nas eleições e nas urnas eletrônicas, sem apresentar provas. Logo após o final da apuração dos votos no primeiro turno, ele afirmou que sua conclusão sobre a segurança do sistema de votação das urnas eletrônicas seria dada pelo parecer da Defesa.
Mas, ao ser informado das conclusões do trabalho, o presidente determinou que fosse feito um “relatório completo”, incluindo o segundo turno, porque o fato de não terem sido encontradas fraudes no primeiro turno não significava que não haveria problemas na segunda etapa. Sem o tal relatório completo, decretou Bolsonaro, não deveria haver nenhuma divulgação de conclusões.
Nesta segunda-feira, a informação passou a ser a de que não há previsão de envio de relatórios ao TSE, e que qualquer observação e sugestão seria enviada diretamente ao tribunal.
Na tarde de ontem, o presidente foi ao Ministério da Defesa para encontrar o ministro Paulo Sérgio Nogueira. Segundo militares ouvidos pelo O Globo, um dos assuntos tratados foi a fiscalização que as Forças Armadas se propuseram a fazer nas urnas.