ARTIGO | É a minha Igreja! (Padre Carlos)*

Outro dia um jovem me perguntou qual a reforma da Igreja que eu defendia? Eu olhei nos seus olhos e me deparei com um rapaz de aproximadamente vinte anos.


Naquele momento lembrei-me de minha trajetória como cristão à beira de completar neste vinte e sete de janeiro, sessenta anos e quantas coisas vividas por mim no seio da minha Igreja.

Assim falei para aquele pequeno aprendiz de cristão: defendo uma reforma da igreja que seja mais evangélica e que tenha una presença forte no seio do povo, como aprendi nesta diocese com Pe. Vasco e Conceição do cabelo branco. 

Aqui existiu CEBs, nas comunidades os leigos são verdadeiramente o grande protagonista. Para isso é preciso ter consciência que os leigos nas periferias têm também o direito das decisões.
Não existe outra forma de se tornar evangélica e continuar a missão se não for missionário como um jesuíta que conheço, quando você pensa que ele está na África, ele aparece no meio da selva amazônica.  A Igreja que eu me refiro, tem que ter este rosto missionário. 
A minha Igreja tem de estar inteiramente voltada, para o serviço. Por isto, ela deve ser toda ministerial, isto é: que devem ser criados ministérios para que os leigos e leigas, possam de fato ter autoridade e autonomia de falar do Evangelho pela nossa Igreja. 

Temos que superar esse clericalismo, um problema que nos últimos tempos se acentuou demais dentro da Igreja católica.

A igreja serva e pobre, “uma Igreja pobre para os pobres”. Para isto, como diz Pe. Gustavo Gutierrez é necessário colocar as pessoas no centro de tudo o que é estratégia política e econômica porque o ser humano tem uma dignidade sublime e deve ser a preocupação de toda a ação da Igreja. Outro ponto importante da nossa proposta é a presença cada vez mais da mulher assumindo com dignidade seu papel na sociedade e dentro da Igreja.
Uma Igreja que viva também a compaixão, ternura e piedade, como fui recebido por Dom Celso José nesta Igreja Local.  Esta é a Igreja misericordiosa, ela é fruto do Concílio Vaticano II. O Concílio, como se sabe, é considerado uma Primavera na vida da Igreja, um sopro do Espírito Santo, assim como hoje muitos veem no Pontificado do Papa Francisco uma nova Primavera na vida da Igreja e uma oportunidade desta torna-se verdadeiramente misericordiosa. Estamos falando aqui, de uma igreja de portas abertas, isto é, uma igreja que oferece a misericórdia do Senhor em todas as situações.
Uma igreja que estende pontes para todos os lados, e que não vive fechada em si, como sonhou o Irmão Roger, que não é autossuficiente, como diz o poeta: que não acha feio o que não é espelho, que não está fechada só nos seus problemas internos, mas que procura construir um mundo melhor.
Depois que falei todas estas coisas, ele olhou pra mim e disse: Existe mesmo esta Igreja? Eu então falei: existe e ela está no nosso coração!

SOBRE O AUTOR E O CONTEÚDO POSTADO
* (Padre Carlos Roberto Pereira, de Vitória da Conquista, Bahia, escreve semanalmente para esta coluna)

Sudoeste Digital reserva este espaço para os leitores. Envie sua colaboração para o E-mail: [email protected], com nome e profissão.

Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do site, sendo de inteira responsabilidade de seus autores. 

Conteúdo integral conforme postado no blog: https://padrecarlosrps.blogspot.com 


COMPARTILHAR