EDUCAÇÃO | Melhor IDEB da história?*

O site do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) divulga anualmente dados recolhidos através do Censo Escolar. Nesses dados, é possível encontrar a quantidade de matrículas, aprovações, reprovações, abandonos, entre outros, que ajudam a compreender como anda a educação a nível Federal, Estadual e Municipal.

O conhecimento desses dados revela que não é apenas o número divulgado através do Índice de Educação Básica (IDEB) que expõe a verdadeira situação da educação.
IDEB.

O IDEB é medido através desses dados, em união com as provas do Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB). A meta do Ministério de Educação é que todo o Brasil atinja nota 6 em 2022. As notas são divulgadas bianualmente desde 2007, a última que se tem acesso através do site do IDEB dispõe para Vitória da Conquista 4,7 no Ensino Fundamental 1 e 3,6 no Ensino Fundamental 2.
A nota do Ensino Fundamental I foi maior que os anos anteriores, porém abaixo da meta estabelecida pelo MEC, 4,9. Já a do Ensino Fundamental 2, além de estar abaixo da meta – 4,1 – continua a mesma de 2015, como observado na tabela.

O Índice não se aprofunda em outras questões e apenas confirma uma crescente que já vinha acontecendo no município. “Vitória da Conquista encarou vários desafios. O primeiro foi garantir ao aluno a vaga, já o segundo foi garantir que ele permanecesse na escola. 

Em seguida, o desafio foi conseguir a merenda e o transporte. O maior aumento no IDEB aconteceu entre 2009 e 2011, uma resposta clara à implantação da Lei do Piso, em 2008, explicitando a importância da valorização do professor”, explica a presidente do Sindicato do Magistério Municipal Público, Ana Cristina Novais, esclarecendo como foi se dando esse aumento.
O método de avaliação do IDEB não inclui a qualidade da infraestrutura das escolas e muito menos as histórias de vida dos alunos. A nota é burlada facilmente. Em Vitória da Conquista, a atual gestão adotou formas de “impulsionar” o educador e a gestão das escolas. 
A primeira é premiando as escolas com maior desempenho com um 14° salário. A segunda é, ao invés de oferecer formações que ajudem o educador administrar as diferenças na sala de aula, ministrar cursos que ajudam a induzir a aplicação e realização das provas SAEB.
Os alunos, no entanto, já deveriam estar preparados para realizar as provas ao final de um ano letivo. O IDEB interessa mais à gestão municipal que aos alunos. Aprendizagem não é medida por nota, já a quantidade de verba enviada ao município, sim. Além de servir para o governo fazer propaganda eleitoreira de sua gestão, a qual apresenta dados incompletos e sem análises.
TAXA DE RENDIMENTO ESCOLAR

A Taxa de Rendimento Escolar também é coletada pelo Censo Escolar. Ela é informada pela direção da escola na segunda etapa do Censo. Sendo um dos Indicadores Educacionais, essa taxa é medida pela quantidade de aprovação, reprovação e abandono dos alunos nas escolas.
A taxa em Vitória da Conquista é muito abaixo da média nacional. E, pelos dados do INEP, a taxa de reprovação e abandono aumentam entre o 5º e 6º ano. Quando comparado com anos anteriores, a taxa de abandono também aumentou desde 2016, que era 3,1% e em 2018 foi 3,4%. 
Para a Diretora de Assuntos Pedagógicos e Culturais do SIMMP, Ana Claudia da Mata, “Existem vários motivos para a evasão em especial no sexto ano do ensino fundamental, dentre eles destacamos: o alto índice de reprovação, que contribui para que estes alunos percam o interesse pela escola, fator que aumenta a sua idade série, baixando sua autoestima, o excluindo da escola”.
Ana Cláudia elencou alguns fatores que levam à evasão:
• Falta de proposta pedagógica adequada para superar o déficit de aprendizagem e, consequentemente, a reprovação, que leva a evasão;
• Bullying sofridos por esses alunos na escola, que não combatidos por ausência de projetos eficazes, que deveria ser anual e partir da Secretaria Municipal de Educação.
• Baixo poder aquisitivo das famílias, levando os adolescentes abandonarem a escola, para ajudar na renda familiar;
• Problemas sociais, como uso de drogas, tráfico, violências diversas, gravidez na adolescência, etc, causado por falta de projetos sociais por parte do poder público municipal, para atender a comunidade a nossa juventude, que evitem que mais jovens possam entrar em situações de riscos sociais.
A média das escolas conquistenses demonstram, ainda, um desequilíbrio entre as notas e, consequentemente, a administração das escolas. Enquanto a Escola Municipal Iara Cairo de Azevedo, da zona urbana, teve 100% de aprovação, a Escola Municipal Gustavo Alves da Silva, da zona rural, teve 57,1% de reprovação. A Escola Municipal União é um exemplo de evasão exorbitante, chegando a 33,4% em 2018.

Portanto, ao invés de se ater a números, é preciso compreender como se dá a avaliação. O IDEB não desvela a falta de transporte para a zona rural, a merenda escolar de má qualidade, nem a falta de formação continuada para professores. Quando destrinchados, esses números revelam que poucas escolas com altos índices mantêm muitas outras com índices baixos. | Ascom/Simmp*


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