EDITORIAL – “Transporte Público não é problema em Vitória da Conquista”. Será?

“Transporte Público não é problema em Vitória da Conquista”. Estas e outras foram as inúmeras manifestações públicas do “novo” prefeito Herzem Gusmão (MDB).

Sempre que fosse tratar do assunto mobilidade ele, com ênfase, recorria a certa pesquisa. Aproveitando para validar sua tese,  apontava para o seu aparelho celular, dando a entender que ali constava as referências estatísticas de um certo instituto de pesquisa.

“(…) Tenho aqui duas pesquisas quentinhas, transporte público aparece com menos de 3% (…)”, bradava o prefeito nas rádios e nas entrevistas. 

Fato que o calvário experimentado por aqueles que dependem de transporte púbico – 90 mil usuários/dia – revela que o instituto de pesquisa falhou. E falhou muito.

O estado falimentar da Viação Vitória e a falência social e econômica de mais de 500 funcionários desta mesma empresa, a contragosto, demonstram a estatura da queda ou quanto o prefeito Herzem falhou em suas avaliações e estratégias para a mobilidade.


Teria sido o prefeito mal orientado por sua equipe técnica da Secretaria de Mobilidade Urbana (Semob) desde a gestão do coronel Esmeraldino ?
Foi o prefeito mal orientado por sua procuradoria, composta por vários advogados? 
Estariam equivocados os relatórios de sua equipe técnica em mobilidade?

Enfim, as cenas por ruas e avenidas, conversas de botequim ou nos apinhados pontos com centenas de passageiros sem saber o que fazer, sem ônibus, demonstram outra pesquisa muito diferente do cenário dito pelo prefeito.

Mas o que talvez alguns não percebam é que a Viação Vitória “adoeceu” a passos largos desde o governo Herzem. Mesmo com todos os mimos, defesas abertas do próprio executivo em favor da Viação Vitória.

Aumento imediato em 2017 de tarifa, na ordem de quase 20%, o presente da linha D38 e o instrumento denominado de TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) dando 180 dias para a empresa corrigir suas falhas.

Em seguida, a ajuda da Prefeitura com a recuperação judicial, com esse instrumento jurídico desobrigando a empresa de pagar uma série de tributos. A soma de tudo não foi suficiente para empresa sequer manter os salários de seus funcionários em dia.

O que atrasava uma semana no governo anterior, passou a atrasar três meses no atual. Sequer a empresa consegue manter a manutenção preventiva de sua frota. Enfim, nada foi suficiente para ocultar que o projeto da clandestinidade, alimentado pelos vanzeiros, iria falir o sistema de transporte público de Vitória da Conquista.

A imprensa denunciou, o vereador professor Cori (PT) diagnosticou e até mesmo o relatório encomendado pelo próprio prefeito também alertou. Por fim, o próprio Ministério Público do Estado interveio, enxergando que algo sério conspirava contra o transporte. Que um bem público estava em franca destruição. Nesse caso, o serviço essencial denominado de transporte púbico.

O que aprendemos com tudo isso, e quem sabe o prefeito também, é que existem áreas de qualquer governo em que a margem de manobra é estreita, não permitindo barbeiragem. O Decreto de emergência colide com a pesquisa do prefeito. 

O transporte público se tornou o maior problema na pesquisa das urgentes políticas públicas do prefeito Herzem. Agora, o maior desafio é atrair e convencer empresários investidores com esse argumento a colocar os milhões que a atividade requer em um cenário repleto de incertezas, principalmente em caráter emergencial. O que as ruas demonstram não precisa sequer de pesquisas.


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