EDITORIAL – Transporte coletivo: Coração de empresa é cofre

Resultado de imagem para terminal de ônibus vitória da conquista

A vida me ensinou a desconfiar de
certas bondades, principalmente as que nos chegam de setores privados e, ainda
mais, quando nos são entregues sem qualquer razão de ser pelo segmento público.
Não é pra menos tamanha desconfiança.

Veja, por exemplo, o gracioso
anúncio da Prefeitura de Conquista que, em “comum acordo” com as empresas de
transporte coletivo da cidade resolve anunciar aos quatro cantos que o usuário
desse serviço pagará metade da tarifa aos domingos.

Aí tem coisa. Mas é claro que
tem. Como é que o empresariado aceita, assim do nada, abrir mão de milhares de
reais todos os meses, sem exigir nada em troca. Logo o empresariado, acossado
por uma crise financeira sem precedentes e com uma série de tributos e
obrigações trabalhistas a quitar, sem contar com a manutenção e abastecimento
cotidiano da frota.

Até poucos dias os funcionários
da Viação Vitória, uma das concessionárias, cruzaram os braços por alegada
falta de pagamento de salários. E de onde vem o dinheiro para pagar esse
pessoal? Da tarifa, é claro.

Aliás, tarifa que está na pauta
de discussões para um reajuste em torno de até 16,67%, embora não se descarte um percentual ainda maior. De acordo com os últimos aumentos percentuais, com base sobre o valor acumulado do Índice Nacional de
Preços ao Consumidor Amplo (IPCA)
, em Conquista ela pode
passar de R$2,80 para R$3,30 nos próximos dias, o que ainda é muito elevado
para o serviço ofertado na cidade.

Os empresários
querem um aumento maior. Sim, os mesmos empresários que estão abrindo mão de metade
da tarifa aos domingos para “arrancar o couro” do usuário de segunda a sábado.
No final das contas, ficará ainda pior. Ou seja, v
ai sobrar, como sempre, para o usuário.


Celino Souza, jornalista

COMPARTILHAR