EDITORIAL – Que Deus nos livre das milícias e dos ventos quentes do Rio de Janeiro



Quando a nossa equipe de jornalistas desnudou, em corajosa e alicerçada reportagem investigativa, a ganância do trasporte clandestino, que infelizmente cresce sob a sombra da impunidade do poder público de Vitória da Conquista, não faltaram brados raivosos e explosivos contra a independente e diligente redação editorial. Não era pra menos. 


Em jogo, estavam interesses escusos de diversos segmentos e pessoas que exploram a atividade, quer seja ao volante de vans e veículos menores; ou agentes públicos e exploradores do sistema ilegal cobrando propina em troca de itinerário; ou simplesmente conivente, com a vil cegueira seletiva, que não pune, fiscalizando, multando e/ou apreendendo. 


Maior que os ataques raivosos e improcedentes contra o nosso jornalismo, somente as defesas indecentes contra o que afirmamos ser um jogo de interesses milicianos agindo em favor dos vanzeiros clandestinos e a ira corporativista de quem quer se manter, a todo custo, à margem da lei e da ordem.


Se exigir taxas mensais que variam de R$1.200,00 a R$1.500,00 de luvas para que um dono de van possa explorar transporte clandestino de passageiros em Vitória da Conquista não for algo típico de criminosos que beiram a ousadia miliciana, o que mais seria? 


Se, afim de se locupletar – engordando seus gulosos bolsos – cobrar antecipadamente essa taxa correspondente a um ano, sob condição unilateral para que o dono da van possa ter a “liberdade licenciosa” e rodar em rotas pré-definidas pelos “donos” da tal outorga clandestina não estiver associado a uma organização criminosa, quem estará infringindo a lei é a caneta do jornalista. 


Se por trás dessas mesmas e outras obscuras taxas, sabidamente ilegais, diante da falta de fiscalização e legalização desse transporte que coloca em risco, diariamente, a vida de centenas de crianças, jovens e adultos, não estiverem tenazes agentes públicos imiscuídos para blindar os ilegais, estaremos sendo levianos, quando a cidade inteira sabe que é exatamente o contrário. 

A pior cegueira é a dos que não sabem que estão cegos. Que sejam urgentes as ações do Ministério Público, Justiça, Polícia, Câmara, Prefeitura, Sociedade…

Assim seja, enquanto há tempo, para salvarmos um transporte público que, apesar de claudicante, com a sucateada frota da Viação Vitória, é legalizado e concessionário. Nada que rotineiras inspeções na frota, feita por técnicos qualificados, não possa resolver. 


Essa preocupação é pertinente.


Sentimos, com horripilante temeridade, os ventos quentes do Rio de Janeiro, que sopram para as bandas de cá, trazendo notícias igualmente pavorosas de mortos em disputas por pontos clandestinos de vans. “Dois homens são assassinados a tiros por disputa de transporte alternativo em Itaguaí”. Deu no G1 e eis o link para quem quiser conferir: https://goo.gl/RGxt2n


Traficantes teriam determinado que milicianos – bandidos que controlam a operação do transporte alternativo na região – não cobrassem mais uma taxa que os motoristas dos veículos são obrigados a pagar. A ordem não foi cumprida. Dois morreram baleados. Outros podem morrer. E não é somente lá. Os ventos quentes do Rio, infelizmente, sopram para essas bandas, também.


A quem cabe fiscalizar, que também fiscalize esses crimes de “lesa-município”, camuflados sob uma aliança política, traiçoeira, que causa prejuízos ao erário, acabando com a liberdade de ir e vir do nosso povo, bem como efetuando desvios fraudulentos de impostos não recolhidos aos cofres públicos, impondo com isso um regime autoritário fundamentado numa má gestão que esmaga e subjuga o povo, com o único fito de querer arrotar um poder a cada dia combalido e em franco declínio.




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