A dor e o sofrimento experimentados por populações de municípios atingidos pelos efeitos das chuvas inspiraram saudável solidariedade, mobilizando a Bahia e o Brasil para ajudar multidões a enfrentar o desespero de tentar salvar vidas diante do mais intenso aguaceiro.
As articulações incluem cidadãos, empresas, entidades e poder público, em animadora superação de intrigas, ao reunir ideários políticos distintos e até antagônicos, com destaque para as lideranças do governador Rui Costa e do ministro João Roma.
Alianças de emergência entre parlamentares vêm viabilizando inédita mobilização de recursos, compatível à necessidade de conter a força das enchentes, surpreendendo os pessimistas, para os quais a baixa compaixão seria inata e inevitável.
Meio milhão de pessoas afetadas, fora óbitos, perdas materiais e ferimentos, inspiram gigantescos mutirões, dos quais ficarão ausentes, nos registros históricos, aqueles desprovidos de humanidade por uma ou outra lacuna moral e absoluta falta de empatia.
O governo baiano apressou-se em oferecer auxílio financeiro para os lares inundados, dentro do programa Estado Solidário, iniciativa executada com o objetivo de socorrer vítimas da pandemia e familiares, agora estendida a quem teve de deixar sua casa antes de ruir.
Já o Ministério da Cidadania anunciou a viabilização das linhas de crédito dos bancos federais a fim de contribuir na reconstrução e garantia dos meios de sobrevivência, migrando da fé para o amor prático representado na ajuda material.
Seria o país gigantesco não apenas no tamanho, mas principalmente na atuação fraterna de seu povo, se mantiver como herança deste triste episódio o aprendizado da misericórdia, ao tomar como verdadeira a proposição “todos não estão bem se alguns vão mal”.
A metáfora da união, ilustrada no desenho de uma imensa irmandade, na qual todos dão-se às mãos, esquecendo-se provisoriamente as diferenças, poderia servir como referência, ao superar-se este momento agudo de aflição. | A Tarde (29.12.21)