Passado o êxtase em torno da morte, velório e sepultamento do falecido prefeito reeleito Herzem Gusmão (MDB), a agora efetiva prefeita Sheila Lemos (DEM) sacode a poeira que se acumulou nesses últimos dias sombrios, proporcionada pela dor e incerteza.
Mesmo com Herzem em seu leito hospitalar, em meio ao estertor do processo letárgico, ela deu sinais de independência, afastando o titular da Secretaria de Comunicação e ditando o seu ritmo daqui pra frente.
E assim será, dizem os mais próximos: com poucos do MDB ao seu lado – capitaneados pelo eventual vice-prefeito e presidente da Câmara, o emergente Luís Carlos Dudé – Sheila terá como “gurus”, além do próprio vice, as emblemáticas figuras do ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM) e da sua mãe, a ex-vice-prefeita na gestão anterior de Herzem, Irma Lemos (PTB).
Eventual pelo fato de Dudé não ser investido legalmente como vice-prefeito, mas tão somente poder assumir a Prefeitura na ausência de Sheila.
Os demais partidos aliados na campanha de 2020, com direito a vez e voz (não necessariamente nessa ordem), serão tão somente os que conseguiram eleger vereadores de oposição na Câmara Municipal. Pelo menos quatro dos “poderosos” cargos do primeiro escalão do Executivo já começam a arrumar gavetas; dos segundos e terceiros escalões, então, nem se fala.
“Nosso desejo era de governar essa cidade juntos, mas não foi esse o designo de Deus. Agora tenho o compromisso de governar essa cidade e cumprir o que foi proposto no nosso plano de governo”, disse. Mostrou maturidade e sinalizou sublimarmente que a responsabilidade administrativa de agora em diante é tão somente sua.
Chegou a hora de Sheila mostrar que possui autonomia de gestão, logicamente que orientada pelos seus “gurus”, abrir os olhos dos vassalos que só existe um gabinete de Prefeito e que a oposição interna, chamada também de “fogo amigo”, será defenestrada ao sabor da caneta administrativa. O breve tempo dirá. | Celino Souza é jornalista profissional e acadêmico de Direito pela Fainor.