ECONOMIA | Preço dos produtos da ceia de Natal tem aumento de 27% e pesa mais sobre a classe média e baixa

Enquanto atualmente a cesta básica já ultrapassou R$ 700 no Brasil, na gestão de Lula o valor médio calculado pelo Dieese era de R$ 266,97

O preço dos alimentos no Brasil teve uma alta acumulada de 11,71% em doze meses, de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), e teve impacto no valor dos produtos da ceia de Natal deste ano, que aumentou 27% em relação a 2020. Dentre os produtos tradicionais da comemoração, o preço do frango foi o que mais cresceu, com 27,34%, de acordo com levantamento da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Na sequência, entre os alimentos que mais vão pesar no bolso do brasileiro na hora de comprar a ceia natalina será o ovo, que teve aumento de 20%, segundo a FGV. Depois do ovo aparecem na lista de alimentos que mais subiram, de acordo com a FGV, os “pães de outro tipo”, que tiveram registro de crescimento de 11,12%, o bacalhau (7,98%), vinhos (7,77%), lombo suíno (6,48%) e o pernil suíno (3,44%).

“Será, sem sombra de dúvidas, um Natal difícil de montar mesa farta” afirma o professor de finanças, Ângelo Guerreiro. A alta no preço dos produtos da ceia, ressalta o professor, terá impacto maior nas famílias de classe média e mais baixa, que são as mais prejudicadas pela alta da inflação. De acordo com Ângelo, diversos fatores contribuíram para a alta dos preços dos alimentos, a exemplo do valor da gasolina, a cotação de produtos indexados ao dólar e a desvalorização do real.

“O preço dos combustíveis influencia bastante no dos alimentos porque nosso modal é terrestre, feito pelo transporte rodoviário, que é o que mais usamos, além de outros dois fatores, que é o próprio alimento e uma desvalorização muito grande da nossa moeda. Nossa moeda foi a segunda que mais se desvalorizou no mundo, só perdendo para a Turquia”, destaca o professor de finanças.

Nesse cenário de alta dos preços na gestão de Jair Bolsonaro, responsável pela crise econômica e pela volta da fome no Brasil, a desigualdade aumentou mais ainda mais, afetando sobretudo os mais pobres, mas também a classe baixa e média. “Só a classe alta e o rico conseguiram escapar”, afirma Ângelo Guerreiro. “A classe baixa, sem dúvida, é quem mais sofre, é a que tem o orçamento apertado e qualquer 50 reais faz a diferença”. Já a classe média sente o peso da alta da inflação no total das contas, explica o professor. “Quando pega conjunto de tudo – plano de saúde, mercado, conta de luz – percebe o impacto”, diz o professor, citando ainda como outro problema a queda da renda do brasileiro, acentuada pela crise econômica.

Governo Lula – A situação atual é completamente diferente do período em que o Brasil foi governado por Lula, quando as políticas econômicas e sociais colocaram o pobre no centro do orçamento no Brasil promovendo o desenvolvimento. Enquanto atualmente a cesta básica já ultrapassou R$ 700 no Brasil, em 2011 o valor médio calculado pelo Dieese era de R$ 266,97. Reajustado pela inflação, o valor seria de R$ 478.

Outra diferença é que enquanto nos governos de Lula e do PT a política de valorização do salário mínimo foi um dos pilares das políticas sociais, um dos fatores responsáveis por manter a economia aquecida, na gestão de Bolsonaro não houve nenhum aumento real do salário mínimo. Neste ano, com o valor do salário mínimo, o brasileiro consegue comprar apenas 1,57 cestas básicas. Essa proporção é muito inferior às dos governos do PT, quando, por exemplo, em 2010, era possível adquirir 2,31 cestas com um salário mínimo. Já no ano de 2014, se comprava 2,58 cestas.


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