Além de fazer os brasileiros tirarem os casacos do armário, a onda de frio que atinge o país também vai obrigar a população a colocar as mãos nos bolsos – só que não para esquentar. Não é diferente em Vitória da Conquista.
As baixas temperaturas afetam as lavouras e devem gerar mais um choque inflacionário no preço dos alimentos. Mas os efeitos dos dias de frio intenso, que devem durar até domingo (1°), ainda podem provocar impactos em cadeia sobre os preços em geral.
A maior preocupação em relação aos preços, no entanto, segue relacionada ao clima, mas não à baixa temperatura: a seca, que prejudica a produção de energia – e encarece as contas de luz.
Perdas na lavoura e comida mais cara
Como toda redução de oferta, haverá um novo impacto nos preços dos alimentos nos próximos meses. O conjunto de alimentos e bebidas teve alta acumulada de 14,09% no ano, impulsionado pelo aumento do consumo durante a fase inicial da pandemia do coronavírus.
Os alimentos responderam sozinhos por quase metade da inflação do ano, com um impacto de 2,73 pontos percentuais sobre o índice geral de 4,52% em 12 meses. Desde a virada do ano, contudo, a inflação dos alimentos perdeu parte da força que havia demonstrado. Pelo resultado do IPCA de junho, o setor acumula alta de 12,59%.
Apesar de permanecer bastante alto, o preço dos alimentos passou a ser ofuscado pelos combustíveis e energia elétrica. O grupo combustíveis e energia acumulou, em junho, 16,15% em 12 meses. Os dois itens serão os protagonistas do índice em 2021.
A seca e falta de chuvas, contudo, são ainda mais preocupantes sob a ótica da produção energética. A energia elétrica residencial sozinha já acumula 14,20% no período, sendo 5,37% só no último mês.
A crise hídrica forçou a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) a elevar a tarifa de energia ao nível máximo de cobrança ao consumidor pelo sistema de bandeiras tarifárias e ainda reajustar o teto de preço da bandeira vermelha patamar 2 em mais de 50%. E a Aneel estuda um novo aumento, para R$ 11,50 e isso pode causar uma variação média na conta de energia de mais 4,3%.
Combustíveis
No grupo dos transportes, os combustíveis subiram 0,87% em junho e acumulam alta de 43,92% nos últimos 12 meses. A gasolina subiu 42,21% no período, enquanto o etanol teve alta de 59,61%. São impactos diretos no bolso dos domicílios que dependem do deslocamento.
Por fim, o Brasil é altamente dependente do transporte rodoviário na cadeia produtiva, o que aumenta o valor do frete e também empurra preços de produtos como efeito secundário. O diesel, que abastece os caminhões, teve alta de 40,74% em 12 meses.
“Por mais que tenhamos um novo reajuste de preços pela Petrobras, entendo que o pior já aconteceu. O câmbio apreciando um pouco reduz a chance de um impacto como o do ano passado nos combustíveis”, diz o economista Fábio Romão, especialista em inflação da LCA Consultores.
“O mesmo vale para alimentos, que pode ter um impacto pontual com as geadas. A maior preocupação, realmente, é a energia e a crescente do custo de serviços no segundo semestre”, afirma. | com informações do G1.