DESTAQUE CONQUISTENSE | Cientistas são estrelas de exposição de Astrofísica em Brasília

A mostra que discute ciência e representatividade traz imagens das galáxias projetadas na cúpula do Planetário de Brasília e de painéis ilustrados e interativos sobre o trabalho e a carreira de dez cientistas negras e negros brasileiros.

A exposição tem chamado a atenção por revelar o universo da astrofísica no país, trazendo não só questões sobre como surgem as estrelas, mas também por lançar luz sobre atravessamentos sociais que até hoje impactam os acessos à ciência e à qualidade de vida.

Quem explica o que é astrofísica é a pesquisadora e uma das coordenadoras da exposição, a cientista baiana Eliade Lima.

“A astrofísica, em geral, vai estudar o universo desde sua composição maior, galáxias, a dinâmica das galáxias, até vindo para o micro. Eu trabalho com o nascimento das estrelas, eu verifico regiões onde as estrelas se formam para perceber, tentar compreender o que engatilha o nascimento das estrelas.”

A paixão de Eliade pela astrofísica começou ainda criança, quando ela passava as férias no quintal da avó, e ficava horas admirando o brilho dos corpos celestes na escuridão do céu do interior de Vitória da Conquista, na Bahia.

Hoje, aos 41 anos, ela é professora de astrofísica da Universidade Federal do Pampa, em Uruguaiana, lá na fronteira do Rio Grande do Sul com a Argentina. Até se tornar uma pós-doutora em nascimentos de estrelas, Eliade conta que, assim como ela, outras astrofísicas precisaram atravessar muitos preconceitos de raça e gênero até se tornarem referências como cientistas negras a astrofísica brasileira.

Assim como Eliade, a astrofísica Dinalda Sales é uma das dez personagens negras da astrofísica brasileira na exposição, especialista na formação da vida nas galáxias a cinco bilhões de anos atrás. Dinalda cresceu querendo saber mais dos mistérios celestes que brilhavam na imensidão quando a noite chegava no interior de Barras, município do Piauí.

Graduada em Matemática, mestra em Física e Astronomia, ela foi bolsista, durante o pós-doutorado, na NASA, nos Estados Unidos. Para a Dinalda, políticas públicas na educação são fundamentais para incentivar que as novas gerações de estudantes saibam que é possível ser uma cientista negra em nosso país.

“E a gente quer mostrar um exemplo, né, que é possível. A gente quer efetivamente ser uma alavanca e conseguir construir empatia no momento que a outra pessoa também consegue se encontrar naquele lugar. A gente quer ser âncora para outras gerações se transformar em representatividade do possível.”

A exposição fica em cartaz até do dia 28 de dezembro, com entrada gratuita. Os ouvintes também têm a oportunidade de conferir a exposição virtual pelo site astrofisicacorposnegros.com.br


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