CULTURA | Campanha para produção do filme SPD 190 busca adesão de deputados


A proposta de realização do filme documentário SPD 190 anos – que vai relatar a história da mais antiga associação civil negra das Américas, a Sociedade Protetora dos Desvalidos – foi apresentada aos deputados Waldenor e Pereira (federal) e Zé Raimundo (estadual). De imediato eles aderiram à campanha em prol da arrecadação de recursos para financiar a película longa-metragem, inclusive com a possibilidade de destinar emenda parlamentar, e se comprometeram a participar da movimentação política para prestar homenagens oficiais à instituição na Câmara dos Deputados e Assembleia Legislativa da Bahia.

Os deputados manifestaram o apoio quando receberam, na segunda-feira (30), a visita do grupo que apresentou a programação, composto pela presidente da instituição Regina Célia Rocha, o cineasta Antonio Olavo, o historiador Sérgio Guerra, e o filósofo e fundador do Movimento Negro unificado, Raimundo Bujão.

“Estamos aderindo de imediato a essa iniciativa, que deve contribuir para o resgate da história desta instituição, lembrando as lutas dos africanos e a luta contra a escravidão. É uma entidade rica de história, de tradição do povo negro”, disse Zé Raimundo, que também é historiador.

Waldenor Pereira também declarou a sua adesão à iniciativa e comentou sobre a atuação do seu mandato, em parceria com Zé Raimundo, no apoio a projetos culturais, como as gincanas culturais nas escolas, festivais musicais e a realização de feiras literárias no interior a exemplo da Fligê – Feira Literária de Mucugê, que vai para a sua 5ª edição em agosto próximo, e de outros municípios.

“Teremos grande satisfação de apoiar a realização desse filme, inclusive com recursos de emendas nossas, se não houver entrave burocrático, tendo em vista que o prazo para o lançamento, ainda esse ano (previsto para 12 de dezembro próximo), é muito curto. Mas faremos todos os esforços”, assegurou.

O filme com o objetivo de fortalecer a memória negra da Bahia e do Brasil, como explicou Antonio Olavo, vai marcar o quase bicentenário da SPD, criada em 1832, em Salvador, por um grupo de homens negros para ajudar famílias negras em situações de extrema vulnerabilidade oriunda do regime escravocrata.

A entidade desempenhou importante papel na garantia da sobrevivência de trabalhadores e trabalhadoras, negros e negras, atuando como caixa de empréstimos e penhores, comprando cartas de alforria, apoiando na doença, na invalidez, na velhice e na garantia de um funeral digno.

Para a realização do longa-metragem que mostra a atuação do SPD, uma campanha de financiamento coletivo, tipo vaquinha virtual, está acontecendo e vai até o dia 2 de junho, no qual as pessoas podem contribuir com qualquer quantia.

Segundo o cineasta, os recursos serão utilizados nas etapas de pré-produção (de junho a julho de 2022), produção (de julho a agosto) e pós-produção (de setembro a novembro), taxas da plataforma na qual será divulgado e recompensas aos apoiadores. Também estão sendo realizados eventos para a captação de recursos, como sarau, almoço de apoio, jantar de adesão, entre outros.

O filme será dirigido pelo próprio Antonio Olavo, conceituado cineasta e pesquisador baiano, com 47 anos de experiência, especialmente, com temas ligados à valorização da memória negra. “Esse filme é de extrema importância para os dias atuais, pois mostra uma entidade que atuou de forma interrupta nestes 190 anos contribuindo com os trabalhadores/as negros. Nada mais justo registrar essa história do povo negro”, destacou Olavo.

O cineasta também ressaltou a necessidade de promover e valorizar a memória negra. “O Brasil não pode ter só as memórias do povo branco, da elite, que está nos palácios, ruas, museus, estradas, mas temos a encantadora história do povo negro, que precisa ser reconhecida no Brasil, especialmente na Bahia, estado predominantemente negro”, disse Olavo.


COMPARTILHAR